São estes os segredos dos melhores profissionais para chegar ao sucesso

Isabel Canha e Maria Serina lançam a todos o desafio de aprender com os melhores para chegar ao sucesso. Fazem-no com o lançamento do livro “Segredos dos Melhores Profissionais” onde entrevistaram mais de 50 profissionais de diferentes áreas que aceitaram partilhar a experiência de um percurso profissional bem sucedido.

 

Por Sandra M. Pinto

A receita pode parecer simples, basta misturar talento, inteligência, trabalho, determinação, perseverança e uma enorme paixão por aquilo que se faz. Mas dá trabalho, e é exactamente esse um dos factores de sucesso mais sublinhados pelas pessoas entrevistadas pelas autoras. «Os seus ensinamentos, as experiências que partilham e os conselhos que deixam servem de inspiração e de orientação para quem quiser atingir este patamar», referem Isabel Canha e Maria Serina.

Como surgiu a ideia de escrever este livro?
Isabel Canha – Este livro é o resultado da nossa missão de inspirar as novas gerações através da experiência e do conhecimento de pessoas com mérito reconhecido. É isso que fazemos diariamente na Executiva.pt, um site de carreira para mulheres, e que também fizemos nos nossos cinco livros anteriores. O nosso papel é identificar os melhores profissionais, colocar-lhes as perguntas certas e fazer chegar as suas respostas a todos os que procuram as ferramentas para alcançar os seus sonhos e objectivos.

Qual o objectivo?
Maria Serina – O objectivo deste livro é duplo. Por um lado, reconhecer e enaltecer o talento e o mérito dos melhores profissionais. Por outro lado, quando lhes damos este palco para falar sobre o seu percurso, sobre os comportamentos, hábitos ou atitudes os conduziram à posição que ocupam, os erros que cometeram e o que aprenderam com eles permitimos que quem deseja superar-se a cada dia fique a conhecer as ferramentas e as atitudes certas para alcançar esse objectivo. Este objectivo levou a que algumas empresas se identificassem imediatamente com este projeto de pôr em evidência o talento, o trabalho e o mérito de pessoas de diferentes áreas. Foi graças ao apoio da Adecco, da Capgemini, da Galp, da McDonald’s e da Transearch que pudemos dedicar o tempo necessário a recolher os depoimentos de algumas das pessoas mais inspiradoras deste país, precisamente porque se revêm nestes princípios de valorizar os melhores e aprender com eles.

Os melhores profissionais fazem o seu talento parecer tão simples que tendemos a pensar que é magia. É mesmo assim?
Isabel Canha – Para quem vê apenas o resultado, pode parecer simples. Mas a verdade é que por detrás de um desempenho excecional, sem falhas, está muita preparação, muito estudo ou muito treino, e muito trabalho.

Como é que algumas pessoas têm sucesso mais rapidamente do que outras e mantêm sustentadamente um desempenho superior?
Maria Serina – A questão não é tanto a rapidez em atingir os objectivos, mas sim não desistir de os tentar atingir e depois disso continuar a trabalhar diariamente para manter e mesmo superar o patamar que se alcançou. Não procurámos entrevistar pessoas que tiveram sucesso rapidamente, mas sim pessoas que tenham um desempenho excecional sustentado, pois achamos que as lições que podem ser úteis a qualquer um de nós não são as fórmulas fáceis, mas sim as que garantem resultados eficazes e duradouros a pessoas de qualquer área de actividade e seja qual for a sua idade.

Então como é que algumas pessoas se tornam tão boas naquilo que fazem?
Isabel Canha – O que descobrimos nestas pessoas pode não parecer muito revolucionário, mas é o que há de comum entre elas e que explica aquilo que alcançaram. É preciso ser-se bom nalguma área, ter algum talento, e todos os dias tentar ser ainda melhor, ser-se apaixonado pelo que se faz, trabalhar arduamente e manter a motivação.

O que as motiva?
Maria Serina – Estas pessoas não acordaram um dia determinadas a ter êxito. Não estabeleceram o objectivo de serem famosas, poderosas ou ricas. Isso aconteceu como consequência do seu trabalho. O que as motiva é diferente consoante cada uma delas. Para um cientista pode ser a curiosidade ou a vontade de contribuir para a cura de uma doença; para um desportista pode ser superar-se, ser campeão; para um empreendedor social é trabalhar pro bono em prol de uma causa. A fonte de motivação é muito diversa, mas em todos os casos ela é intrínseca. É uma força interior e não um objetivo estabelecido por outros, como os pais ou os professores, embora o contexto familiar tenha um papel importante.

Qual a importância do contexto familiar?
Isabel Canha – Segundo alguns estudos, o contexto familiar pode ser determinante. Uma casa cheia de livros pode levar a que a criança goste de ler e desenvolva a s suas capacidades de escrita. Uma família que frequente concertos pode fazer despertar o gosto precoce pela música. Como ninguém escolhe a família em que nasce, o factor sorte exerce aqui uma intervenção. Um cônjuge que apoie a carreira ou o impulso empreendedor do marido ou da mulher, pode facilitar a carreira no mundo empresarial. Mas temos casos no livro que ilustram que não obstante um contexto familiar adverso ou neutro, é possível chegar onde ambicionamos.

Que ferramentas devemos usar para nos conseguirmos superar?
Maria Serina – Consideramos que há três ferramentas fundamentais: motivação (querer), trabalho e disciplina.

