Ter mérito conta pouco para a evolução profissional dos portugueses

Um estudo da Fundação Francisco Manuel do Santos (FFMS) conclui que desempenhar um trabalho de forma competente é um factor sem grande influência nas promoções e progressão de carreira.

O recrutamento e promoções baseados em critérios universais de qualificações e desempenho continuam a ser raros em Portugal, de acordo com o estudo “Valores, Qualidade Institucional e Desenvolvimento em Portugal” promovido pela FFMS. A chamada meritocracia parece ser irrelevante em muitas empresas e no Estado, em Portugal.

Oito investigadores examinaram o funcionamento de seis entidades portuguesas. Se por um lado a EDP, a Bolsa de Valores e a Autoridade Tributária são avaliadas positivamente em relação à meritocracia, por outro, a ASAE, os CTT e o Hospital de Santa Maria recebem nota negativa.

A austeridade no Estado que congelou recrutamentos, suspendeu concursos públicos e travou promoções são factores relevantes nesta falta de importância do mérito, mas não são os únicos. Os investigadores defendem que «as preferências e conexões pessoais têm um papel fundamental em várias situações».

Apenas 16%, dos 1 346 colaboradores inquiridos pertencentes a estas seis entidades, acreditam que se seguirem as regras e fizerem o seu trabalho de modo competente, as pessoas são promovidas. Uma percentagem que é maior na EDP (35,3) e na Bolsa de Valores de Lisboa (36,3), mas que cai para 11,1% nos CTT e não alcança nenhuma resposta positiva no Hospital de Santa Maria.