ANJE vai investir cerca de um milhão de euros na capacitação de PMEs

A Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE) vai investir «um milhão de euros» na capacitação das pequenas e médias empresas (PME), disse à Lusa o seu presidente, que considerou «ser inevitável» a Internet ser um «bem de acesso universal».

 

«Nós temos um projecto já fechado com a Câmara do Porto, onde vamos» dar cerca de «2.700 horas de capacitação a 120 empresas», num investimento «de 50 mil euros», disse, em entrevista à Lusa, Alexandre Meireles.

«E o nosso objectivo durante o próximo ano, diria que até ao final deste mandato [que fez um ano na semana passada], mais dois anos», é «chegar a cerca de 30 municípios e mais ou menos 3000 empresas», prosseguiu.

Portanto, «temos previsto – entre investimento dos municípios e de algumas candidaturas que tivemos recentemente aprovadas – mais ou menos um milhão de euros para investir na capacitação das empresas», acrescentou Alexandre Meireles, que referiu que a estratégia digital da ANJE é ir ao encontro «do país interior, dos municípios» e tentar “replicar” o projecto que estão a fazer com a Câmara do Porto.

«Vamos começar a executar o projeto [com a Câmara do Porto], estamos na fase de identificação das empresas que vão entrar neste projecto, agora durante o mês de março – a pandemia atrasa sempre algumas questões nestes pontos – temos condições para começarmos já com as empresas selecionadas», acrescentou.

Questionado sobre se existem setores específicos de empresas, Alexandre Meireles respondeu que não.

«Essencialmente, a nossa ideia sempre foi trazer tecnologia para as empresas não tecnológicas, considerando que a área de tech, área de empreendedorismo estaria mais bem desenvolvida em Portugal», com Web Summit e StartUp Lisboa e todas aquelas associações, disse.

«O nosso grande objetivo não é propriamente, nesta primeira fase, irmos a empresas específicas, mas sim selecionarmos empresas juntamente com os municípios», explicou Alexandre Meireles.

A selecção é feita em parceria, «neste caso com a Câmara do Porto e com os outros municípios será o mesmo: a identificação é feita em conjunto e depois não há nenhum sector mais definido, procuramos que seja a economia tradicional e aquelas empresas que precisam mais de tecnologia», salientou o presidente da ANJE.

O projecto de capacitação da ANJE também chegará às ilhas, além de Portugal continental.

«Estamos a tentar perceber como é que conseguimos entrar em contacto com a Madeira e com os Açores», disse.

Depois das empresas estarem seleccionadas, o passo seguinte é conhecer o negócio de cada uma delas, «perceber o que cada uma faz», já que não existe um setor definido à partida.

Logo, é preciso tentar «de uma maneira mais global perceber de que maneira é que conseguimos ajudar» e depois entra-se na fase dois, que é mais de transformação digital, tem a ver mudar processos, formação de gestão, que inclui o marketing comercial e vendas, sobre como é que se pode «chegar mais ao cliente».

A fase seguinte – a três -, que é de transformação do modelo de negócio, em que «já temos mais digitalização nas empresas, estão mais preparadas», será trabalhada a criação de «um novo modelo organizacional, adaptação do perfil comercial, estratégias de marketing, criar um conjunto de objectivos de gestão e de resumos de resultado», apoiando a gestão das empresas.

Questionado sobre se as autarquias têm manifestado recetividade ao projecto de capacitação das PME, Alexandre Meireles disse que sim.

«Temos uma equipa a tratar mais dessa questão do contacto com municípios e temos já bastantes contactos», afirmou, adiantando esperar que «nos próximos 15 dias possa haver pelo menos mais um ou outro» acordo «já efectivado».

Depois, «contamos que seja também um bocado o efeito chamado ‘bola de neve», afirmou.

Numa altura em que se aposta na transição digital e em que o país está confinado, a assimetria do acesso à Internet no país é preocupante e é uma questão que tem de ser resolvida.

«A Internet tem de uma vez por todas de ser – e principalmente com o que aconteceu agora – assumida como um bem de acesso universal e, portanto, como é a energia elétrica, como é a água», defendeu o presidente da ANJE.

«Acho que esse é o caminho que tem que ser feito rapidamente porque não podemos estar vulneráveis a uma pandemia, seja ela qual for e depois precisarmos da Internet» e não haver, apontando tratar-se de um «bem essencial», ainda por cima numa altura em que os alunos acedem à escola via ‘online’ para aprender.

«Não sei quanto tempo vai demorar [para se tornar universal], mas é um caminho inevitável e espero que aconteça o mais rapidamente possível», rematou o presidente da ANJE.

A estratégia de transição digital da ANJE visa apoiar as PME através da sua transformação, ajudando-as na recuperação económica após a pandemia COVID-19.

A ANJE irá ainda desenvolver a Plataforma Gaming Empreendedorismo que servirá para incitar ao desenvolvimento de estratégia e consultoria de análise, definição de indicadores, divulgação dos resultados e competição entre empreendedores para comparação e melhoria dos indicadores de desempenho.

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