Que papel desempenha nesta caminhada o trabalho, a perseverança e a resiliência?
Isabel Canha – Gostando muito do que se faz, tendo uma elevada motivação, um sentido de missão ou um propósito, as dificuldades e os fracassos são encarados como obstáculos a ultrapassar, não como motivos para desistir. Dificilmente alguém suporta por muito tempo um grande volume de trabalho se não gostar muito daquilo que faz.

E a paixão, onde fica a paixão?
Maria Serina – A paixão fica no cerne de tudo. É a força motriz que impulsiona as pessoas a chegar mais além, a não desistir perante as dificuldades. “Escolhe um trabalho de que gostes e não terás de trabalhar um único dia da tua vida”, como afirmou o filósofo chinês Confúcio.

O que faz com que os nomes de Paula Rego, José Mourinho, Vhils, Marcelino Sambé, Elvira Fortunato, Joaquim de Almeida tenham há muito extravasado as nossas fronteiras?
Isabel Canha – Qualquer que seja a sua actividade, os profissionais que conseguem ter esse nível de reconhecimento internacional, têm de passar por um crivo ainda mais apertado, onde a concorrência é maior e vem de todo o mundo. São pessoas que para se distinguirem tiveram de ousar sair das nossas fronteiras e inovaram na sua área. Foram de alguma forma distintos dos outros.

O que há de comum nestes special ones?
Maria Serina – Há nos nossos entrevistados um denominador comum: uma mistura de talento, inteligência, trabalho, determinação, perseverança e uma enorme paixão por aquilo que fazem. Parece banal, mas esta combinação preciosa é invulgar. É por isso que eles se distinguem. Mas os seus ensinamentos, as experiências que partilham e os conselhos que deixam servem de inspiração e de orientação para quem quiser atingir este patamar.

Reuniram os testemunhos de 52 profissionais cujo talento é reconhecido pelos seus pares e também fora das suas áreas de actividade. Como procederam a esta selecção?
Isabel Canha – Começámos por escolher pessoas notáveis nas suas áreas. Os melhores profissionais são reconhecidos internacionalmente, como a pintora Paula Rego, o actor Joaquim de Almeida, o escritor José Rodrigues dos Santos ou o treinador de futebol José Mourinho. Foram pioneiros nas suas áreas como o pai do rock português, (Rui Veloso), o primeiro português a escalar os Himalaias (João Garcia) ou a primeira mulher a liderar uma grande consultora em Portugal (Cristina Rodrigues). São pessoas muito competentes e reconhecidas pelos seus pares, como os cientistas Elvira Fortunato, Octávio Mateus, Maria Manuel Mota ou Carmo Fonseca, o premiado publicitário Hugo Veiga ou os chefs Avillez e Ljubomir, para citar apenas alguns nomes.
Na seleção procurámos ainda ter pessoas de diferentes áreas: cientistas, músicos, gestores, humoristas, empreendedores, artistas, académicos, desportistas, jornalistas, escritores, bloggers e chefs de cozinha. Desta forma os seus conselhos e as experiências são mais variadas e têm maior aplicabilidade. É difícil alguém ler este livro e não se identificar com uma destas actividades. Quisemos ter uma representação equilibrada de géneros, ter pessoas consagradas, mais seniores, como a coreógrafa Olga Roriz, e pessoas mais jovens, como o bailarino Marcelino Sambé. Procurámos sempre a diversidade. Por exemplo, ter empreendedores como Daniela Braga cuja empresa está entre as 30 tecnológicas que mais crescem, e empreendedores sociais como Isabel Jonet ou Alexandra Machado.
Foi fácil chegar a 52 pessoas, difícil foi deixar de fora alguns outros que também poderiam estar nesta lista. É sempre difícil escolher.

Será o talento determinante para o sucesso?
Maria Serina – Os melhores profissionais são inteligentes e têm diferentes talentos. Mas em cima disso construíram uma carreira de sucesso ou atingiram feitos notáveis porque trabalharam muito e, porque adoram aquilo que fazem, não desistiram de tentar sempre ir mais além.

E a sorte, será ela um factor a ter em conta?
Isabel Canha – Muitas pessoas que consideramos bem-sucedidas explicam o seu êxito dizendo: a sorte dá muito trabalho. Porque se não estivessem preparados, se não agarrassem a oportunidade que lhes bateu à porta, diriam que tiveram azar.
Das entrevistas percebe-se que, em regra, estas pessoas não têm mais sorte do que cada um de nós. O que acontece é que elas criam oportunidades e aproveitam-nas. Muitas vezes saem da sua zona de conforto.
Mas é claro que há acontecimentos fortuitos que podem mudar uma vida. Por exemplo, a cientista Maria Manuel Mota conta o exemplo de uma conversa de elevador que mudou a sua vida.

Mas afinal, o que é o sucesso? É ter dinheiro, fama, estatuto social e profissional? É sentir-se realizado? É ser feliz?
Maria Serina – Muitas das pessoas que entrevistamos para este livro recusam a ideia de que têm êxito. Alguns fazem mesmo questão de explicar isso na sua reposta. Outros devolviam-nos a pergunta: o que é, afinal, uma pessoa bem-sucedida? A verdade é que a definição de sucesso não é universal. Varia consoante as pessoas, as suas circunstâncias, os seus sonhos ou as suas ambições, por exemplo.

Comummente identifica-se ter sucesso a ter poder, dinheiro, fama, estatuto social e profissional. Mas para a maioria dos nossos entrevistados, o sucesso é sentirem-se bem consigo próprios. E o sucesso não é um objectivo. É o resultado de tudo aquilo que acima dissemos.

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