Poder local e Gestão de Pessoas, uma cadeia de desenvolvimento!
Por António Saraiva, Business Development Manager na ISQ Academy
O designado Poder Local é uma das mais fortes conquistas das sociedades democráticas. Curiosamente, ou não, em tempos em que existem opções claras pelo exercício de actividades à distância, o maior conceito a este nível é designado de proximidade. Proximidade às pessoas na sua essência. Acima de tudo sustentado nos pilares de conforto das mesmas. Muito ao nível das infraestruturas básicas, dando resposta a melhores condições de mobilidade, segurança, redes de abastecimento e, também, acesso a informação.
Da mesma forma, e de forte relevo para as populações, o acesso à saúde, à educação, à cultura. Muito se discute em torno destes pilares. Logicamente que são discussões que irão alargar-se, sobretudo no País que hoje temos. A forte concentração no litoral, onde se encontra grande parte do tecido produtivo tenderá, cada vez mais, a ter consequências algo nefastas. Registamos casos de sucesso de deslocalização para o interior, ainda de forma ténue, e por via de uma opção familiar. É difícil compreender que as estatísticas não aumentem de forma significativa, depois de fortes investimentos, em particular na rede viária nacional e em outras infraestruturas mais básicas.
Existem autarquias locais a efectuarem esforços de marketing da sua região. Mas a captação de investimento é débil e com grandes obstáculos burocráticos. Existe sempre a aposta no turismo, se bem que em muitas regiões meramente sazonal. O teletrabalho, ou apenas o trabalho híbrido, pode ajudar a tomar decisões de fundo. Mas, como em muitos outros casos, ainda estamos a ser reactivos, quando deveríamos ter uma perspectiva muito mais estrutural, a qual gerasse factores de permanência mais consolidados e sustentáveis.
Muitos estudos já foram realizados, mas existe também uma forma muito curiosa de se colocarem planos de ação em marcha: se um dado concelho optou pelo turismo e teve sucesso, o concelho ao lado vai fazer a mesma opção, mesmo que não seja a sua… opção! O País é pequeno, mas de uma riqueza muito grande do ponto de vista de diversidade. Quando entramos em opções de larga escala, condicionamos as hipóteses de diversidade e, a seguir, reduzimos as apetências de deslocalização de pessoas e famílias.
Provavelmente, um País devidamente mapeado, com opções diversas, pode gerar fortes oportunidades. Oportunidades profissionais e de vida pessoal. E, aí, exige-se uma Gestão de Pessoas que cada autarquia poderá coordenar. Tal como nas organizações produtivas: captação de talento, onboarding, possibilidades de desenvolvimento pessoal e profissional, condições sociais, sanitárias, educacionais, culturais. No fundo, gerar-se a cadeia de valor de Gestão de Pessoas a um nível local, com as devidas adaptações.
Provavelmente, e em função de uma realidade como esta, a aposta em infraestruturas será recondicionada. Infraestruturas de proximidade, mas com garantia de qualidade e funcionalidade. A aposta em tantos “elefantes brancos” como se disso dependesse a importância de uma região, em que muitos deles são meros desperdícios financeiros, certamente terminariam. Mesmo num mundo global, o acesso à informação tanto se pode fazer num grande centro populacional com em locais de menor dimensão.
Mais uma vez, a Gestão de Pessoas, não é um fenómeno isolado e confinado a qualquer organização produtiva. É acima de tudo um desígnio dos tempos actuais. É acima de tudo criar as condições de conforto com aplicações práticas para a saúde física e mental das pessoas. Idealismo? Não! É a realidade actual em que já encontramos exemplos de sucesso!