Rui Miguel Nabeiro: «Exige-se às lideranças um novo papel de entreajuda, partilha e colaboração»

«O grande desafio do futuro passa por perceber como digitalizar e automatizar as empresas, mantendo a relação humana e o sentido de comunidade como foco».

 

Por Rui Miguel Nabeiro, administrador do Grupo Nabeiro-Delta Cafés

 

«A utilização de tecnologias, que estavam ainda pouco disseminadas no tecido empresarial português desde há 10 anos para cá, conheceram nos últimos anos um desenvolvimento em tempo record. Essas tecnologias vieram abrir portas a métodos de trabalho alternativos que potenciaram a eficiência e a objectividade, através das ferramentas que nos oferecem e que tornam possível alcançar uma maior agilidade e capacidade de potenciar recursos já existentes nas nossas organizações. Acredito que esta é talvez das mudanças mais impactantes e que nos possibilitaram avanços inigualáveis, e que terão surgido para se interligarem com as nossas vidas.

Estes avanços tecnológicos contribuíram para expandir e melhorar muitos processos, mecanismos ou mesmo para optimizar a capacidade de produção, e permitiu-nos também aprofundar e aproximar relações através da comunicação, algo com grande importância para a nossa cultura.

Os canais de comunicação estão hoje cada vez mais presentes nas nossas empresas, abertos nos seus vários níveis, e permitem a comunicação directa de todos, desde a linha da frente ao CEO, facilitando desta forma a partilha de informação de forma rápida e eficaz. Algo que permite um maior foco na empatia e na confiança, que deve ser partilhada junto das equipas.

Os frutos desta aplicabilidade no nosso Grupo permitiram-nos manter uma comunicação continuada, clara e objectiva, tendo a liderança, bem como outros métodos, como catalisadores dessa mensagem, considerando sempre todos os meios de comunicação. Por exemplo, ao nível da comunicação interna, permitiu-nos o investimento numa melhor gestão de relações interpessoais, sendo possível dessa forma gerir melhor as espectativas dos nossos colaboradores, o que contribuiu para o seu bem-estar e sentimento de pertença à empresa. Para além da constante partilha de ideias e sugestões, e formulação de equipas interdisciplinares, através do nosso modelo de inovação interno – MIND, de onde já originaram vários produtos e serviços que hoje fazem parte do nosso portefólio. Ao nível da comunicação externa, foi também possível melhorar a relação entre a nossa equipa comercial, sendo possível o acompanhamento próximo de clientes e outros parceiros.

Perante o “novo mundo” que estamos agora a conhecer, fica bem sublinhada a importância e o factor decisivo que o fluxo informativo e de comunicação representam no bem-estar e na sustentabilidade das nossas vidas e empresas. A tecnologia chegou para ficar, mas isso não quer dizer que temos de nos esquecer do factor humano, o factor que verdadeiramente faz as nossas empresas serem grandes empresas, das quais no orgulhamos, que são as pessoas que nelas trabalham. Independentemente dos avanços que poderemos vir a fazer, esse vai ser o grande desafio do futuro, como digitalizar e automatizar as nossas empresas, mantendo a relação humana e o sentido de comunidade como foco.

São e continuarão a ser tempos desafiantes, em que as lideranças, bem como o resto do mundo, terão de se ajustar à nova realidade. Acredito que a resposta estará algures entre a adaptação e a colaboração, como organizações devemos ter a capacidade de trabalhar em equipa em função do bem-estar comum. Estes dois caminhos irão certamente contribuir para que criemos lideranças cada vez mais fortes e mais capacitadas, ao mesmo tempo que potenciam o sentido de entreajuda.

É neste novo papel de entreajuda, partilha e colaboração que, como sociedade, temos a oportunidade de nos fazer crescer de forma a ultrapassar barreiras futuras.

 

Este artigo faz parte do tema de capa da edição de Julho (n.º 115) da Human Resources.

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