São estes os benefícios mais valorizados pelos colaboradores. E nem sempre estão alinhados com o que as empresas oferecem

Uma vez que a “nova normalidade” se estabeleça após a crise da COVID-19, a modalidade de trabalho 100% remota não será prolongada pela maioria das organizações. A partir desse momento, em que outras políticas e incentivos devem as empresas focar-se para manter os seus colaboradores motivados?

 

O estudo “Smart Workplaces” realizado pela consultora Robert Walters a empresas e profissionais de diferentes áreas e sectores em Portugal e Espanha, destaca os benefícios sociais mais valorizados pelos colaboradores face aos que são oferecidos pelas organizações actualmente:

 

Incentivos e políticas para favorecer a conciliação da vida profissional e familiar
As políticas de horário flexível e teletrabalho são consideradas como muito importantes para 77% e 62% dos profissionais inquiridos, o que está relativamente alinhado com os modelos de flexibilidade horária e opções de trabalho remoto oferecidos pelas empresas inquiridas (68% e 60% respectivamente).

Não obstante, existem outros incentivos para além destas medidas que, segundo os profissionais, podem contribuir para um maior equilíbrio da sua vida laboral e familiar. 32% dos profissionais consideram muito positivo que a empresa disponha de uma creche interna/externa ou ajudas económicas aos empregados com filhos. Porém, apenas uma percentagem reduzida das organizações oferece este tipo de benefício actualmente (11%).

«Para além dos benefícios habituais como carro de empresa, seguro de saúde e subsídio de alimentação, as empresas devem considerar outro tipo de soluções que ajudem os seus colaboradores a melhorar o seu bem estar e work-life balance», defende François-Pierre Puech, senior manager da Robert Walters Portugal, exemplificando: «A implementação de uma política de desconexão vai ajudar o colaborador a desfrutar e centrar-se na sua vida pessoal durante os seus períodos de férias, fins de semana ou no final do dia de trabalho.»

A política de desconexão é valorizada como muito importante para 6 em cada 10 profissionais, embora apenas 23% das empresas tenham adoptado ou considerado adoptar esta medida na sua organização: 23% aplicam esta política com o objectivo de que os seus empregados não possam ligar-se ao sistema com os seus dispositivos durante o fim de semana ou a partir de certa hora do dia durante a semana; 4% das empresas desconectam a conta de email do empregado durante as suas férias; e 8% impedem que se realizem chamadas ou se enviem emails aos seus colaboradores durante os fins de semana e/ou a partir de certa hora do dia de trabalho.

Adicionalmente, organizações a nível global têm testado ou implementado com sucesso a semana de trabalho de quatro dias em vez de cinco, tendo-se reportado um aumento da produtividade, motivação e criatividade dos empregados com esta política. De facto, 70% dos profissionais inquiridos afirmam que a possibilidade de beneficiar deste tipo de política os ajudaria a conseguir uma maior produtividade, conciliação e satisfação no trabalho. Por outro lado, apenas 10% das empresas inquiridas consideraram a possibilidade de implementar esta política.

 

Incentivos para melhorar o bem-estar e o crescimento dos colaboradores
«Para além das modalidades de trabalho flexível e das políticas de conciliação laboral e familiar, é vital que as organizações ofereçam incentivos destinados a fomentar o crescimento profissional, sentimento de pertença e bem estar dos seus colaboradores», explica François-Pierre Puech.

Quase todos (97%) dos profissionais inquiridos consideram os planos de formação e subsídio de programas de estudo como o incentivo mais importante em matéria de bem-estar. Actualmente, 46% das empresas inquiridas afirmam contar com este tipo de benefício para os seus empregados.

«As organizações deveriam apoiar dentro do possível os seus empregados sempre que estes quiserem aprender novas línguas, renovar os seus conhecimentos através de cursos ou mestrados, aumentar a sua visão do negócio e capacidades de liderança através de MBAs, e a formar-se em novas tecnologias. Através do financiamento, subsídio total ou parcial destes planos ou da criação de oportunidades de formação internas, as empresas impulsionarão o desenvolvimento dos seus melhores colaboradores, e atrairão os profissionais com maior potencial» conclui François-Pierre Puech.

Por outro lado, embora a maioria das organizações realize eventos internos com o objectivo de fomentar o trabalho em equipa e o sentimento de pertença dos seus colaboardores, seja através de almoços de equipa (44%), afterworks (20%), company days (25%) e/ou atividades de team-building (36%), apenas 19% das empresas promovem directamente um estilo de vida saudável através dos seus pacotes de benefícios.

Por último, 26% das empresas não oferecem nenhum tipo de incentivo para promover o crescimento profissional e bem estar dos seus empregados, uma percentagem bastante significativa tendo em conta a variedade de planos e actividades que os profissionais consideram relevantes para favorecer uma cultura corporativa saudável, atractiva e positiva.

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