Conceição Zagalo, empreendedora social: «Sejamos capazes de dizer o que fazemos e fazer o que dizemos»

Conceição Zagalo, empreendedora Social, faz notar que «o modelo de trabalho vai mudar. Que não se escamoteie. Este mesmo conjunto de questões colocadas ao mesmíssimo painel de respondentes num futuro próximo resultaria seguramente num traçado diferente». Leia a sua análise aos resultados do XXXVIII Barómetro Human Resources.

 

«Da análise dos resultados deste barómetro, infere-se a incerteza que paira no ar a propósito do caminho a seguir no que toca a decisões firmes sobre o modelo de trabalho a adoptar. Olhamos esmiuçadamente para as respostas a cada uma das questões levantadas e constatamos posições nem sempre congruentes com a sua globalidade.

A título de exemplo, se é verdade que os colaboradores manifestam entusiasmo e motivação na possibilidade de regresso ao trabalho presencial, ou perante a possibilidade de terem mais dias de trabalho presencial, que nalguns casos pode até assumir um carácter de obrigatoriedade, é de estranhar que numa significativa maioria o painel de respondentes aponte para uma preponderância na preferência dos trabalhadores pelos modelos híbridos com maior número de dias de trabalho remoto. Outros comentários fizesse sobre as demais questões em análise mais seriam as razões para partilhar o quanto sinto que vivemos, como nunca, tempos paradoxais de impacto imprevisível na economia, na sociedade, na governança das organizações.

Cabe-nos olhar com seriedade, rigor e grande causalidade para o framework ESG [ambiente, social e governança empresarial] da Sustentabilidade, em que o S aponta cada vez mais para a solução de algumas das inconsistências nas respostas deste barómetro. Capacitação digital, upskilling e reskilling, intergeracionalidade, saúde mental, direitos humanos, futuro do trabalho, são alguns dos tantos aspectos na equação empresarial onde decisores, investidores, colaboradores e consumidores assumem enorme co-responsabilidade na criação de valor capaz de assegurar o futuro.

O modelo de trabalho vai mudar. Que não se escamoteie. Este mesmo conjunto de questões colocadas ao mesmíssimo painel de respondentes num futuro próximo resultaria seguramente num traçado diferente. Atentemos, pois, à necessidade de cumprir os objectivos de desenvolvimento sustentável definidos na Agenda 2030 das Nações Unidas, arregacemos as mangas, sejamos capazes de dizer o que fazemos e fazer o que dizemos e então sim, poderemos cantar vitória e, também enquanto líderes responsáveis, gerir na certeza de que não pomos em risco as gerações futuras.»

 

Este testemunho foi publicado na edição de Outubro (nº. 130) da Human Resources, no âmbito da XXXVII edição do seu Barómetro.

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