Zagope: «Um dos maiores desafios da construção civil passa pela procura de quadros técnicos, que existem em escassez»

Tendo mantido todos os trabalhadores durante a pandemia, a Zagope nunca parou de recrutar. Fá-lo tendo em vista a ter nos seus quadros «os melhores profissionais do mercado», num sector onde a escassez de profissionais também é uma realidade.

 

Por Sandra M. Pinto

 

Presente em Portugal, Angola, Moçambique, Gana, Líbano e Argélia, a Zagope planeia em breve marcar presença em mais mercados africanos. Com aproximadamente 900 colaboradores, a empresa tem o seu corpo central de administração, estratégia, operações, gestão financeira e comercial em Portugal, onde exercem funções cerca de 250 colaboradores.

Foi fundada em Janeiro de 1967, como Empresa Geral de Obras Públicas Terrestres e Marítimas – Zagope S.A.R.L., sendo, anos mais tarde, adquirida pelo grupo Andrade Gutierrez, passando a denominar-se como Zagope – Construções e Engenharia. «Apesar das mudanças, continuamos focados em ser uma empresa que se rege pela excelência operacional», garante Márcia Henrique, directora de Recursos Humanos da empresa. «Continuamos focados em aliar a engenharia de valor às práticas de construção sustentáveis, actuando em Portugal e no mundo, privilegiando a segurança e garantindo o retorno dos nossos stakeholders, com os olhos postos no futuro.»

A Zagope apresenta-se como uma das mais importantes empresas do sector onde actua, tendo já executado vários contratos nos mais variados segmentos, clientes e regiões. Márcia Henrique esclarece que «a capacidade técnica vai além da execução de projectos de construção, abrangendo também elaboração de projectos, procurement, fabricação e montagem, bem como o gerenciamento de projectos e contratos», algo que tem vindo a trazer «reconhecimento à empresa, muitas vezes apresentada como um verdadeiro caso de sucesso» não só em Portugal como nos mercados onde actua. «Adoptamos a excelência operacional como uma cultura, uma disciplina de valor», afirma a responsável. «Oferecemos soluções integradas, com equipas multidisciplinares que conseguem identificar oportunidades e melhorias, desde a criação do projecto até a sua execução, colocando em prática a filosofia Lean, que visa elevar ao máximo o valor agregado para o cliente, evitando ineficiências.»

A capacidade de adaptação acaba por ser um dos aspectos que mais contribuiu para o sucesso da Zagope enquanto uma empresa sólida, acredita Márcia Henrique. «Aliado a isto, os colaboradores, que sendo o ADN da Zagope, acabam por ser outro dos aspectos importantíssimos que nos faz ter sucesso em Portugal e no mundo.»

 

Recrutar em tempos de pandemia
Pouco antes da pandemia, a Zagope foi uma das construtoras escolhidas para a obra da expansão da rede do Metro de Lisboa e, aquando da adjudicação do projecto, contratou cerca de 100 novos colaboradores. A responsável reconhece que foi uma tarefa árdua em termos de recrutamento, dada a falta de mão-de-obra. «Contudo, conseguimos integrar os 100 novos colaboradores em tempo recorde pelo desenvolvimento de planos de onboarding e formação bem definidos», revela.

Todavia, Márcia Henrique admite que a empresa se debateu sobre a possibilidade de recorrer ao layoff «no momento em que pouco ou nada se sabia sobre os tempos vindouros. A verdade é que, tendo em conta o nosso foco nas pessoas, tudo fizemos para manter todos e não recorremos ao layoff, nem nenhum colaborador foi demitido», garante. «As pessoas são o nosso valor mais precioso e o nosso maior activo.»

Assim, e apesar da pandemia com que todos vivemos desde início de 2020, que inevitavelmente obrigou todas as empresas a se adaptarem-se de forma rápida aos condicionalismos impostos, para a Zagope têm sido meses «bastante positivos», do ponto de vista do negócio. «Ganhámos novos projectos, inovámos, como por exemplo com a nossa app de segurança, colocámos toda a nossa estrutura corporativa a trabalhar remotamente em poucos dias, comemorámos mais de um milhão de horas de trabalho sem acidentes», partilha a directora de Recursos Humanos.

