«Só sabemos… que nada sabemos», afirma Ricardo Nunes, da Novabase

Ricardo Nunes, director de Pessoas e Organização na Novabase, faz notar que «vamos estar todos no mesmo ponto de partida para o futuro. Só sabemos que nada sabemos sobre o que aí vem, mas podemos contribuir e, em união, delinearmos uma sociedade muito melhor do que aquela que existia». Leia a sua análise aos resultados do XXX Barómetro Human Resources.

 

«No dia 31 de Dezembro de 2019, quando soaram as badaladas da meia-noite, em todo o mundo foi desejado amor, saúde, dinheiro e outros para 2020. No entanto, se alguém no dia seguinte à última passagem de ano projectasse o que estamos a viver hoje, seguramente pensaríamos estar perante um novo “filme catástrofe”, ou, simplesmente, perante a visão absurda de um lunático. Desde que estou confinado e a trabalhar a partir de casa (seis semanas), tenho assistido a vários webcast sobre os possíveis impactos da pandemia. Como actuar, consequências, mudanças, o futuro, entre outros. Obviamente que são teorias, mas, mais do nunca, são todas, e agora ainda mais, falíveis. Nunca o mundo viveu uma situação assim e, por isso, prever o futuro, mesmo para os mais racionais, é uma tarefa impossível. Há, no entanto, algumas características que esta crise tem evidenciado. O mundo tem conhecido exemplos de grande resiliência, coragem, altruísmo e responsabilidade vindos do ser humano. Temos casos nos quatro cantos do planeta de classes profissionais que se dedicam a combater e ajudar outros sem medo. Populações que obedecem ordeiramente às ordens de confinamento, governos que disponibilizam milhões para ajudar populações e comunidade, empresas que passam a trabalhar só remotamente, ou outras que convertem o negócio para sobreviver, ou simplesmente para ajudar a combater a pandemia. Claro que tudo isto não apaga o lado negro nem a devastação que esta pandemia vai deixar, mas o mais importante é conseguir olhar, mesmo com incerteza, para o lado positivo que vai chegar depois disto. Aquele que vai mostrar a parte melhor do ser humano que, depois de privado da sua liberdade e de ter vivido tão perto da morte e do medo, anseia agora poder ter um “novo normal”. Uma coisa é muito clara: vamos estar todos no mesmo ponto de partida para o futuro. Só sabemos que nada sabemos sobre o que aí vem, mas podemos contribuir e, em união, delinearmos uma sociedade muito melhor do que aquela que existia. Na verdade, o mundo já mudou… a questão é se estaremos preparados para mudar com ele.»

Este testemunho foi publicado na edição de Maio da Human Resources, no âmbito da XXX edição do seu Barómetro.