Como combater o machismo no trabalho

O machismo no trabalho é um assunto que deve ser debatido uma vez que está presente em diversas situações, explícito ou velado, e afecta muitas áreas da vida das mulheres refere o site convenia.com.

Machismo é um comportamento que favorece o género masculino em detrimento do feminino, expresso por opiniões e atitudes de diversas formas. O machismo coloca as mulheres em posição inferior à dos homens e pode vir de pessoas de ambos os sexos, mesmo despercebido, e em qualquer momento.

Esta situação está presente em vários contextos: sociais, económicos, familiares e até mesmo jurídico. Um exemplo claro acontece quando se refere que os meninos brincas com carrinhos e as meninas com bonecas, ou quando se defende que as tarefas de casa são responsabilidade da mulher. Mas hoje discute-se  também sobre o micromachismo, baseado em atitudes discriminatórias subtis que acontecem todos os dias nas mais diversas situações.

 

Situações mais comuns de machismo no trabalho

  • Interromper a fala ou manterrupting
    Segundo um estudo da Universidade George Washington, os homens costumam falar mais durante reuniões e frequentemente interrompem desnecessariamente as suas colegas. Ninguém gosta de ser interrompido, mas essa situação acontece com muita frequência com as mulheres, especificamente no ambiente corporativo, que ganhou um termo próprio: manterrupting. O termo é a junção das palavras man e interrupting (do inglês, homem e interromper, respectivamente) e significa, literalmente, interrupções masculinas. Acontece quando um colega homem interrompe a fala de sua colega durante uma reunião ou apresentação e não a deixa continuar a expor a sua ideia.
  • Explicar coisas óbvias ou mansplaining
    O mansplaining é quando um homem explica a uma mulher um assunto simples ou alguma coisa da qual ela tem já tem domínio de forma óbvia e didáctica, subjugando a inteligência da ouvinte. O termo vem do inglês (man, homem e plainer, mais claro). O termo foi criado em 2008 pela romancista Rebecca Solnit após um homem lhe explicar um livro que ela própria escreveu. O episódio deu origem ao livro “Men Explain Things to Me”.
  • Repetir ideias expostas de outra forma
    Da mesma forma que explicar coisas óbvias a uma mulher subjuga a sua capacidade intelectual, explicar as suas ideias ao grupo de uma forma “mais didáctica” também a diminui. Isso porque mostra que, para a ideia ser aceita, ela precisa ser dita por um homem que muitas vezes acaba por ficar com os créditos.
  • Roubar ideias 
    As mulheres têm menor hipótese de ter as suas ideias correctamente atribuídas a elas. Algumas das grandes descobertas e criações da humanidade são creditadas a homens, quando na verdade foram mulheres as suas verdadeiras estrelas.Por exemplo, Ada Lovelace escreveu a primeira linha de código para ser processado em máquina no ano de 1843, o que a torna a primeira programadora da história. Porém, o reconhecimento como pioneira veio após Alan Turing ter referido o seu trabalho.
    Dentro do ambiente de trabalho, isso acontece quando um homem apresenta ideias de sua equipa como se fossem da sua autoria e aceita os créditos por elas, mesmo quando não se envolva na sua execução ou concepção.
  • Fazer piadas sobre TPM
    Quando se diz que a objectividade da colaboradores é devida à TPM (tensão pré-menstrual), está a reduzir-se os sentimentos femininos a hormonas. Isto é uma forma machista de diminuir a voz da mulher, pois a mesma atitude é interpretada de forma diferente quando vinda de um homem.

Evitar o machismo no trabalho

O machismo deve ser repudiado desde a abertura de uma vaga, por exemplo, até a consciencialização dos colaboradores relativamente à igualdade. Os processos devem ser revistos e repensados:

  • Entreviste o mesmo número de candidatas e candidatos
    É comum que algumas áreas sejam maioritariamente formadas por homens, um caso clássico é o mercado da tecnologia. Para promover a igualdade de género, entrevistar o mesmo número de candidatas mulheres e de homens para uma vaga garante que a equipa tenha diversidade.
  • Não pergunte sobre filhos
    Os filhos são um dever de ambas as partes. Perguntar a uma mulher questões como “quem vai tratar do seu filho enquanto trabalha?” ou “quem está com ele agora?” só reforça a ideia machista de que o cuidado da família é exclusivo da mulher, além de não fazer diferença na avaliação de competências da candidata. Ao invés, pergunte apenas o essencial na entrevista e ofereça auxílio-creche como benefício, independente do género do futuro talento contratado.
  • Dê espaço às mães
    Candidatas com filhos têm 44% menos hipóteses de serem contratadas do que mulheres sem filhos com qualificações semelhantes, além de sofrerem um controle mais rígido sobre a sua pontualidade. Oferecer horário flexível e maior autonomia, ou outras formas que valorizem o trabalho entregue, podem, de facto, tornar a equipa mais produtiva.
  • Pague salários iguais
    Cargos iguais devem ser remunerados de forma igual. A desigualdade salarial ainda permanece, pois as empresas não têm políticas claras de cargos e salários, o que impede que a colaboradora verifique se o seu salário está equiparado aos demais ocupantes do mesmo cargo.
  • Consciencialize os colaboradores sobre o assunto
    Promova eventos internos para falar sobre o assunto. É importante consciencializar todos para o ambiente de trabalho de forma a que os relacionamentos sejam saudáveis. Estabelecer políticas claras sobre assédio e as suas penalidades.

 

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