Opinião: De olhos na singularidade

Temos de preparar a nossa força de trabalho para o impacto das tecnologias exponenciais, abrindo a nossa mente para a inovação e colaboração com outros sectores e novas instituições, em Portugal e lá fora.

 

Por Paulo Pisano, director de Pessoas da Galp

 

Vivemos numa sociedade que se move a um ritmo vertiginoso e com ciclos de mudança cada vez mais reduzidos. As transformações sucedem-se em todos os quadrantes, as alterações de hábitos, comportamentos e tendências acontecem em modo fast forward, o presente e o futuro já vivem de braço dado. Mesmo inconscientemente, somos empurrados a agir rápido e a reagir ainda mais depressa, porque temos de estar a par e antecipar, sob pena de ficarmos para trás.

Se esta realidade é válida para cada um de nós, enquanto indivíduos, ela ganha uma expressão ainda mais vincada no contexto empresarial. Sobretudo para grandes organizações como a Galp, com dimensão internacional e a actuar em mercados altamente competitivos, inovadores e repletos de desafios. Para operadores desta dimensão, pensar o amanhã não chega: é preciso ver mais além.

O sector energético é disso um exemplo perfeito, pois atravessa hoje uma fase de transformação sem pararelo na história recente da indústria. Seja pelo processo de descarbonização em curso, pelos novos modelos de negócio que surgem, as novas energias que despontam, a transição energética que se antecipa ou a acelerada transformação digital que vivemos e que tudo impacta, o mercado como o conhecemos até há poucos anos está a mudar a cada dia que passa.

Em todos esses desafios que o sector energético enfrenta, a vertente tecnológica surge como um traço comum, uma espécie de fio condutor que tudo liga. A Galp – que é historicamente uma empresa com uma forte matriz de inovação – vai naturalmente monitorizando as tendências mais vanguardistas nesta área, e foi nesse contexto que fomos acompanhando o trabalho pioneiro de profissionais como Ray Kurzweil ou Peter Diamandis, fundadores da Singularity U (SU).

Esse acompanhamento permitiu-nos identificar o trabalho exemplar que a SU desenvolve na preparação de líderes e de organizações para o futuro. E, por isso, enviámos no ano passado alguns colaboradores aos Estados Unidos para fazerem o curso executivo da SU. Desde então, começámos também a conversar para ajudar a trazer este projecto para Portugal. E acreditamos agora, como membros fundadores da Singularity University Portugal, que estaremos em condições de ajudar a preparar não apenas os nossos líderes na Galp, mas também em condições de contribuir para a preparação dos líderes do nosso país.

No que à Galp diz respeito, é preciso notar que a associação à SU ocorre numa altura em que a empresa tem uma perspectiva de crescimento ímpar no mercado energético. Ora, num período em que a complexidade no sector é crescente e em que o nosso processo de transformação e evolução exige cada vez mais dos nossos líderes, precisamos dar-lhes novas ferramentas e conhecimentos para assegurar que conseguem que o nosso negócio seja cada vez mais sustentável e resiliente.

Isso só acontecerá se conseguirmos trazer energia às pessoas num registo “accessible and affordable” – porque é esse o eixo do nosso negócio. Mas temos também de preparar a nossa força de trabalho para o impacto das tecnologias exponenciais, abrindo as nossas mentes, dentro e fora da empresa, para a inovação e colaboração com outros setores e novas instituições, em Portugal e lá fora.

Essa lógica de rede e de ecossistema é uma das grandes propostas de valor da SingularityU, que não trabalha apenas de forma excelente as matérias da tecnologia exponencial, mas conta também com um ecossistema global de colaboradores e alumni – com mais de 40 mil em todo o mundo – com quem podemos aprender e colaborar de forma inovadora.

Aliás, como membros fundadores da Singularity University Portugal, estamos já a trabalhar de forma colaborativa com os nossos colegas do ecossistema SU Portugal no desenvolvimento de novas ideias, programas criativos de educação empresarial, laboratórios de inovação e novas oportunidades de actuação, de forma a alavancar o impacto da SU para a economia e para a sociedade portuguesa.

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