Teletrabalho deixou de ser obrigatório mas continua a ser a regra

Gradualmente, as empresas vão retomando o trabalho presencial, mas com novas regras. Maioritariamente, o regresso ao escritório tem sido faseado e rotativo, com controlo de temperatura e testes serológicos em alguns casos. Além do cumprimento das regras impostas pela Direcção-Geral da Saúde e restantes autoridades. O Dinheiro Vivo deu a conhecer os casos da Siemens, Sonae, EDP, Altice e CGD.

De acordo com a publicação, o trabalho à distância, até duas vezes por semana, era já uma realidade para cerca de 500 pessoas, antes da pandemia, na Siemens. Com a COVID-19 foi alargada a 90% da equipa, num total de 2866 colaboradores. Destes 250 são novas contratações desde o início da pandemia, e há 80 vagas em aberto. Com o fim do confinamento, ocorreu o regresso faseado aos escritórios, mas, mesmo assim, só 10% estiveram, em média, nas instalações. Cerca de 80% mantêm-se em teletrabalho.

O grupo implementou «fortes restrições» em relação a viagens de avião ou de transportes partilhados, proibiu reuniões com mais de cinco pessoas e por mais de uma hora, e desenvolveu ferramentas digitais para “agilizar o regresso ao escritório”, cuja lotação está limitada a 25% da sua capacidade. Back to the office é uma ferramenta através da qual o funcionário tem de registar a automonitorização de sintomas da covid-19, fazer o pedido de autorização médica obrigatório para o regresso ao escritório, bem como a reserva do seu posto de trabalho e da refeição, na cantina, de modo a “evitar filas e aglomerações desnecessárias”. Além disso, e em complemento, proporciona a todos os colaboradores a possibilidade de, voluntariamente, realizarem um teste serológico, “com o objetivo de conhecer os níveis de imunidade da organização.

Já a EDP, que chegou a ter 72% dos seus 11.600 trabalhadores em todo o mundo (79% dos nacionais), em regime de teletrabalho, iniciou, em Junho, o plano global de regresso às instalações, com um «regime de trabalho presencial parcial, rotativo, flexível e não obrigatório», que se mantém. E está já a desenvolver o modelo que irá implementar em Outubro, que deverá incorporar um carácter de rotatividade, mas continuando a flexibilidade e a possibilidade de trabalhar em modelo híbrido, com dias a partir de casa. Uma forma de dar resposta a um inquérito que realizou e que recebeu cerca de seis mil respostas, com a maioria a mostrar preferência por um modelo de trabalho mais flexível.

Actualmente, 48% dos colaboradores da EDP em Portugal trabalham à distância e 17% num regime híbrido. Os restantes 33% correspondem a trabalho industrial e de campo. Controlo de temperatura e redefinição de acessos e circuitos nos edifícios foram algumas das medidas tomadas, sendo que o grupo – que este ano já contratou mais de 600 pessoas nas várias geografias em que está presente, número que espera aumentar para mil até ao final do ano -, disponibiliza, ainda, planos para testes de detecção e imunidade à COVID-19 para todos os trabalhadores que regressam ao escritório e aos que permaneceram em trabalho presencial.

Segundo o Dinheiro Vivo, a CGD chegou a ter 4000 dos seus mais de 6700 trabalhadores em teletrabalho, conseguindo, «pela primeira vez na banca portuguesa», colocar todo o contact center a operar remotamente. A rede comercial manteve-se a operar presencialmente. O regresso aos escritórios ocorreu a partir de 1 de Junho, de forma faseada, com a «reconfiguração necessária nos layouts do espaço de trabalho, o uso de acrílicos quando necessário, e o recurso quase exclusivo a reuniões internas e externas por videoconferência», entre outras medidas. Mesmo assim, mantêm-se há ainda 40 a 50% dos trabalhadores nos serviços centrais que alternam entre teletrabalho e o presencial.

«Independentemente da área de trabalho, tem sido sempre assegurado o trabalho à distância para colaboradores enquadrados nos grupos de risco e outras excepções», refere fonte da Caixa. Sobre o desfasamento de horários, o banco público diz que «está a trabalhar no assunto», de modo a ajustar a operação às novas normas.

Na Sonae, o trabalho remoto «é uma realidade que já estava implementada» antes da pandemia, em algumas das participadas, o que permitiu ao grupo «reagir de forma mais rápida»ª. Com a COVID-19, chegou a ter mais de seis mil a trabalhar remotamente. No entanto, o grupo, que dá emprego a cerca de 50 mil pessoas, lembra que «a maioria das actividades» desenvolvidas no grupo «são consideradas pelo Governo como fundamentais para a sociedade», pelo que o seu funcionamento necessita de ser assegurado mesmo em situação de pandemia.

Com o «retorno faseado» aos escritórios, que tem vindo a ser implementado com o fim do estado de emergência, cada negócio adoptou o modelo que «melhor se enquadra» na sua realidade e das suas equipas. Ou seja, há área do grupo em que o regime de alternância é semanal e outras em que é quinzenal. Mas há ainda aqueles que trabalham três dias em casa e dois no escritório, de forma rotativa. Cada negócio tem as suas especificidades, lembra fonte oficial do grupo liderado por Cláudia Azevedo.

Controlo de temperatura, reforço dos processos de limpeza dos espaços e regras e sinalética específicas nos mesmos foram algumas das medidas implementadas. A par da realização de testes «sempre que se justifique».

Com o fim do estado de emergência, a Altice planeou o regresso faseado dos trabalhadores aos escritórios, com 7%, 25% e 30% dos colaboradores a partir de 15 de Junho, em regime de rotatividade. Dado o aumento do número de casos de COVID-19 em Portugal, a empresa «optou por manter, para já, a taxa de 30% de ocupação por edifício, com um regime de rotatividade e cumprindo o distanciamento de dois metros entre cada posição». O teletrabalho mantém-se para grávidas ou trabalhadores que se enquadram em grupos de risco. Em Setembro, implementou um regime de «flexibilidade horária» que cada colaborador poderá adaptar, «em articulação com a sua chefia», de forma a evitar as horas de ponta.

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