Como aproveitar as oportunidades de crescimento resultantes da IA?
Se os executivos não tomarem providências para atrair talento, não redesenharem o modo de trabalho e não orientarem a colaboração da força de trabalho com Inteligência Artificial (IA), as seguradoras podem comprometer as suas oportunidades de crescimento. É o que afirma um novo estudo da Accenture.
O relatório “Future Workforce Survey – Insurance: Realizing the Full Value of AI” – baseado em dois inquéritos, um realizado a 100 altos dirigentes e outro a mais de 900 colaboradores não-executivos do sector segurador – demonstra que as seguradoras que investem em IA e na colaboração homem-máquina na mesma proporção que outras empresas de alto desempenho podem, durante os próximos cinco anos, aumentar as suas receitas, em média, em 17% e o emprego em 7%.
Entre as recomendações do estudo está a de que deve haver um maior esforço na preparação dos colaboradores para que o trabalho com as IA seja mais eficaz.
Os executivos inquiridos acreditam, por exemplo, que apenas um em quatro colaboradores está preparado para trabalhar com IA, para mais de quatro em 10 colaboradores (43%), o aumento da disparidade de qualificações é o factor que mais influencia a sua estratégia de força de trabalho.
Apesar da clara necessidade de preparação, apenas 4% das seguradoras planeia aumentar o investimento em programas de requalificação, nos próximos três anos.
Por outro lado, 61% dos executivos acredita que a força de trabalho seja uma conjugação de homem e máquina, mas dois terços dos executivos das seguradoras espera que a IA seja um ganho líquido em termos de emprego, nos próximos três anos.
O relatório da Accenture revela também que os trabalhadores das seguradoras estão dispostos a apostar em IA nas suas funções diárias. 68% dos inquiridos acreditam que esta irá criar oportunidades no seu trabalho, enquanto que apenas 4% julga que irá criar mais desafios. Quase 73% acreditam que a IA irá tornar os trabalhos mais simples, e mais de 69% permitirá um maior equilíbrio trabalho/vida pessoal.
Alcançar a fase de inteligência aplicada
O estudo aponta ainda que a maior parte das seguradoras precisa de clarificar como aplicar de forma eficaz a IA e outras tecnologias inteligentes dentro das suas organizações. Muitos estão ainda a educar-se a si próprios ou a experimentar protótipos de IA que possam ajudar a melhorar a sua eficiência ou os resultados dos clientes.
Foram poucas as que já entraram na fase crucial, conhecida como applied intelligence, que consiste numa implementação transversal da tecnologia e do engenho humano em todas as partes do negócio, procurando assim novas formas de crescimento.
Novas regras para os colaboradores das seguradoras
A utilização da IA vai reconfigurar muitos dos trabalhos existentes no sector segurador. A Accenture identificou três novas categorias de trabalho orientadas para a IA com maior probabilidade de emergir: “trainers”, “explainers” e “sustainers”.
– Os trainers vão dar assistência a computadores enquanto estes aprendem, por exemplo, a reconhecer caras ou a identificar imagens em fotografias tiradas por drones, e terão um papel de intermediários, gestão de sinistros e relação com o cliente. Os trainers vão trabalhar com equipas de Tecnologias de Informação (TIs) para assegurar que os algoritmos completam as suas tarefas correctamente e com os resultados desejados.
– Os explainers vão ter um papel vital na comunicação, interpretando os resultados dos algoritmos de forma a melhorar a transparência e responsabilização dos mesmos pelas suas decisões. Se a IA rejeitar uma reclamação de um cliente ou oferecer um acordo, os colaboradores da seguradora podem ajudar a minimizar a perceção de “black box” da IA, ajudando a fortalecer a aceitação desta junto dos clientes e reguladores.
– Os sustainers vão assegurar que as máquinas se mantêm fiéis aos seus objectivos iniciais sem quebrarem barreiras éticas, incluindo afastarem-se dos resultados desejados ou serem tendenciosas. As seguradoras poderão ter de contratar responsáveis de Ética e Compliance para assegurar que os sinistros avaliados através de IA, não discrimina certas categorias de cliente.
Miguel Proença, managing director da Accenture, responsável pela prática de Seguros em Portugal, salienta que, «à medida que mais seguradoras procuram integrar a IA nas suas organizações, estas devem ambicionar uma aplicação em larga escala na qual humanos e máquinas trabalham juntos em várias tarefas. Os benefícios – incluindo subscrição e resolução de sinistros e litígios mais rápidos, e um serviço ao cliente melhorado – podem ser extraordinários, ajudando as seguradoras a resolver desafios mais complexos, entrar em novos mercados e gerar outras receitas», defende.
Relatório completo disponível aqui.
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