É preciso talento para recrutar talento

Uma pessoa que convence pessoas a trabalhar para uma empresa ou para se tornarem novos membros de uma organização: é esta a definição de “recrutador” que encontramos no Cambridge Dictionary, e que nos diz muito sobre a necessidade de termos argumentos fortes no momento de procurar alguém para responder a uma nova necessidade de contratação. Ora se queremos influenciar a decisão de uma pessoa, é melhor estarmos bem preparados, certo?

 

Por Eduardo Marques Lopes, Diretor de Marketing e Comunicação da Multipessoal

 

A implementação de estratégias de marketing para atrair e convencer talentos a juntarem-se a uma organização, conhecida como recruitment marketing, tem vindo a adquirir uma relevância crescente para as empresas na hora de ir ao mercado. Com um cenário cada vez mais competitivo e recursos cada vez mais qualificados, em grande parte dos sectores de actividade, já não basta traçar o perfil do candidato ideal e iniciar o processo de pesquisa e recrutamento. Às organizações é-lhes agora pedido que demonstrem quais os benefícios de trabalhar em prol do seu propósito, em troca de um conjunto de competências e experiência que o novo profissional possa trazer consigo.

O ponto de partida passa por cuidar e nutrir a relação dos membros que já fazem parte da equipa, fomentando uma cultura organizacional na qual as pessoas estão no centro. Não é por acaso que, num estudo recente da Boston Consulting Group em parceria com a World Federation for People Management Association, o talento surge como uma das áreas mais urgentes nas quais é preciso implementar ações inovadoras. Dos mais de 6.600 inquiridos, “85% dizem que o foco nas necessidades e expectativas dos colaboradores é um fator-chave de sucesso na intensificação da competição por talentos”.

Segundo este mesmo estudo, uma das prioridades para os líderes de recursos humanos deverá ser também a digitalização, onde se inclui o uso de novas tecnologias, tais como people analytics, aplicações com base na cloud, inteligência artificial e robótica. As organizações devem pensar nos recursos digitais como uma extensão dos recursos físicos, tirando partido da tecnologia para se aproximar do talento, para nutrir relações positivas e duradouras e para ter acesso a dados que permitam tomar decisões informadas.

Num momento em que se assiste a uma profunda mudança de paradigma no que ao trabalho diz respeito, é fundamental que não sejam deixados para trás processos tão importantes como o onboarding, a comunicação e colaboração e o acesso a informação. Por outro lado, é crucial fornecer ferramentas que permitam aos colaboradores trabalharem com autonomia, flexibilidade, equilíbrio e conforto.

Mais do que nunca, as organizações devem saber e procurar activamente ouvir, devem pensar em cada candidato como um indivíduo com necessidades, expectativas e prioridades específicas. Captar e reter talento passa por colocar o foco nas pessoas, nos ecossistemas em que se inserem e na forma como cada empresa se pode posicionar efectivamente como uma mais-valia para os colaboradores.

Há que deixar de ver o talento apenas como “mão-de-obra” e estabelecer relações significativas, com base no diálogo, na transparência e na reciprocidade. Há que definir um propósito claro e saber como partilhá-lo eficazmente. Por outras palavras, há que ter talento para recrutar talento.

 

 

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