Pensamento computacional para líderes mais humanos (e eficazes!)

Num cenário de (rápida) transformação digital, os gestores actuais procuram formas mais eficazes de liderar as suas equipas, através dos caminhos da evolução tecnológica.

Por Carlos Sezões, Managing partner da Darefy – Leadership & Change Builders

Uma abordagem cada vez mais pertinente e de elevado valor acrescentado é o designado “pensamento computacional”. Este conceito, introduzido pelo cientista norte-americano Seymour Papert, na década de 1980, pressupõe uma estrutura de resolução de problemas assente nos princípios da ciência da computação.

O pensamento computacional propõe dividir problemas complexos em partes geríveis, identificar padrões, abstrair princípios gerais e desenvolver soluções sequenciais. Esta abordagem não se limita à codificação ou programação, mas é um mindset versátil, perfeitamente aplicável em vários domínios. Os quatro componentes principais deste pensamento fornecem uma metodologia estruturada para lidar com questões complexas. Em concreto:

  • Decomposição: os contextos de incerteza apresentam desafios multivariáveis que podem sobrecarregar os gestores e as suas equipas. Ao empregar a decomposição, os líderes podem dividir estes problemas complexos em componentes mais pequenos e geríveis. Isto permite que as equipas se concentrem em tarefas específicas, facilitando a identificação de soluções e a alocação eficiente de recursos. Por exemplo, ao implementar uma nova ferramenta digital, um gestor pode dividir o projecto em fases e, de modo agile, garantir iteracções que conduzam a soluções optimizadas.
  • Reconhecimento de padrões: tal é crucial para prever tendências e tomar decisões informadas. O pensamento computacional incentiva os gestores a identificar padrões nos dados, processos e comportamentos. Esta capacidade de detectar problemas recorrentes (ou práticas bem-sucedidas) permite que as equipas aproveitem experiências passadas para resolver desafios actuais. Por exemplo, ao observar padrões nas interacções, desempenho e feedback da equipa, o líder pode obter insights sobre a dinâmica e níveis de engagement da mesma. Esta compreensão permite aos líderes resolver proactivamente possíveis problemas e reforçar comportamentos positivos, criando uma equipa mais coesa e motivada.
  • Abstracção: basicamente, há que filtrar detalhes desnecessários para nos focarmos nos aspectos essenciais de um problema. Esta competência é particularmente valiosa na transformação digital, onde grandes quantidades de dados e informação (big data) podem ser esmagadoras. Os gestores que praticam a abstracção podem destilar informações complexas em insights claros e accionáveis, ajudando as suas equipas a manter o foco nos objectivos essenciais – e reforçando um sentido de propósito.
  • Design de algoritmos: na essência, a criação de processos eficientes ou procedimentos, “step by step”. Os gestores podem aplicar este princípio para desenvolver fluxos de trabalho e etapas lógicas para as tarefas e “regras” para a tomada de decisões. Por exemplo, uma abordagem algorítmica à gestão de projectos pode envolver a definição de milestones, a atribuição de responsabilidades e o estabelecimento de pontos de revisão para manter o projecto on-time e on-track.

Em suma, o pensamento computacional oferece uma estrutura flexível, que pode alavancar uma liderança “human-centric”. Ao aproveitar os quatro passos descritos, os líderes podem endereçar melhor as necessidades das suas equipas, navegar pela complexidade da transformação digital e criar um ambiente de trabalho inovador e… eficaz!