A crescente importância do salário emocional

Um colaborador feliz pode ser 30% mais produtivo. Sendo a felicidade um conceito abrangente, que envolve a realização profissional e a sensação de pertença cultural e de motivação para superar o que está perspectivado, é essencial conhecer os colaboradores e as suas necessidades.

Por Joana Santos, direcora de Recursos Humanos da Anturio

 

Passamos grande parte da nossa vida a trabalhar. Cade vez mais, a felicidade no trabalho é bastante importante, até porque um colaborador feliz pode ser 30% mais produtivo. É parte importante da nossa vida sentirmo-nos concretizados com o que fazemos no dia-a-dia. Acordar com a sensação de que iremos realizar tudo o que está ao nosso alcance para superar os nossos objectivos faz parte desse caminho. Desta forma, o primeiro passo é estarmos realizados na nossa função. Por outro lado, é extremamente importante estarmos rodeados de pessoas que nos movem diariamente, que nos façam sentir parte integrante da família laboral e dos valores culturais da empresa.

Realizar a nossa função com paixão vai permitir ter a capacidade de passar por altos e baixos, desafios e ameaças, sempre com uma atitude positiva, vendo os obstáculos e as ameaças como uma aprendizagem. O salário emocional é, por isso, extremamente importante para a retenção de talento e, neste momento, tem cada vez mais relevo, principalmente nas novas gerações.

Mas o que é o salário emocional e de que maneira os colaboradores o veem? São todos os benefícios que podemos dar, desde um bom ambiente de trabalho e um grande espírito de equipa a um worklife balance satisfatório.

Sendo a felicidade um conceito abrangente, que envolve a realização profissional e a sensação de pertença cultural e de motivação para superar o que está perspectivado, é essencial conhecer os colaboradores e as suas necessidades.

As transformações que estão a ocorrer com o uso da tecnologia da informação nas instituições/organizações que actuam em rede e em mercados globais e internacionais estão, neste momento, a trazer novos desafios para a gestão do trabalho e principalmente para a gestão do trabalho remoto. Neste sentido, está a tornar-se comum contratar colaboradores apenas para desempenharem determinadas tarefas, trabalhar remotamente ou mesmo com flexibilidade de horário, estando apenas presentes na empresa esporadicamente.

No entanto, esta revolução vem colocar novas questões aos nossos gestores, principalmente no que diz respeito à liderança. Este cenário está a criar mais empregabilidade nas zonas mais interiores ou mais remotas, pois através do fenómeno da globalização estamos perante formas de trabalhar mais flexíveis, não só a nível de trabalho remoto, mas também ao nível da contratação e terceirização dos serviços. Em termos económicos será também um importante improvement, pois iremos combater a desertificação de determinadas zonas e, ao mesmo tempo, aumentar a qualidade vida.

As empresas modernas devem ter abertura no que diz respeito a esta nova forma de trabalhar, que pode ser bastante importante em termos de atracção de talento, pois não limita as pessoas a uma zona geográfica e, com uma boa organização, permite aliar equipas mista, co-localização e aumentar o espírito de equipa e a entreajuda.

No entanto, é um modelo que traz bastantes desafios, sobretudo no que toca à gestão de recursos humanos. As vantagens são consideráveis:

– maior concentração
– aumento dos níveis de produtividade
– maior bem-estar no dia-a-dia
– menores níveis de stress e ansiedade
– maior fidelização à empresa
– maior autonomia e redução dos custos da empresa em várias vertentes, desde a diminuição da rotatividade de funcionários, passando pelo aluguer e manutenção do escritório a redução das despesas fixas com colaboradores.

Estamos hoje no epicentro da 4.ª revolução industrial, onde a tecnologia permite transformações profundas, um novo mundo que impacta os modelos de negócio, estilos de vida e de liderança e que irá impactar a própria economia. Estamos num processo de transformação profunda, com acesso a tecnologia tão poderosa que irá mudar todo um estilo de vida e de organização em sociedade.

Ao mesmo tempo, o que nos move para sermos felizes é o que fazemos, ou seja, se estamos ou não realizados. Esta é a pergunta mais importante que se coloca. A importância que hoje se dá ao worklife balance é muito grande e, por isso, cada vez mais queremos conjugar a vida pessoal com a vida profissional.

Há alguns anos atrás, o papel da gestão de Recursos Humanos nas empresas passava apenas por questões burocráticas, como trabalho administrativo, incluindo resolver situações de horários ou correcção de erros nos recibos de vencimento. Com a transformação digital, o papel dos Recursos Humanos passou a ser mais estratégico dentro da própria empresa. Estas estratégias passam por estudar novas formas de reter as equipas e de atrair novos talentos.

No geral, as empresas estão a criar ecossistemas para aumentar a inovação, aumentar o volume de vendas, entrar em novos mercados e ganhar novos clientes. Os RH estão a par de todo este investimento efectuado para criar um ecossistema saudável, aliando a inovação às capacidades funcionais, tecnológicas e de indústria.

 

 

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