SGS Academy: Valorização das competências e a sustentabilidade das organizações

A transformação das equipas e a potenciação das competências passa, obrigatoriamente, pela formação. É necessário que as organizações avaliem as competências que têm e aquelas de que precisam, olhando para o talento com uma perspectiva de acompanhamento das necessidades do negócio a longo prazo.

 

A pandemia gerou uma mudança social, empresarial e económica, tornando imperativo que as organizações façam uma avaliação interna das suas competências, globais e individuais, e se reposicionem no mercado para conseguir combater a forte disrupção gerada na grande maioria dos sectores de actividade. Este reposicionamento das organizações depende, inevitavelmente, da valorização das competências para dar resposta aos desafios impostos pela nova realidade, pela sociedade e pelo próprio sector em que se inserem.

No último ano e meio, os negócios mudaram radicalmente sem que houvesse uma preparação prévia das organizações para dar resposta a essas mudanças repentinas. Assim, é necessário que as organizações avaliem as suas competências e que listem um conjunto de novas práticas que devem ser implementadas ao longo de toda a sua estrutura para que, no futuro, seja possível dar resposta a estas mudanças de forma mais imediata e eficiente.

Na maioria dos casos, o grande entrave a todo este processo de transformação é gerado pela incapacidade das organizações de olhar para si próprias e de avaliar e gerir correctamente as competências que detém dentro da sua estrutura. Esta avaliação torna-se ainda mais difícil em organizações de menor dimensão, especialmente no que se refere ao mercado de captação e retenção de talento.

É essencial olhar para o mercado de talento como um mercado global, mais alargado e mais exigente, sendo necessário flexibilizar o mundo empresarial, para que as organizações consigam tirar vantagens dos desafios impostos pela crise sanitária, com equipas motivadas, dedicadas e com competências multidisciplinares. A nova geração de profissionais procura organizações que partilhem a mesma visão, os mesmos valores, o mesmo propósito e a mesma missão, e que estas sejam vividas no dia-a-dia da organização, privilegiando o sentimento de pertença e o facto de se sentirem como parte integrante. Uma das estratégias para consegui-lo é através do desenvolvimento de uma liderança de futuro alinhada com as necessidades do futuro, que conduza de forma eficiente esta transformação cultural das organizações.

Há uma clara mudança no mercado de talento e a cultura organizacional das empresas é cada vez mais decisiva no processo de atracção e fixação de talento. A capacidade das organizações para atrair e reter talento vai muito além da implementação de planos de Recursos Humanos a curto ou médio prazo. É necessário olhar para o talento com uma perspectiva de acompanhamento das necessidades do negócio a longo prazo. Para além disso, a competitividade no mercado de talento é agora à escala global, já que, devido a possibilidade de trabalho remoto, é possível trabalhar em qualquer empresa, em qualquer parte do mundo, sem ser necessária uma deslocalização.

As empresas competem agora com o mundo, sendo também para o mundo que devem projectar os seus planos de negócio, os seus serviços e a sua capacidade de atracção de talento. Portugal é um país muito competitivo do ponto das soft skills, do know-how técnico e do domínio das línguas estrangeiras, sendo exemplo disso o elevado número de empresas internacionais que se têm vindo a fixar no país nos últimos anos. No entanto, Portugal não tem capacidade de competir com outros mercados em termos de oferta salarial, sendo necessário que as empresas apostem no employer branding como aposta de valor, para que as suas organizações se tornem mais atractivas para o mercado de talento.

Esta transformação das equipas e a potenciação das competências passa, obrigatoriamente, pela formação e pela digitalização dos processos de formação, que permite dar resposta às necessidades das organizações de forma igualmente eficiente, sendo possível abranger novas áreas de formação, em qualquer momento e em qualquer lugar. As transformações nos negócios têm ciclos cada vez mais curtos e a formação deve ser recorrente, dirigida e de curta direcção, dotando os colaboradores das competências necessárias para se adaptarem facilmente a todos os cenários de mudança e para dar resposta às necessidades do sector. Para isso é necessário desenvolver a flexibilização e a autonomia de todos os elementos da organização, sendo cada vez mais valorizada a ambivalência de competências e a cruzamento de várias faixas etárias com várias experiências. Devem ser percepcionados como é que as competências individuais, de cada um dos elementos da organização, podem evoluir para agregar mais valor a organização.

Para avançar com esta valorização das competências é necessário elaborar um plano a longo prazo que, por um lado, reconverta as pessoas e invista nelas como activos fundamentais para o sucesso das organizações, e, por outro lado, preveja como os negócios vão evoluir e antecipar que competências serão valorizadas no futuro. As competências globais de uma organização dependem do seu capital humano e das competências individuais de cada elemento que a compõe e a sua transformação tem de ser acompanhada por políticas de responsabilidade social.

Este é o momento ideal para as empresas se posicionarem junto da sociedade e de afirmarem o seu compromisso, deixando claro qual o contributo que querem deixar na sociedade. O sucesso das organizações reside nos seus valores e na sua cultura corporativa como diferencial, representando uma oportunidade de desenvolvimento e de crescimento para as pessoas e, consequentemente, para as próprias organizações.

 

Este artigo faz parte do Caderno Especial “Academias de Formação” na edição de Março (n.º 135) da Human Resources nas bancas.

Caso prefira comprar online, tem disponível a versão em papel e a versão digital.

Ler Mais