Soft skills são a chave que leva ao sucesso perante os novos desafios do mercado de trabalho

A NOVA School of Science and Technology | FCT NOVA realizou ontem o Seminário “10 anos do Perfil Curricular”, para assinalar uma década deste pioneiro enquadramento educativo no sucesso académico e na empregabilidade dos estudantes.

O Perfil Curricular é um período entre semestres que serve para dotar os estudantes com competências complementares, desde a construção de um currículo, à apresentação de ideias em público, até ao trabalho em equipa. «Tivemos a oportunidade de ouvir de viva-voz a opinião dos alunos, dos empregadores e dos professores. Três perspectivas muito diferentes que nos permitem afinar melhor a nossa oferta do Perfil Curricular para darmos à sociedade aquilo que ela precisa», concluiu Virgílio Cruz Machado, director da FCT NOVA, sobre o encontro.

O seminário convidou à conversa professores da FCT NOVA – Ruy Costa (Competências Transversais para Ciências e Tecnologia), António Grilo (Empreendedorismo) e José Luís Câmara Leme (Sociedade, Sustentabilidade e Transformação Digital) –, assim como representantes de empresas – Alexandra Líbano Monteiro (VP People da OutSystems) e Francisca Matos (head of Employee Experience & Talent Acquisition da NOS). Contou, ainda, com a participação de uma antiga aluna, Marta Quadros Brito que estudou Engenharia e Gestão Industrial e que actualmente é Brand specialist na Amazon.

Através desta conversa foi possível remontar aos primeiros tempos da implementação do inovador Perfil Curricular, como recordou Ruy Costa: «Consultámos alguns papers internacionais para perceber o que se fazia lá fora sobre soft skills. Depois lançámos um inquérito anónimo para perceber que competências seriam interessantes desenvolver – foi com essas respostas que se começou a desenhar o Perfil Curricular.»

Os três docentes destacaram o entusiasmo dos alunos: por poderem sair da sua zona de conforto, conviver com colegas de outros cursos, simular a criação de negócios, debater temas da atualidade (muitas vezes fora do âmbito das disciplinas) ou, simplesmente, ter a oportunidade de questionar e de enfrentar opiniões e perspectivas diferentes – um exercício fundamental para o futuro. «Imaginemos que um aluno vai trabalhar para o Médio Oriente e não sabe a diferença entre xiitas e sunitas. Ou que vai para Angola e não sabe da existência do MPLA ou da UNITA ou, ainda, que vai para o Brasil e não percebe porque é que os brasileiros votaram no Bolsonaro. O conhecimento é fundamental para entender os outros e para poder trabalhar lá fora, com pessoas diferentes», apontou José Luís Câmara Leme.

Sair da zona de conforto, é o lema. «Aquilo que gostamos de incutir aos alunos é que, hoje em dia, para estarem no mercado de trabalho, têm de ter uma atitude empreendedora. Quando vão para as empresas têm de ser dinâmicos, aplicar-se na procura de soluções para os problemas», detalhou António Grilo. Marta Quadros Brito, antiga aluna, garante que foi esse espírito empreendedor incutido que a levou a candidatar-se a um lugar na Amazon (hoje é Brand Specialist) mas também a criar o seu próprio projeto, Girls In Tech – projecto pedagógico que leva palestras às escolas para explicar o que é trabalhar na área das STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática).

Ter um perfil completo – que vai muito além das competências específicas que cada vaga exige – é fundamental numa primeira fase de contratação na NOS, sublinhou Francisca Matos. Já Alexandra Líbano Monteiro, lembrou que na Outsystems (nascida pela mão de um antigo aluno da FCT NOVA, Paulo Rosado) existe o livro das pequenas regras, The Small Book of The Few Big Rules. Trata-se de um constante recordar destas ferramentas fundamentais: o guia, para todos os colaboradores da empresa, lembra a importância de sempre perguntar o porquê, mas também de comunicar e de colaborar com outros.

O Perfil Curricular permitiu aumentar uma taxa de empregabilidade que já era alta. Faltam licenciados para a procura que existe, garante Virgílio Cruz Machado: «O que assistimos, hoje em dia, é à subida dos índices de empregabilidade. A sensação que temos é que nos vemos aflitos de dar ao mercado aquilo que precisa.»

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