A importância da saúde e do bem-estar no trabalho
O tema da saúde tem protagonizado cada vez mais a vida profissional, inclusivamente pelo peso que acaba por ter na vida pessoal. Em média, passamos cerca de um terço do dia a trabalhar, o que torna inevitável o impacto que a atividade laboral tem em cada um de nós. Como se isso não bastasse, a pandemia veio alterar a dinâmica do trabalho e forçou milhões de pessoas em todo o mundo a ficar em teletrabalho, criando necessidade de adaptação. Com o regresso ao trabalho presencial, mesmo que não na totalidade, surgem os desafios da reintegração e gestão da alteração das rotinas, realçando não só a importância da saúde (física e mental) como do próprio bem-estar no trabalho. Situação que se revela particularmente importante em Portugal, onde 59% dos colaboradores sofrem de stress laboral, pelo que é fundamental apostar em estratégias que promovam um ambiente laboral mais saudável.
Afinal, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os benefícios das políticas de saúde ocupacional estendem-se para lá do contexto laboral, refletindo-se a nível pessoal, familiar, social e até económico. Mas em que consiste a saúde ocupacional? Trata-se de um conjunto de estratégias que promovem a saúde no “coração” das empresas. Pressupõe um esforço coletivo entre a entidade patronal e os colaboradores com um objetivo comum: o bem-estar global. Existem vários tipos de ação que incentivam a saúde ocupacional, e que vão desde a promoção do exercício físico e dos bons hábitos alimentares, passando também pela gestão do stress. As políticas de saúde ocupacional devem ser adaptadas tendo em conta a realidade das empresas, seja em número de funcionários, orçamento e o tipo de atividade que exerce.
Eis seis estratégias de saúde ocupacional que podem ser implementadas nas empresas.
Atividade física – Iniciativas como aulas de ginástica laboral ou facultar o acesso gratuito a um ginásio reduzem os fatores de risco de acidentes laborais e custos associados. Além disso, elevam a produtividade. A criação de um sistema de recompensa consoante o cumprimento de objetivos, como por exemplo caminhar 10 mil passos por dia, incentivar o uso de transportes públicos ou da bicicleta para se deslocar para o trabalho são outras opções.
Alimentação saudável – A oferta de serviços de cafetaria ou cantina mais saudáveis e a eliminação de alimentos com elevados índices de sal, gordura e açúcar são medidas aconselhadas. Recomenda-se ainda a oferta de alimentos saudáveis, como fruta, e o incentivo ao consumo de água, por exemplo, disponibilizando máquinas de água filtrada.
Rastreios regulares – É recomendada a realização regular de rastreios e o acesso a equipamentos de monitorização de saúde (por exemplo, medidor de tensão arterial ou de glicémia), incluídos ou não nas avaliações periódicas de saúde laboral.
Ambiente sem tabaco – Existe uma relação direta entre a proibição do tabaco no local de trabalho e um ambiente mais saudável. Segundo alguns estudos, a cessão tabágica é mais eficiente quando realizada através de programas laborais.
Gestão de stress – Algumas medidas podem ser determinantes para uma melhor saúde mental. Entre elas, destaca-se o acesso gratuito a workshops e serviços de aconselhamento comportamental ou a participação em programas de Terapia Cognitiva e Comportamental.
Flexibilidade horária – Os funcionários das empresas que adotam horários de trabalho flexíveis apresentam níveis de produtividade e satisfação laborais mais elevados e recorrem menos ao absentismo.
Seguro de Saúde – Além destas estratégias, a própria oferta de um seguro de saúde ao funcionário é um dos benefícios mais valorizados e traz múltiplas vantagens. Além do conjunto de coberturas do seguro a que os colaboradores têm acesso e que lhes permitem acompanhar a sua saúde de forma mais simples e preventiva, a Médis desenvolveu o Programa Empresa Saudável, que apoia as empresas na criação de planos de abordagem sistematizada à prevenção e promoção de saúde no local de trabalho, promovendo assim uma verdadeira cultura de empresa saudável.
Todas as estratégias mencionadas irão ajudar a evitar o risco que muitos temem: o burnout, uma ameaça a ter em conta e que não deve ser desvalorizada. A sua tendência ganhou tal dimensão que a OMS a incluiu na lista de doenças como fenómeno ocupacional. Afinal, o seu impacto não se limita à perda de produtividade laboral, como afeta a vida pessoal, tendo consequências que acabam por ser visíveis no organismo, desregulando tudo em termos biológicos. As defesas do organismo ficam enfraquecidas, o que por sua vez vai aumentar a probabilidade do aparecimento de doenças.
É imprescindível que, neste regresso ao escritório, seja implementada uma estratégia de bem-estar que passa por evitar situações como esta, protegendo a saúde física e mental de todos os colaboradores. Estabelecer expectativas realistas a todos os colaboradores e garantir que todos compreendem essas expectativas; estabelecer horários de trabalho razoáveis e incluir, se possível, medidas como o trabalho remoto; fornecer apoio àqueles colaboradores que, de forma repetida, trabalham além das horas estipuladas por dia; encorajar o apoio social e o respeito entre as várias equipas de trabalho; e promover as férias, mesmo que por curtos períodos, em colaboradores que concentrem demasiado os seus dias num determinado período do ano, são algumas das medidas que podem ser tomadas.