Sustentabilidade não é só ambiente, é uma abordagem social e económica

Por António Saraiva, Business Development manager_ISQ Academy

Felizmente que alguns estudos começam a apontar no sentido de que a percepção das pessoas relativamente à sustentabilidade não é exclusiva ao meio ambiente, mas também com a abrangência de factores sociais e económicos. Desta forma, encararem-se problemas como a pobreza e a saúde mental, por exemplo, começam a ser consideradas relevantes e fazendo parte do conceito de sustentabilidade.

Por outro lado, e encarado inclusivamente como um mito, certos estudos apontam para que mesmo sectores de actividade considerados não poluentes, começam a adoptar práticas sustentáveis. E, como resultado, da análise factual, percebem que a reputação da organização sofre considerável melhoria.

Evidente que existe um longo caminho a percorrer. Verificou-se, por exemplo, num recente estudo em Espanha, que se os consumidores realçarem o combate à desigualdade social e às mudanças climáticas, será muito mais fácil anularem-se injustiças e ter acções muito mais positivas pelo ambiente. Se bem que muita desta responsabilidade seja colocada nas empresas, nomeadamente no consagrar de políticas internas e de posicionamento no mercado, a verdade é que também começa a existir algum foco na auto-responsabilização e de outras entidades da sociedade.

Perante tais evidências e o aumento desta consciencialização, talvez seja determinante nesta fase considerar-se a sustentabilidade como um tema polarizador, transversal a toda a sociedade. Num estudo recente, 55% dos consumidores dizem-se dispostos a apoiar marcas sustentáveis. Mas, e há sempre um mas, 45% ainda têm dúvidas e tão simplesmente por causa do greenwashing, sobretudo porque em muitos casos sentem demasiado marketing e poucas acções concretas. Não por culpa do marketing em si mesmo, mas pelas… “encomendas” que lhe são canalizadas, em especial por organismos públicos, em especial em períodos eleitorais.

Mas os estudos revelam outros mitos, mas que, muitas vezes, infelizmente, até correspondem à realidade. Por um lado, a pouca visibilidade de produtos sustentáveis, depois o preço dos mesmos. Há uma percepção muito clara, que chega ao 70% em alguns estudos, que as pessoas associam produtos sustentáveis a preços elevados. Na maioria dos casos, nos dias de hoje, não é tão real, mas não que escamotear que a “guerra” concorrencial assim o determina. Há, ainda, um poder de marcas que se sobrepõe às sustentáveis na divulgação da informação.

Empresas relevantes, com políticas e acções sustentáveis devem ser capazes de dar o mote. E devem fazê-lo internamente, de forma a ganhar o compromisso das suas pessoas, quer para práticas de valorização interna, mas como disseminadores para o exterior. Para além disso, e porque nem tudo se esgota, como já referido na relação com o meio ambiente, mas acima de tudo na criação de um conjunto de benefícios sociais, na prevenção de problemas de saúde mental e em gerar condições de vida das suas pessoas, ao nível da relevância preconizada do Trabalho Digno.

No fundo, é todo um processo das melhores práticas de Gestão de Pessoas. Seja no contributo para a protecção do ambiente, mas também no bem-estar das pessoas que contribuem para a produtividade da organização e, no fim da linha, seja possível condições de vida longe dos níveis de pobreza que ainda assolam a sociedade, incluindo a nossa.

Ler Mais