Seis tendências que vão marcar sector do Retalho no próximo ano (uma delas é regatear)

Tendo em conta o contexto macroeconómico actual e a alteração dos hábitos de consumo que se têm vindo a reforçar nos últimos meses, a CI&T apresenta as seis tendências que antecipa para o sector do retalho em 2023.

 

1. Apostar nas pré-encomendas para lidar com o excesso de inventário
Agora que a crise da cadeia de abastecimento começa a acalmar, os retalhistas deparam-se com excessos de inventário que, por sua vez, se traduzem em custos adicionais de armazenamento. Juntando as pressões inflaccionistas à equação, vêem-se cada vez mais limitados para conseguir escoar stocks. Fazer promoções para diminuir o inventário antigo é uma táctica sobejamente conhecida, mas a verdade é que reduzir os preços não é sustentável a longo prazo, sobretudo em período de recessão.

Assim, no próximo ano vamos ver mais comerciantes a recorrer às pré-encomendas para gerir melhor o inventário. Esta alternativa é extremamente rentável, uma vez que permite avaliar o interesse num produto de forma antecipada, até mesmo antes do início da produção. As pré-encomendas têm vindo a ganhar maior aceitação e adesão em vários países, e as vantagens estão à vista – especialmente para os retalhistas mais pequenos –, uma vez que cortar custos de produção e armazenamento pode fazer uma enorme diferença nas margens de lucro.

 

2. Regatear será palavra de ordem
O novo ano será um autêntico “mercado de regateio”, com os comerciantes a procurar novas formas de competir em termos de preços. Veremos uma maior adopção de ferramentas de negociação de preços entre consumidores e chatbots, em que se oferece um preço diferente a cada cliente, personalizado de acordo com as suas capacidades de negociação. Com o tempo, as inconsistências para o retalhista acabam por suavizar-se, para que este não fique a perder.

Esta inovação será um grande passo para as marcas. Num mercado instável, os modelos tradicionais de previsão da procura já não são tão eficazes como antes, pelo que os preços dinâmicos e individualizados têm enorme potencial – desde que as empresas sejam transparentes com os seus clientes sobre como ou quando podem obter o melhor preço. Os retalhistas podem até partilhar com maior abertura o número de unidades dos artigos que estão disponíveis no momento, para que os consumidores possam tomar decisões de compra mais informadas.

 

3. De volta aos básicos
Com a crescente inflação, em 2023 os consumidores vão evitar cada vez mais gastos desnecessários e despesas excessivas. Os consumidores estão a eliminar custos onde podem, cancelando subscrições e optando pelos comerciantes com melhores promoções. Para responder a isto, as marcas terão de dar mais ênfase aos produtos básicos para atrair consumidores.

As lojas de roupa que praticam preços médios, por exemplo, vão possivelmente introduzir ofertas mais simplistas e centrar-se em peças essenciais, em vez de tendências que se tornam rapidamente obsoletas. Para além disso, será preciso ter em conta que os consumidores já estão a questionar o valor da fast fashion e a optar cada vez mais por marcas mais sustentáveis e duradouras.

 

4. As compras presenciais ganham impulso
Os consumidores podem estar a cortar nos gastos, mas a alegria de fazer compras de forma presencial não se perdeu. Após a explosão do e-commerce durante a pandemia, em 2023 vamos assistir a um reganhar de importância das compras físicas, à medida que as marcas procuram formas de atrair os consumidores que vão para além do preço.

Assim, há uma enorme oportunidade para as marcas se destacarem através da criação de ambientes de loja de que as pessoas possam realmente desfrutar, mesmo que não tenham um grande orçamento – afinal de contas, a experiência de ver montras é gratuita. Entre o aumento dos preços e das contas de energia, a simples entrada dos clientes nas lojas deve ser vista como uma grande vitória no ano que se aproxima, e vai desempenhar um papel fundamental para criar e reforçar lealdade às marcas a longo prazo.

 

5. A inovação dá lugar ao pragmatismo
Nos últimos tempos, a inovação na área da experiência do cliente (CX) no retalho foi posta de parte, enquanto os comerciantes se focavam em investimentos fundamentais e reduzir custos. Em 2023 voltará a receber atenção, mas de forma muito pragmática, com foco no apoio ao cliente – por exemplo, para os equipar com as ferramentas certas para sentirem que estão a tomar decisões de compra inteligentes e a obter o melhor preço possível.

Os dados dos clientes vão continuar a desempenhar um papel importante na criação de ofertas mais eficientes e personalizadas, mas também se registará um maior foco nos dados tradicionais de inventário, incluindo os produtos que precisam de ser movimentados e a que preços.

 

6. Reimaginar a fast fashion
Finalmente, no próximo ano também veremos uma maior utilização de serviços de aluguer, ao ponto de se poderem até tornar a norma. Não são apenas uma opção mais sustentável e rentável para os clientes, como também permitem às empresas recolher dados a que de outra forma não conseguiriam aceder. O aluguer também reduz o desperdício e permite, potencialmente, duplicar os lucros de um mesmo artigo.

Isto poderá levar a uma reimaginação da fast fashion: se os clientes alugarem mais, os retalhistas poderão construir uma imagem forte daquilo de que as pessoas gostam e não gostam, para se manterem a par da mudança de tendências. É também outra boa solução para a gestão de inventário – com uma maior rotação do stock, não precisam de adicionar constantemente novos artigos, o que os ajuda a reduzir as despesas gerais. Por outro lado, significa que as marcas não têm de se preocupar com fazer grandes promoções: os preços podem permanecer os mesmos de mês para mês.

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