Sara Silva, L’Oréal: Tudo começa pelo sentimento de pertença

Se a marca comercial dispensa apresentações, a marca de empregador da L’Oréal também não deixa os créditos por mãos alheias. As mãos são as das suas pessoas. São elas que são e dão o testemunho real da proposta de valor da gigante de beleza; são «narradores do orgulho de pertencer a esta casa», afirma Sara Silva.

 

Por Ana Leonor Martins | Fotos Nuno Carrancho

 

Sara Silva está na L’Oréal há mais de 20 anos. Foram os valores e as pessoas que a cativaram, e isso não mudou. Mas o mundo do trabalho sim. Acredita que o que os diferencia enquanto empregador são, precisamente, «as pessoas e quatro forças únicas: crescimento, diversidade, espírito empreendedor e o propósito “Criar a beleza que faz avançar o mundo” ». E os colaboradores reconhecem-no – são os melhores embaixadores da L’Oréal –, mas a directora de Relações Humanas sabe que, para os jovens que agora começam a sua vida profissional, a forma como vêem as empresas é muito diferente do que há duas décadas. Diferentes (e mais complexos) são também os desafios na Gestão de Pessoas que – não tem dúvidas – têm impacto directo no negócio. Por isso, «envolver colaboradores, uni-los e dar- -lhes o empowerment e a motivação certos para caminharem lado a lado com a organização», é prioridade.

 

Assumiu a função de directora de Relações Humanas na L’Oréal em Julho do ano passado. Antes de mais, tenho uma curiosidade, porquê a mudança de designação? Antes era direcção de Recursos Humanos…
Apesar de não ser nova na L´Oréal, esta designação é mais pertinente do que nunca. Mais do que recursos, acreditamos que a nossa principal missão é gerir relações.

A L´Oréal tem como visão criar uma cultura centrada nas pessoas, uma cultura inclusiva, inovadora e inspiradora para inventar o futuro da beleza. Os recursos podem ser ilimitados neste sentido, mas se não nos focarmos nas relações entre pessoas, ficaremos certamente mais longe da nossa ambição.

 

Já trabalhava estas matérias de aquisição de talento, diversidade, igualdade, inclusão… mas agora a abrangência é maior. E, por volta da mesma altura em que assumiu as novas funções, a L’Oréal criou um cluster ibérico, com sede em Madrid. Que impacto prático isso veio trazer, nomeadamente na sua função e na gestão de Relações Humanas, agora em Portugal e Espanha?
Na prática, ocupo o cargo de directora de Relações Humanas da L’Oréal em Portugal, inserido num Comité de Relações Humanas mais alargado, que gere os dois países. O cluster com sede em Madrid permite uma maior especialização da equipa em áreas como Compensação & Benefícios, Learning & Culture ou Talent Management, que até então, em Portugal, eram asseguradas on top por funções mais generalistas, como HR Business Partners.

Desta forma, a equipa em Portugal consegue dedicar-se a um trabalho de maior proximidade com os colaboradores e stakeholders locais.

 

E como é que as pessoas encararam esta “novidade”? Foi noticiado que iria haver saída de trabalhadores da filial nacional. Isso chegou a acontecer? Como foi gerido o tema internamente?
Mais de 90% dos colaboradores tiveram uma proposta para ficar nesta nova organização, em Portugal ou reforçando a nossa equipa de talentos portugueses pelo mundo. Em Janeiro de 2022, 50 colaboradores transitaram de Portugal para funções a partir dos escritórios de Madrid em equipas do cluster. Cá, permaneceu uma equipa de 300 colaboradores para impulsionar a estratégia de consumer e client centricity no País e promover uma maior proximidade local com clientes, parceiros e consumidores.

O cluster oferece não só aos actuais, como aos futuros colaboradores, uma experiência intercultural mais rica, percursos de carreira mais atractivos e oportunidades de desenvolvimento para as equipas, bem como maiores responsabilidades em muitas funções.

Reforço também que continuamos a recrutar em Portugal e vamos continuar a ser uma verdadeira “escola de talentos” e impulsionar a aprendizagem e o desenvolvimento pessoal de jovens, através da experiência de trabalho prática e da participação em workshops, conferências e inúmeros projectos e iniciativas transversais.

 

Quais foram os primeiros ou principais desafios, quando assumiu as novas funções?
Posso dizer que tivemos dois grandes desafios: um relacionado com a criação de uma equipa única, integrando colaboradores e culturas de dois países distintos, e outro mais relacionado com a uniformização de processos, num ano de grandes transformações internas e do negócio.

 

O que definiu como prioridades de actuação?
Temos estado focados em três grandes prioridades: a saúde e o bem-estar, físico e mental, dos colaboradores, sendo que, além de um alinhamento de cluster do programa de benefícios Share & Care, inaugurámos em Setembro novos escritórios, pensados para uma melhoria na produtividade e conforto dos colaboradores; promover uma maior conexão entre managers e equipas, para reforçar o sentimento de orgulho e pertença; e a já referida simplificação de processos. Não posso deixar de destacar que o cluster Portugal e Espanha foi piloto para a implementação do mais importante projecto de transformação da L’Oréal no mundo neste âmbito.

 

Quais são actualmente os principais desafios na Gestão de Pessoas?
Continuamos focados em construir a equipa mais inclusiva, empenhada e produtiva. Num contexto cada vez mais volátil e de permanente inovação, uma cultura corporativa forte, baseada na transparência, diversidade, equidade, flexibilidade e inovação, é uma vantagem competitiva.

Temos de estar permanentemente atentos às tendências, e até criá-las, mas colocando sempre cada uma das nossas pessoas no centro das decisões –a nossa visão people-centric. É por isso importante escutá-las em todos os momentos, para que seja uma “história” partilhada e co-construída.

 

Qual a importância que estes temas assumem nos objectivos do negócio?
A gestão de relações humanas é cada vez mais estratégica para as empresas. Não são apenas o departamento que contrata e que dá formação, são fundamentais para manter a agilidade e a produtividade dos colaboradores, o que se traduz em competitividade da empresa e, logo, tem impacto no negócio. Premente na L’Oréal é conseguirmos envolver os nossos colaboradores, uni-los e dar-lhes o empowerment e a motivação certos para caminharem lado a lado com a organização e garantir o seu desempenho. Tudo isto resulta numa equipa da L’Oréal em Portugal mais forte, alinhada e focada.

 

Leia o artigo na íntegra na edição de Janeiro (nº.145)  da Human Resources, nas bancas.

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