Social washing e cosmética salarial. Ou a tendência dos valores make-up
Nos últimos anos, uma nova expressão entrou no nosso vocabulário: Greenwashing. Derivada da combinação das palavras “verde” e “branqueamento”, pretende “dar corpo” a uma prática em que empresas tentam criar uma imagem de responsabilidade ambiental, sustentabilidade ou consciência ecológica, mesmo que as suas acções reais não estejam alinhadas com tais valores.
Por Bruno Ribeiro, director do Departamento de RH Grupo MSTN
As organizações estão cada vez mais propensas a “vender” valores e padrões de comportamento que não reflectem a sua verdadeira natureza. Especialmente preocupante é a prática do social washing, onde alegadas acções de responsabilidade social são distorcidas ou exageradas, não passando, na sua grande maioria, de requisitos legais ou cumprimento de quotas.
A cosmética salarial é também uma tendência muito em voga. As empresas anunciam aumentos salariais e benefícios que, na verdade, e na sua grande maioria, correspondem a arranjos superficiais para responder a obrigações mínimas e legais.
Estas tácticas de cosmética salarial podem trazer benefícios a curto prazo, como uma boa reputação ou atracção de clientes e talentos, mas a longo prazo têm consequências desastrosas. Os colaboradores não esquecem os meios questionáveis pelos quais os objectivos foram alcançados.
Embora o resultado seja importante, o caminho para lá chegar é fundamental. A publicidade de valores que não corresponde à realidade mina a confiança dos colaboradores na empresa e afecta negativamente o seu bem-estar. As pessoas procuram autenticidade no ambiente de trabalho, preferindo um contexto imperfeito, mas genuíno, a serem meros personagens num filme que não reflecte sua realidade.
Quando os valores anunciados não são vivenciados na prática, a identidade profissional dos colaboradores é comprometida. A maioria das pessoas vive a vida com sentido e valores éticos, almejando a mesma congruência no seu ambiente profissional e, quando isso falta, é profundamente prejudicial.
Portanto, é essencial que as empresas abandonem as práticas de “make-up” e adoptem uma abordagem autêntica e transparente. A integridade empresarial é vital não apenas para a reputação da empresa, mas também para o bem-estar e a satisfação dos seus colaboradores. Os valores genuínos são a base de uma cultura empresarial sustentável e ética.