Upskilling, uma inevitabilidade para os não nativos digitais

Tirar uma especialização e fazer carreira com base nos conhecimentos adquiridos nessa formação é coisa do passado. Um mundo em crescente digitalização obriga-nos a um upskilling constante e a aprendizagem ao longo da vida nunca fez tanto sentido como hoje. Só há duas opções: atualizar-se ou ficar para trás.

 

Por Sónia Gonçalves, especialista em Tecnologia da Primavera BSS

 

Muito antes deste cenário pandémico que atravessamos, já se sentia um certo fosso entre as oportunidades disponíveis para os profissionais com competências digitais e para aqueles cujas aptidões ainda estavam muito centradas no mundo analógico. No artigo intitulado “A nova dicotomia social: analfabetos ou super-humanos”, já se ouvia esse grito de alerta para a necessidade de upskilling, isto numa altura em que nada fazia prever que o desafio seria acelerado, que afetaria o mundo inteiro e todos os setores da sociedade, deixando para trás quem não tivesse capacidade de se adaptar.

Na história da Humanidade, o ano de 2020 ficará registado como o ano da pandemia, mas também como o ano da corrida ao digital. Nunca houve tanta tecnologia colaborativa disponível, nem tanta procura por formação online para que rapidamente as pessoas pudessem fazer upskilling das suas competências e preparar-se para um mundo em mudança. E aqui, não estamos a falar apenas num contexto profissional, pois no mundo pessoal, todos tivemos de aprender a viver à distância de tudo, apenas com a proximidade que a tecnologia nos permitia, e para isso, também foi necessário fazer upskilling. Quem nunca tinha utilizado plataformas de videoconferências passou a fazê-lo, quem nunca tinha feito compras online passou a fazê-lo. Quem nunca tinha solicitado serviços públicos online, teve de aprender a fazê-lo. Todos fomos forçados a ganhar competências digitais.

Mas se isso foi uma realidade na vida pessoal, no mundo do trabalho houve uma verdadeira revolução. Quem não tinha as tais competências digitais, teve de as adquirir. A má notícia é que não há tempo para ficar sentado à sombra da aprendizagem anterior. Vivemos em plena transformação e a formação contínua, o upskilling e a aprendizagem ao longo da vida nunca fizeram tanto sentido como agora.

Upskilling e reskilling, estrangeirismos que têm mesmo de entrar no léxico de quem procura manter-se ativo no mercado de trabalho

O relatório “The Future of Jobs Report”, publicado pelo WorldEconomicForum, prevê que a recessão provocada pela pandemia, a automatização e a transformação digital serão responsáveis pelo aparecimento de novas funções, antecipando que dentro de 4 anos programadores, engenheiros informáticos, especialistas em inteligência artificial, gestores de marketing digital, hunters de talentos e profissionais da área de customer care estarão entre os mais cobiçados.

Já no que respeita às soft skills, a criatividade, o pensamento analítico e a flexibilidade serão as competências pessoais mais valorizadas. O mesmo estudo mostra que em 2025, por cada dois colaboradores, um terá de substituir as suas competências por outras (reskilling), enquanto que aqueles que mantiverem as suas funções, cerca de 40% terá de complementar as suas competências (upskilling).

O relatório estima ainda que as empresas irão investir na formação de 70% dos seus colaboradores, garantindo assim que as suas equipas terão as competências necessárias para responder aos desafios de funções emergentes.

Upskilling acelera nas empresas tecnológicas

As empresas tecnológicas, para acompanhar as tendências de mercado e enfrentar os desafios da digitalização e da recessão económica, aumentando a sua competitividade, atualmente lideram o investimento no reforço de competências digitais das suas equipas, recorrendo a formações especializadas e programas aceleradores.

Profissionais ativos ou à procura de colocação também procuram soluções para responder a esta mudança de paradigma no mundo do trabalho, através do reforço de competências e conquista de novas aptidões, frequentando programas intensivos de reconversão profissional e formação especializada. E as academias de formação têm estado à altura do desafio, transformando rapidamente os seus modelos de ensino, garantido segurança aos participantes e qualidade da formação.

No mercado atual de trabalho, a aprendizagem ao longo da vida é uma inevitabilidade e cada profissional deve estar consciente de que após ter concluído um grau académico é imprescindível manter-se atualizado e competitivo.

E ninguém poderá ficar para trás. Já pensou na próxima competência que precisa de evoluir?

 

*Texto escrito ao abrigo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 em vigor desde 2009.

 

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