42% dos colaboradores estão insatisfeitos com o seu salário. E mais de metade está à procura de um novo emprego

O Talent Trends 2024, um estudo global da Michael Page sobre as tendências no local de trabalho, mostra que 42% dos entrevistados que indicaram estar insatisfeitos com o seu salário actual, mais de metade (53%) procura activamente por uma nova função nos próximos seis meses.

 

O estudo mostra que em Portugal, o número de profissionais insatisfeitos com a sua remuneração actual aumentou para 56%, colocando o salário no topo dos motivos pelos quais se procura um novo emprego.

Este descontentamento criou um mercado laboral mais dinâmico, em que parte significativa dos colaboradores está aberta a novas oportunidades, procurando-as activamente, sendo motivada pela ambição de melhores salários. A maioria (82%) dos profissionais portugueses continua insatisfeita com o salário e procura novas oportunidades.

O estudo, na sua 2.ª edição, foi realizado junto de 50 mil inquiridos provenientes de 37 países e conclui que, por um lado, os colaboradores têm expectativas cada vez mais individualizadas que vão muito além dos benefícios tradicionais, como salários competitivos e flexibilidade.

Por outro lado, os empregadores lutam para satisfazer as necessidades dos colaboradores, ao mesmo tempo que enfrentam pressões externas significativas num ambiente empresarial em rápida evolução.

As conclusões do Talent Trends 2024, designado “The Expectation Gap”, revelam uma falta de alinhamento significativa que agrava as complexidades da dinâmica da força de trabalho actual e torna ainda mais difícil para os empregadores desenvolverem estratégias de Recursos Humanos que correspondam às expectativas de ambos os lados.

Com cinco gerações na força de trabalho, promover uma cultura dinâmica e inclusiva onde todos possam ser autênticos tornou-se cada vez mais desafiador para os empregadores. A nível global, apenas 26% acreditam que o seu local de trabalho é inclusivo e apenas 19% consideram que a sua equipa de liderança sénior é diversificada. Crucialmente, 69% dos inquiridos afirma não poder mostrar a sua verdadeira identidade no trabalho e 65% das pessoas que sofrem marginalização ou discriminação no trabalho disseram que não denunciam essa situação.

Embora as ferramentas de IA ainda não estejam totalmente implementadas em todas as funções, já estão a afectar as decisões de carreira das pessoas.

O estudo revela que três em cada 10 pessoas já utilizam a Inteligência Artificial nas suas funções actuais, e mais de metade (52%), acredita que terá impacto nos seus planos de carreira a longo prazo. No entanto, à medida que os colaboradores recorrem à liderança para obter orientação sobre estratégias de integração de IA, muitos dos empregadores ainda não estão em condições de oferecer esta integração, com apenas 38% a reportar que actualmente utilizam IA nas suas funções.

Quando analisados dados de Portugal, constata-se que 26% dos profissionais portugueses usam IA nos seus cargos actuais, ligeiramente abaixo da média europeia (30%).

Quase metade dos entrevistados (49%) que estão agora na empresa com mais frequência do que há um ano referem que se deve a mudanças na política da empresa. Mais de metade (53%) procuram activamente uma nova função e outro local de trabalho se as suas expectativas sobre a flexibilidade não forem corrrespondidas.

Em Portugal, o estudo conclui que a flexibilidade não é uma prioridade, é o país europeu que menos valoriza este factor, e o bem-estar continua a assumir um lugar de destaque. Em comparação com os resultados do Talent Trends do ano passado, a importância do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional manteve-se relativamente constante, até com uma ligeira queda na percentagem dos profissionais que a referem como prioritária. Ainda assim, continua a estar acima de outros factores, sendo valorizado pelos profissionais portugueses o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

O formato de trabalho híbrido está a mudar a forma como as pessoas trabalham em toda a Europa, estabelecendo novos padrões para o local de trabalho. Mas, em Portugal, esta média situa-se abaixo da europeia (43% dos profissionais tem um modelo de trabalho híbrido versus 52% na Europa).

Cerca de 29% dos profissionais que tem um modelo híbrido passa agora mais tempo no escritório do que há 12 meses, devido a mudanças na política da empresa apontadas por 44%, aumento das reuniões presenciais (23%). Uma minoria (14%) atribui ao facto de os colegas irem mais ao escritório.

Entre os profissionais mais jovens, especialmente na faixa dos 20, são mais os que preferem estar no escritório e que acham que conseguem retirar melhores oportunidades de progressão de carreira e a oportunidade de aprender com os seus colegas. Em Portugal, 13% dos que passam mais tempo no escritório do que há 12 meses e têm um modelo híbrido, fazem-no por acreditarem que é mais benéfico para o desenvolvimento das suas carreiras.

De acordo com dados do inquérito, 58% dos profissionais portugueses dão prioridade ao salário quando aceitam ou se candidatam a uma posição, um decréscimo de 5% em relação ao ano anterior. Por outro lado, 59% das empresas acreditam que oferecer um salário superior ao actual é essencial para se conseguir recrutar novos colaboradores; 61% das empresas vêem um salário competitivo como sendo importante para reter pessoas e 30% dos profissionais portugueses tentaram negociar um aumento salarial nos últimos 12 meses.

Tal como na Europa, os profissionais portugueses destacam-se por estarem dispostos a dar prioridade à saúde e ao bem-estar, em vez dos marcos profissionais mais tradicionais, uma tendência que aumentou desde 2023. Mais de metade (60%) afirma que rejeitariam uma promoção de significasse sacrificar o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. As mulheres, as pessoas com mais de 50 anos e as pessoas que estão satisfeitas com o salário actual têm uma maior probabilidade de escolher o bem-estar em detrimento de uma promoção.

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