Work Life Integration – a fórmula perfeita?

Estamos já limitados com horários quando o tema é trabalho: entrar às 9h00, trabalhar até às 12h00, hora de almoço até às 13h00, trabalhar até às 18h00 e pelo meio uma pausa cheia de culpa para beber um cafézinho – quando não se come à frente do computador para não dar espaço a esse peso.

Daniela Lesco, Talent Acquisition Specialist da Decode

 

E tempo para ir aos correios para levantar aquela encomenda que chegou há cinco dias? Os correios fecham às 18h00 e têm a mesma hora de almoço. Ir buscar o filho às 17h00? Não há como, é preciso acabar tudo “ainda hoje”.

A chegada da pandemia obrigou a que mais de um décimo da população do país começasse a exercer as suas actividades profissionais em regime de teletrabalho, o que trouxe a subversão dessa rotina. Há quem se tenha adaptado perfeitamente a este tipo de regime, porque lhes permitiu dar conta das outras tarefas que também fazem parte do seu dia-a-dia. Outros não lidaram tão bem, quer seja pela relação com a chefia, ou mesmo por motivos de saúde mental.

Facto é que os nossos horários mudaram. Gerimos o tempo de forma diferente, trabalhamos em horários diferentes, etc. Já podemos receber a encomenda em casa e podemos buscar o miúdo à creche sem as correrias de antes. Tudo se tornou possível, porque passamos mais tempo…em casa.

É com estas mudanças que se normalizam conceitos como work life balance e, mais recentemente, work life integration. Se, por um lado, o primeiro valoriza um tempo definido para a vida profissional e para a vida pessoal, separadamente, a ideia do segundo é a harmonização e a integração do campo profissional com o pessoal.

Mas, há assim tantas diferenças? Vamos a conceitos.

Work life balance parece o equilíbrio ideal, do ponto de vista do trabalhador, no sentido em que separa ambas as vertentes e permite a vida “fora de horas”. No entanto, origina um certo conflito entre elas. Uma espécie de competição entre a vida profissional e a vida pessoal, porque acabamos por compartimentar os dias em blocos de horas para trabalhar, e outros para o resto.

Por outro lado, a ideia de work life integration parece ser algo mais natural e orgânico, que acompanha a dinâmica de cada um, que respeita os ritmos e os timings e se pode moldar ao modo de vida de todos. É mais apelativo neste sentido, mas também pode ser um desafio tanto para o trabalhador – porque precisa de conhecer a sua própria dinâmica e ser capaz de cumprir o seu trabalho devidamente -, como para o empregador – que precisa da total confiança nos seus colaboradores.

Se tivesse que apontar para o conceito que retrata a fórmula perfeita, seria o work life integration, sem dúvida. Estamos a viver um tempo de transformação e de adaptação a uma nova realidade e acredito ser esse o caminho certo para uma relação saudável com o trabalho. Poder gerir os horários em função dos objectivos, sem sentir qualquer tipo de culpa por partilhar a vida pessoal com a profissional e vice-versa.

No entanto, independentemente de funcionarem melhor com um ou com outro, o cerne da questão não trata propriamente de vocabulário, conceitos ou definições. O objectivo é encontrar o nosso próprio equilíbrio e harmonizar as coisas de forma a evitarmos conflitos tanto internos, como externos.

A fórmula é a fusão entre a liberdade de horários com o compromisso, bom senso e confiança. É para aqui que devíamos caminhar nesta “nova realidade”.

 

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