Sandra Brito Pereira, Banco Montepio: Criar uma força de elite para o presente e para o futuro

Em 2019, Sandra Brito Pereira “trocou” uma indústria estável e consistente em termos de resultados – a do Retalho –, por um sector em profunda mudança – o da Banca. Mas foi precisamente isso que a atraiu no desafio. Entre as prioridades que assume está preparar as suas pessoas para serem uma «força de elite para o presente e, sobretudo, para o futuro».

 

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

A Banca é uma indústria conservadora, impelida a fazer o seu caminho de mudança para se manter competitiva. No Banco Montepio, a forte aposta na digitalização e o reforço das competências internas estão ao leme do processo de transformação, que veio ser acelerado pela pandemia, nomeadamente com a alteração do paradigma do trabalho. Sandra Brito Pereira fala à Human Resources do «projecto de reestruturação extenso e abrangente, com objectivos muito exigentes, metas e cronogramas bem definidos» em curso na área de lidera.

 

Integrou o Banco Montepio em Março de 2019, num período pré-pandemia, mas já de profunda transformação para o sector da Banca. Que transformações destacaria?
A forte aposta na digitalização dos nossos serviços e o reforço das competências internas necessárias para dar resposta ao perfil cada vez mais digital dos nossos clientes; a necessidade de fazer uma leitura atenta do mercado, que tem vindo a mudar muito com o aparecimento de novos players, como as fintechs e os bancos digitais, o que obriga a banca tradicional a prioritizar a agilidade e a simplificação de processos para que se consiga manter competitiva; e ainda destacaria o impacto crescente da dimensão do ESG [Environment, Sustainability & Governance] que, no caso do Banco Montepio, resulta já da sua história e do seu longo legado, uma vez que estes temas são intrínsecos à nossa cultura e estão no âmago da nossa instituição, fazendo parte do nosso acervo cultural, dos nossos valores e do nosso posicionamento no mercado.

 

Por exemplo, no âmbito digital, a pandemia veio acelerar ou alterar o rumo de algumas dessas transformações? Como?
A dimensão digital foi, de facto, fortemente acelerada pela pandemia, quer do ponto de vista dos clientes, quer do ponto de vista dos modelos de trabalho. Desde o início da pandemia que temos verificado a alteração do paradigma de trabalho, em que a realização de trabalho à distância, nas funções em que é possível, se veio a revelar uma aposta de sucesso, mantendo – e em alguns casos até elevando – os níveis de motivação e entrega.

Os modelos digitais têm também vindo a revelar-se como uma alternativa para manter a proximidade entre as equipas, conforme designámos internamente a nossa nova newsletter de “Juntos à distância”, mas que provou funcionar de forma eficiente e, curiosamente, fez desenvolver e emergir novas tipologias de liderança.

 

Em concreto no Banco Montepio, como está a acontecer esta mudança? Quais têm sido as prioridades de acção? A aposta na digitalização é uma das prioridades do Banco, e foi recentemente criado um Comité Tecnológico cuja missão é precisamente a de criar soluções para adequar a nossa organização aos desafios do mercado e da actividade bancária, no presente e no futuro. Na esteira deste tipo de projectos, contamos há já mais de um ano com um bot designado M.A.R.I.A. – Montepio’s Automoted Real-time Interaction –, que até já sofreu um upgrade, tendo muito recentemente mudado para uma voz mais agradável.

Por outro lado, os novos modelos de trabalho são também incontornáveis, e por isso queremos incluir na proposta de valor para os colaboradores o tema da flexibilidade e dos regimes híbridos de trabalho como uma vantagem competitiva.

A Banca vai ter de saber fazer esse caminho, sob pena de ficar em desvantagem face a outros sectores e indústrias.

 

Qual a importância que as lideranças têm assumido nesta flexibilização? Sendo que também elas têm de mudar… Os novos modelos de trabalho vieram dar um foco ainda maior à necessidade de lideranças assentes na autonomia e na responsabilização. Estas impactam positivamente na colaboração, criatividade e co-construção de soluções para problemas complexos, e são mais eficientes na geração de valor e entrega de trabalho das equipas.

A formação das nossas lideranças é uma prioridade e, recentemente, estabelecemos uma parceria com a Universidade Católica e com o ISEG para a criação de cursos dirigidos às nossas primeiras linhas e às lideranças intermédias, cujo plano passa pelas dimensões de conhecimento e adaptação ao mercado, pela inovação e design thinking, e pelo autoconhecimento e formação pessoal.

 

Quais são os principais desafios que todas estas transformações têm trazido, nomeadamente ao nível da Gestão de Pessoas?
A estratégia da Gestão de Pessoas fica beneficiada no contexto de intensa alavancagem tecnológica. Este contexto potencia a optimização de recursos e procedimentos e promove uma mentalidade mais ágil e adaptável ao contexto de constante mudança.

 

E têm sentido alguma “resistência” por parte das pessoas?
O contexto de mudança é algo que naturalmente causa apreensão, mas a aposta no envolvimento dos colaboradores e a comunicação têm contribuído para que o Banco Montepio prossiga no caminho de evolução necessário com harmonia interna.

 

O que considera ser fundamental para que estes processos de mudança, que são complexos, sejam bem-sucedidos?
Comunicação e envolvimento. Comunicação numa base contínua, de acompanhamento, para que todos os colaboradores saibam qual é a visão, o caminho e a estratégia, e quais são os passos que estão a ser tomados na prossecução dessa mudança. E envolvimento, sempre que possível, dos colaboradores na estratégia e nas decisões a serem tomadas.

 

Leia a entrevista na íntegra na edição de Janeiro (nº.133)  da Human Resources, nas bancas.

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