Criar uma organização com uma ética sólida

Estudos revelam que a ética é importante para a maioria dos colaboradores e gestores, o que não impede a ocorrência de escândalos. Nenhuma organização está livre de dilemas éticos, que ocorrem no dia-a-dia, mas eles podem ser geridos.

 

Por Catherine Bailey (King’s Business School) e Amanda Shantz (Trinity Business School)

 

Quando a fabricante de automóveis alemã Volkswagen foi apanhada na fraude das emissões poluentes dos automóveis a gasóleo, o escândalo envolveu diversos processos judiciais, custou milhares de milhões de euros em multas e prejudicou gravemente a reputação da empresa. As acções – e inacções – de dezenas de colaboradores de todos os níveis, em diferentes departamentos e países, contribuíram para este desastre, incluindo os engenheiros de software que conceberam o aparelho que enganaram os testes e os membros da liderança sénior que criaram o esquema ou que simplesmente fizeram de conta que não o viram.

Claro que a Volkswagen não é um exemplo isolado. Vejamos as falhas na Wells Fargo, por exemplo, e na Samsung Electronics. Por que é que esses escândalos continuam, apesar dos claros imperativos morais e financeiros para uma acção ética? E – talvez mais importante – o que pode ser feito para mudar?

Embora algumas vozes argumentem que as pessoas estão naturalmente inclinadas para se comportarem de forma pouco ética se isso convir aos seus interesses, a nossa pesquisa revela que a ética é importante para a maioria dos colaboradores e gestores, e que as pessoas preferem trabalhar para empregadores cujos valores e princípios estão alinhados com os seus. Isto sugere que os empregadores éticos têm mais probabilidade de atraírem e reterem colaboradores éticos. Mais ainda, pesquisas mostram uma ligação entre a liderança ética e o desempenho de tarefas, a cidadania organizacional e outros comportamentos laborais produtivos – as empresas têm muitas razões para abordarem falhas éticas logo à primeira oportunidade. A urgência é ainda maior nesta era digital, porque os negócios devem fazer continuamente escolhas rápidas e arriscadas sobre a melhor forma de lidar com dados sensíveis de clientes e colaboradores.

Para descobrir as razões por detrás de uma conduta pouco ética persistente, pedimos a colaboradores de cinco organizações britânicas – um departamento do governo, uma retalhista nacional, uma organização não lucrativa no sector dos serviços sociais, um departamento de polícia local e uma empresa de construção – que nos contassem as suas experiências sobre práticas éticas e pouco éticas de colegas, gestores de linha e executivos seniores.

Descobrimos que o tom ético de uma organização é o resultado cumulativo da forma como os seus membros abordam diariamente dilemas éticos enquanto fazem o seu trabalho. Ao longo do tempo, a incapacidade constante de lidar com estas questões a nível micro pode transformar-se num escândalo empresarial a nível macro. Aqui, debatemos várias áreas turvas que os colaboradores têm de atravessar e formas de as organizações os ajudarem a fazer escolhas éticas todos os dias.

Leia o artigo na íntegra na edição de Setembro da Human Resources Portugal, nas bancas.

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