Sofre de ansiedade financeira? Siga estes seis conselhos para gerir melhor o tema (emocionalmente e também na carteira)

A ansiedade financeira pode chegar a todos, mas actualmente os jovens parecem estar mais suscetíveis a sofrer desta condição, já que as perspectivas de futuro são cada vez menores num ambiente de crise. A psicóloga e vice-presidente da Ordem dos Psicólogos (OP), Sofia Ramalho, partilhou seis dicas para ajudar a lidar com a ansiedade financeira.

 

1. Não ter receio de falar sobre as finanças pessoais
Para a psicóloga, uma das principais dicas, para jovens e não só, reside no diálogo. É importante «falar sobre esta ansiedade, sobre o que estão a sentir, conversar com outros jovens que estão na mesma situação, com os pais e familiares».

O diálogo vai ajudar a contextualizar, sobretudo porque a crise actual não é do indivíduo, mas sim de toda a população portuguesa e até mundial, e assim o jovem vai «perceber que há outras pessoas que passam pela mesma situação.»

Além do mais, falando entre jovens, pode ser um ponto de partida para a troca de ideias e possíveis soluções para o problema, nomeadamente «na procura de oportunidades de emprego, em formas de gestão pessoal das suas finanças, conversando sobre os valores que têm para gerir e encontrar até trabalhos temporários».

 

2. Fazer um plano
Quer seja em família ou a nível pessoal, a psicóloga Sofia Ramalho considera útil haver um «plano de previsão do orçamento familiar face ao que são as perspectivas do jovem para estudar e trabalhar».

O objectivo é prever «quanto tempo vai demorar a adquirir a sua autonomia». Mesmo que possa ser frustrante no início, «vai dar uma perspectiva de futuro. Ainda que seja um pouco mais adiada, é um adiamento que ainda assim pode ser planificado».

 

3. Mudar o nosso pensamento
De acordo com o documento feito pela OP durante a pandemia, é importante tentarmos redireccionar os nossos pensamentos em algumas vertentes, nomeadamente a nível de necessidades, expectativas e até perspectivas.

Mais precisamente, a OP aconselha a ver a situação de várias perspectivas diferentes, nomeadamente não focar no momento mau actual, mas sim no facto de as crises, historicamente, acabarem por passar. Adicionalmente, é importante redefinir as necessidades de consumo.

Um ponto que pode ser fulcral numa época dominada pelas redes sociais, seja a nível de dinheiro ou não é a comparação, ou neste caso, a importância de deixarmos de nos comparar com quem tem mais que nós. «As nossas redes sociais estão cheias de manifestações de aparente “riqueza” – carros, casas, viagens, objectos. E nós temos tendência a compararmo-nos com a altura em que tivemos rendimentos mais elevados ou com pessoas que percepcionamos como tendo mais dinheiro do que nós. Esta comparação pode causar ansiedade. E talvez possa ser mais útil compararmo-nos a alguém que tem menos do que nós e perguntarmo-nos como farão essas pessoas para lidar com as dificuldades e ter uma vida com significado», lê-se no documento da OP.

 

4. Imaginar o cenário possível
Se, por um lado, é necessário ser mais optimista, por outro, pensar no pior cenário possível pode ajudar. Como? A OP indica que «pode diminuir a nossa ansiedade» pois, se pensarmos nesse cenário, «depois de reconhecermos os nossos medos e receios», devemos também pensar na resposta.

Ou seja, não é só imaginar o pior sem pensar em soluções. O objectivo, neste caso, é «planear e prever as nossas respostas» para estas situações, o que «pode ajudar-nos a sentir mais controlo e também a sermos mais bem-sucedidos na gestão dos desafios.»

 

5. Alterar os nossos comportamentos financeiros (e manter-se activo)
Esta dica é algo que qualquer especialista em finanças pessoais diria, mas é necessária. Segundo a OP há vários factores que podem ser alterados, como tentar gerir mais eficazmente o orçamento doméstico ou até aumentar a literacia financeira, seja com cursos, ou mesmo com materiais de conhecimento gratuitos (existem vários sites online, perfis de redes sociais e até podcasts).

A OP indica ainda que é importante «mantermo-nos activos», «garantir o autocuidado» e «não fazer do consumo de álcool um refúgio.«

 

6. Pedir ajuda
No limite, ou mesmo antes de sentir que está a chegar ao limite, é importante pedir ajuda. «Se a preocupação e a ansiedade com o dinheiro está a começar a perturbar a sua vida, peça ajuda, um psicólogo pode ajudar», nota a OP. Há alguns psicólogos no SNS, deve informar-se junto da sua unidade de saúde familiar, e também existem associações que disponibilizam consultas gratuitas ou a um preço inferior ao do mercado.

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