Ordenado líquido dos portugueses caiu 107 euros em dois anos
Os trabalhadores por conta de outrem sofreram um corte salarial histórico no primeiro semestre deste ano. O dinheiro que efectivamente levam para casa está a cair desde início de 2010; e com especial rapidez desde que Portugal pediu o programa de ajustamento à troika, em Maio do ano passado.
De acordo com cálculos do «DN/Dinheiro Vivo» a partir dos dados do Banco de Portugal relativos a todas as transferências de ordenados feitas pelas empresas por via bancária (mais de 1,9 milhões de casos ou seja, grosso modo, pessoas), o primeiro semestre significou menos 370 euros em ordenados por pessoa (valor médio), ou mais de 60 euros líquidos a menos por mês.
No conjunto do primeiro semestre, o salário líquido médio ronda os 1.020 euros mensais, 107 euros abaixo do valor de há dois anos (eram 1.127 euros). A base de dados mostra que é preciso recuar oito anos para encontrar um salário tão baixo.
Os dados do banco central permitem ainda observar que há muito menos gente a receber ordenado em Portugal, algo que, em boa parte, é explicado pela forte destruição de empregos que afecta a economia.
Há um ano, em Junho de 2011, foram registadas cerca de 1.979.200 transferências para pagamento de ordenados, valor que agora está 3,6% abaixo (ou menos 71 mil). O número de ordenados creditados está a cair de forma consecutiva desde fevereiro.
Nunca tal tinha acontecido, nem nas recessões de 2009 e 2003. Estes números são consistentes com o ritmo de destruição de empregos na economia, também ele o mais agressivo em décadas.