Trabalho Remoto – só para quem pode?

Por Vera Norte, Co-Founder & Managing Partner do Comunicatorium

O sentido de igualdade, é sem dúvida, dos valores mais fortemente apreciado nas organizações; mesmo carro na mesma função, mesmo horário, mesmos dias de férias, mesmo mobiliário….

 As comparações são constantes e porque o ser humano é por natureza comparativo este estímulo está sempre presente; mas se “ele “pode porque é que eu não? …, mas se ele” tem “porque é que eu não? …

As organizações tendem a criar os seus procedimentos de forma a serem o mais possível “igual para todos”.  A comunicação à organização de situações que traduzem sistemas de trabalho, regalias ou condições diferentes é sempre mais difícil de implementar pois acarreta a compreensão e aceitação dos colaboradores. “.

 Quantas vezes iniciativas que nascem verdadeiramente como consideradas uma regalia acabam por ser retiradas ou até simplesmente não chegam a ser implementadas porque supostamente criam sentimentos de desigualdade de tratamento.  Na verdade, é sempre mais fácil alinhar pela maioria, mas como podemos satisfazer cada vez mais os colaboradores sem termos em conta a sua individualidade as suas preferências?

Numa época em que a retenção e a captação de talento são fundamentais é critico ser capaz de fomentar uma cultura organizacional atrativa, inclusiva, respeitadora, inovadora, que seja capaz de satisfazer as necessidades do coletivo, mas sobretudo do individuo. Esta capacidade de explicar e comunicar a diferença é uma das características mais importantes da liderança: ser capaz de criar a aceitação das diferenças num quadro de desenvolvimento e reconhecimento do individuo. Aqui a competência da comunicação é essencial não só na perspetiva de toda a organização, mas também na forma como é conduzida a comunicação individualmente. Não podemos comunicar com todos da mesma forma porque somos todos diferentes.

Há dois anos atrás poucas eram as empresas que davam possibilidade de acesso a trabalho remoto, hoje é imposto por lei. Para muitos será um problema, mas de acordo com alguns estudos recentes cerca de metade dos colaboradores gostaria de continuar, mesmo depois da situação imposta pela pandemia.

Claramente uma diferença; muitas funções não são de forma alguma adaptáveis a trabalho remoto. Por outro lado, nem todos os colaboradores estão disponíveis para aceitar esta nova medida (a sua imposição tem causado em muitos desequilíbrios e tensões não só a nível individual como a nível familiar e da relação de trabalho).

Se o trabalho remoto veio para ficar como o vamos integrar nas organizações, em que condições? como vai ser comunicado? ou vamos voltar ao “igual para todos?

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