60% das empresas nacionais têm dificuldade em recrutar
Segundo dados do estudo Talent Shortage 2021 do ManpowerGroup, 69% dos empregadores em todo o mundo relatam dificuldades na contratação, o valor mais elevado desde 2006, o primeiro ano da realização do estudo. O estudo mostra que 18% e 42% das empresas nacionais sentem muita e alguma dificuldade em recrutar, respectivamente, sendo que 29% afirma não ter dificuldade na contratação e 11% não sabe dar uma resposta.
O estudo mostra também que em Portugal a escassez de talento atinge também níveis historicamente altos e alcança os 60%, 3% acima do valor registado em 2019.
Em Portugal, as funções de Operações e Logística são aquelas que registam o maior número de empregadores a relatar dificuldades em contratar (25%), seguindo-se as funções de Indústria e Produção, com 20%.
Em vagas relacionadas com as áreas de Recursos Humanos, Administração e Office Suport, mas também Front Office, a escassez de talento é também uma realidade: 17%, 13% e 11% dos empregadores, respectivamente, assumem dificuldade em preencher estas posições.
Por fim, nas funções ligadas a Tecnologia e Data e a Vendas e Marketing, a dificuldade na atracção das competências certas é relativamente menor, sendo relatada por 8% e 4% dos empregadores, respectivamente.
A nível global e na Região EMEA, a maioria das empresas (27%) relatam igualmente dificuldade em contratar para funções de Operações e Logística. Já nas funções de Indústria e Produção, esse valor é de 22% na EMEA e 19% a nível global. Por outro lado, a dificuldade em contratar talento nas funções de IT e Data é claramente mais acentuada na região EMEA, onde atinge os 14%, colocando estas skills na terceira posição do ranking de maior escassez de talento.
Se já antes da pandemia a procura de competências transversais estava a crescer, com a aceleração da digitalização, aumenta a necessidade, por parte das empresas, de atraírem e comprometerem as competências soft que complementam a automatização e lhes conferem uma maior agilidade e resiliência face aos momentos de disrupção.
O estudo indica ainda que em Portugal, 32% dos empregadores definem a Responsabilidade e a Disciplina como a competência em maior escassez, em linha com o resultado a nível da Região EMEA (34%). Seguem-se a capacidade de Liderança e de Influência Social, mas também a Colaboração e o Trabalho em Equipa, ambas priorizadas por 26% dos recrutadores nacionais.
Já 24% dos empregadores nacionais define ainda a Resiliência, Tolerância ao Stress e Adaptabilidade como competências em falta, seguidas do Raciocínio e Resolução de problemas (21%). Competências como Pensamento Crítico e a Capacidade de Decisão foram a escolha de 19% dos empregadores. Por fim, 15% e 14% das empresas identificam a Aprendizagem Contínua e a Curiosidade, mas também a Criatividade e Originalidade, respetivamente, como as competências mais desafiantes de encontrar nos seus candidatos.
O mesmo estudo revela que é nas organizações de menor dimensão que a escassez de talento é mais sentida, com 67% das Microempresas e 69% das Pequenas empresas a declarar ter dificuldade em recrutar. A situação é ligeiramente atenuada no caso das Médias e das Grandes empresas, muito embora mais de metade destes empregadores – 52% e 58%, respectivamente – declarem também ter dificuldades em aceder ao talento que necessitam.
Inversamente, a nível global, a escassez de talento é sentida de forma mais acentuada nas Grandes empresas. 74% dos empregadores com mais de 250 de colaboradores identifica dificuldades em contratar, à semelhança de 72% das Médias empresas.
De acordo com o estudo, a escassez de talento é especialmente sentida no continente europeu. Em França, 88% dos empregadores revelam dificuldade em contratar, seguidos da Roménia, com 86%, e da Itália, com 85%. No polo oposto estão a China, Estados Unidos da América, Índia e África do Sul, países onde apenas 28%, 32%, 43% e 46% das empresas assumem a tarefa de adquirir as competências que procuram nos candidatos como um obstáculo.
Os dados de Talent Shortage foram extraídos de entrevistas realizadas a 42.000 empregadores globalmente.