Tensão entre Geração Z e Millennials com as chefias está a ter consequências nas empresas, revela estudo
Para a Geração Z e Millennial, a entrada no mundo profissional cada vez mais se parece com um ritual de passagem em que lutam para se adaptar à semana de trabalho e se destacarem perante as chefias. Mas, segundo a Fortune, parece que estas chefias não estão a fazer muito para ajudar os seus jovens colaboradores a adaptar-se à vida corporativa e isso pode estar a ter efeitos importantes nos resultados das empresas.
Um estudo realizado pela London School of Economics (LSE) e pela Protiviti descobriu que a “fricção” no local de trabalho está a causar um abismo de produtividade preocupante entre os empregadores e os colaboradores, especialmente para os trabalhadores da Geração Z e Millennials.
Trabalhadores Millennials e da Geração Z deixados para trás
O inquérito realizado a cerca de 1500 profissionais no Reino Unido e nos EUA descobriu que um quarto dos colaboradores relata uma baixa produtividade no local de trabalho. Mais de um terço dos colaboradores da Geração Z reportam baixa produtividade, enquanto 30% dos Millennials se descrevem como pouco produtivos.
Os colaboradores com gestores com mais de 12 anos de diferença de idade — a média entre chefes e trabalhadores — têm 1,5 vezes mais probabilidade de reportar baixos níveis de produtividade e quase três vezes mais probabilidade de reportar estarem insatisfeitos no seu trabalho.
Os trabalhadores da Geração Z e Millennials consideram que as suas capacidades de escuta activa, gestão do tempo, juízo de valor e tomada de decisão precisam de ser melhoradas para melhorar a sua produtividade. Um obstáculo importante, porém, parece ser transmitir este ponto aos gestores mais velhos.
«Há provas concretas de que, ao longo das gerações, os gostos e as preferências vão mudando. Por isso, porque é que esperamos que trabalhem juntos facilmente?», afirma Grace Lordan, fundadora e directora da Iniciativa de Inclusão da LSE.
«Temos agora cinco gerações a trabalhar em conjunto no local de trabalho e as competências necessárias para gerir esta dinâmica não são geralmente ensinadas pelas empresas.»
O estudo da LSE dividiu os entrevistados entre aqueles que trabalham em locais de trabalho “intergeracionalmente inclusivos” e aqueles em que isso não acontece.
Uma boa prática “intergeracionalmente inclusiva” significa considerar a idade de um colaborador ao ajudá-lo a desenvolver a sua carreira.
Facilitar a “integração” de cada geração, promover os trabalhadores com base no mérito e não na idade e ter gestores qualificados para trabalhar com diferentes gerações foram vistas como práticas essenciais para melhorar a produtividade.
De acordo com as conclusões do estudo, as chefias que implementaram estas políticas inclusivas reduziram os baixos níveis de produtividade entre os membros da Geração Z de 37% para 18%, e entre os Millennials de 30% para 13%.
«A nossa investigação mostra que, se investirmos na disponibilização destas competências aos gestores e na criação de locais de trabalho inclusivos intergeracionais, haverá ganhos de produtividade significativos», sublinha Grace Lordan, da LSE.
As tensões intergeracionais aumentam
Embora as provas apontem para que a inclusão é benéfica para as empresas, existem vários exemplos de chefes que adoptam a abordagem oposta e até desabafam as suas frustrações sobre os colaboradores mais jovens.
Numa sondagem da Harris realizada para a Fortune, quatro em cada cinco chefes queixam-se de que as competências interpessoais eram o que mais faltava aos trabalhadores da Geração Z.
No entanto, os trabalhadores mais jovens estão a ficar exasperados com estas queixas crescentes quando as chefias não fazem o mínimo esforço para sugerir soluções para resolver estes aparentes problemas de comunicação.
Há um conjunto crescente de evidências que mostram que os trabalhadores mais jovens estão a ver as suas carreiras e qualidade de vida afectadas por diversas dinâmicas no local de trabalho que os mais velhos ajudaram a normalizar.
De acordo com um inquérito da seguradora Vitality, os colaboradores com menos de 30 anos perdem 60 dias produtivos por ano, em grande parte devido a problemas de saúde mental. Os trabalhadores mais jovens são mais propensos a sofrer de depressão, a reportar preocupações financeiras significativas e a estar insatisfeitos com os seus empregos, concluiu a seguradora.
As conclusões apontam também para uma tendência para os trabalhadores mais jovens perderem a motivação para uma carreira, uma vez que uma economia cada vez mais desigual lhes retira os incentivos para terem sucesso no local de trabalho.
Dados do INE britânico (ONS) mostram que, no Reino Unido, os trabalhadores Millennials e da Geração X reduziram significativamente as suas horas de trabalho desde o início da pandemia.