Saiba como competir além-fronteiras. E vencer.
As empresas têm cada vez mais colaboradores de diferentes nacionalidades, fruto da globalização. Isso leva a problemas como a falta de comunicação ou os confrontos culturais, mas também há oportunidades que podem ser aproveitadas, se houver uma boa gestão.
No último relatório do The Economist, “Competir além das fronteiras”, os analistas defendem que, devido à fraqueza dos mercados locais ou às oportunidades estrangeiras, a internacionalização é um facto e coloca um novo desafio, o multiculturalismo.
As empresas assumem que precisam de ter pessoas de diferentes culturas e países, mas é a forma como lidam com essa diversidade que pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso.
Idioma vs Comunicação
A vice-presidente da Netflix da Europa, África e Médio Oriente, María Ferreras, explicou que um dos problemas da empresa é que, quando terminam cada reunião, ela faz um balanço com os participantes e parece que cada um esteve numa realidade diferente. Todos percebem inglês perfeitamente, mas para cada expressão, cada um atribui conotações diferentes, que podem transformar o encontro num sucesso ou no maior fracasso. O problema não é o idioma, mas a cultura de cada membro. A vice-presidente da Netflix comentou isso durante o seu discurso na conferência da CEOE sobre mulheres e liderança.
A comunicação adequada entre culturas “é a chave” para o sucesso financeiro, de acordo com o relatório acima citado. Prova disso é a pesquisa, baseada na resposta de mais de 700 executivos, que destaca que 51% das falhas de comunicação são atribuídas a diferenças culturais, enquanto apenas 27% são devidas a idiomas.
José Javier Romero, CIO, DPO do grupo IFA e investigador da diversidade cultural nos negócios da UNIR, explica que esse é um dos principais problemas das empresas deslocalizadas. Para ele «a linguagem é apenas um meio de transporte e, com a multiculturalidade, essa falta de entendimento pode ser um problema».
Por isso, recomenda que os líderes insistam para que a mensagem chegue bem à equipa.
Tradições diferentes, objectivos distintos
O CIO do grupo IFA destaca ainda que, além da falta de comunicação, é um risco, trabalhar com pessoas com outra visão do mundo empresarial e que isso pode criar grandes conflitos culturais. Acrescentando que a forma como são geridos pode ser decisivo para o futuro da empresa.
Um exemplo disto são as recompensas dos colaboradores. Em determinadas culturas, o dinheiro pode ser menos eficaz do que o reconhecimento profissional ou condições de trabalho e vice-versa.
Mas se uma empresa multicultural se traduz em problemas de comunicação e confrontos culturais a serem geridos, qual é o objectivo?
De acordo com José Javier Romero, há duas coisas que são vantagens objectivas. Mais culturas significa mais acesso ao talento, e para expandir uma empresa num determinado país, ter pessoas com essa cultura vai ajudar o negócio.
Por outro lado, o coach de negócios César Piqueras destaca como um activo importante, poder potenciar os aspectos mais benéficos das culturas e adaptá-los a tarefas mais específicas, além de fornecer pontos de vista diferentes.
Actualmente, a inovação no sector privado está frequentemente ligada a empresas com muita diversidade cultural. Nos Estados Unidos, de acordo com a Fundação Nacional de Políticas Americanas, 51% dos CEOs de empresas de ‘unicórnios’ (startups que atingiram mais de 1 bilião de euros em faturamento) são pessoas que não nasceram nos Estados Unidos.