Por outro lado, obrigou a empresa a reforçar a proximidade entre as equipas e a planear ainda melhor os trabalhos. Com a obrigatoriedade de colocar os trabalhadores, num primeiro momento, 100% em trabalho remoto, e depois com as equipas em espelho, a definição dos trabalhos de forma detalhada em planos quinzenais obrigou a organização quase a entrar numa metodologia operacional ágil. Para Márcia Henrique, «a intensificação do controlo de milestones, através da ferramenta last planner system, permite-nos controlar de forma eficaz as actividades em campo e assegurar o bom desenvolvimento dos trabalhos, bem como a preservação da segurança de todos os trabalhadores».

Actualmente, a Zagope pondera adoptar um modelo híbrido nos escritórios, uma vez que a experiência desta fase pandémica demostrou «veio comprovar a maturidade do capital humano da empresa face à adequação da nova organização do trabalho», sublinha. E defende que, para fazer uma boa gestão de pessoas, mesmo que à distância, é essencial ter uma comunicação contínua, clara e fluída, com o objectivo de manter a proximidade, o alinhamento e a motivação das pessoas. A confiança é factor-chave da gestão de pessoas», afirma.

 

A cultura ao leme da estratégia
Não obstante, há consciência de que muitos desafios irão surgir com a implementação deste novo modelo híbrido de trabalho. Assim, a Zagope está a trabalhar numa série de novos projectos, entre eles um programa simplificado de inovação, com vista a promover uma maior sustentabilidade, e um plano de benefícios variáveis que vão ao encontro da expectativa dos colaboradores. «É fulcral não perdemos um dos nossos activos mais importantes, os nossos trabalhadores, pois são estes os responsáveis pela cultura e pelo ADN Zagope», reitera a directora de Recursos Humanos.

Pensando nos desafios a curto-prazo, perspectiva que o maior desafio seja manter a união das equipas e fazer com que as sinergias do convívio diário não se percam. «Nas frentes de obra, o desafio será cumprir os planos de contingências desenhado para cada projecto e mercado de actuação, tendo como principal função a saúde e o bem-estar dos colaboradores.»

A principal estratégia de Gestão de Pessoas da Zagope, passa, em primeira instância, pela disseminação da cultura da empresa e pelo crescimento do seu ADN, que, como afirma Márcia Henrique, os tornam «diferenciadores relativamente à concorrência». E garante: «Os nossos colaboradores são reconhecidos de uma forma geral pela excelência, capacidade de adaptação e versatilidade.»

Antes de mais, «a estratégia passa por considerar os colaboradores como os maiores activos da empresa, e isso concretiza-se, por exemplo, através «de um plano de carreira sólido, um mapeamento das necessidades do capital humano de forma a que os mesmos possam continuar a evoluir enquanto profissionais, um modelo de progressão salarial transparente e aliado a um sistema de gestão de desempenho objectivo e equitativo para todos os enquadramentos na empresa, sobressaindo-se, essencialmente, pela meritocracia.»

 

Os desafios na construção civil
Ao nível do recrutamento, a Zagope mantém o foco na procura contínua de mão-de-obra qualificada, o que faz através do recrutamento de valências. «Continuamos à procura dos melhores do mercado e temos constantemente vagas abertas para as funções de engenharia e especialistas para o terreno.» Procuram «maioritariamente profissionais com um know-how amplo e que possam ser uma mais-valia para a função que vão desempenhar, mas, sobretudo, profissionais que revelem um sentido de responsabilidade, de excelência e de pertença para com o projecto e a empresa».

Transversalmente, «a Zagope procura os melhores activos para todas as suas áreas de actuação, quer seja em obra ou no corporativo».

Márcia Henrique acredita que «um dos maiores desafios da construção civil e da área industrial passará pela procura de quadros técnicos, que existem em escassez. O segundo desafio será a procura contínua da inovação dentro do sector da engenharia e construção ,que pretendemos que seja um desafio melhorado e superado. A flexibilidade para abraçar outros sectores, como parques solares que necessitam de construção sustentável e alguma tecnologia», é o terceiro desafio identificado pela responsável, que conclui: «A Zagope já está preparada.»

 

Este artigo foi publicado na edição de Novembro (nº.131)  da Human Resources, nas bancas.

Caso prefira comprar online, pode comprar a versão em papel ou a versão digital.

Ler Mais