Soft Skills em destaque no evento anual da My Change
A quinta edição do evento anual da consultora My Change, dedicado ao tema «Soft Skills, Strong Changes», realizou-se sexta-feira passada, no Hotel Iberostar, em Lisboa. A tónica do evento esteve na partilha de experiências de transformação por parte de gestores de empresas, destacando-se as histórias em que as soft skills foram ingrediente fundamental.
As matérias da gestão do desempenho, performance e do desenvolvimento de competências dos colaboradores nas organizações tem vindo a alterar-se nos últimos anos. Antes, as hard skills eram fundamentais, mas o paradigma mudou e actualmente é necessário algo distinto, que mantenha as pessoas em linha com as exigências do mundo em que vivemos e trabalhamos, e que facilite a cada vez mais necessária interacção com os outros. Aí entram as soft skills.
A abrir o “Sharing My Change” deste ano esteve António Martins da Costa, administrador do Grupo EDP, que falou dos desafios que as pessoas enfrentam no seu dia-a-dia de trabalho e as diferentes competências que são necessárias, destacando a importância crescente das soft skills. O administrador fez notar que «o mundo do trabalho está volátil, incerto, complexo e ambíguo», e que, para fazer face a esta realidade, há outro VUCA que assume importância: vison (visão), understanding (compreensão), clarity (clareza) e adaptability (adaptabilidade). E destacou a cada vez maior relevância da gestão em ambientes multiculturais.
O responsável destacou ainda as competências que se destacam como fundamentais para o século XXI – pensamento crítico, comunicação, colaboração e criatividade, alertando que são temas que não se ensinam nas escolas – onde há um sistema passivo em que se recebe informação e ela é dada como adquirida.
António Martins da Costa falou ainda de ambientes de baixo contexto (tarefa, explícito) e de alto contexto (relacionamento, subentendido) e de diversos tipos de colaboradores que se encontram nas empresas e que é preciso gerir: “mercenários” (motivados mas não fidelizados), apóstolos (motivados e fidelizados), terroristas (nem motivados nem fidelizados) e reféns (desmotivados mas fidelizados).
Equipas de alto desempenho
No painel “Projectar e construir equipas de alto desempenho”, que contou com a moderação de Susana Catrogra Gomes, directora de Recursos Humanos da Abanca, participaram António Carlos Rodrigues, CEO do grupo Casais, Paulo Correa, CEO da Keeptalent Brasil, Eduardo Netto de Almeida, CEO da Lanti, e Rodrigo Sampayo, administrador da Openbook.
Das partilhas dos quatro responsáveis, destacaram-se três ideias principais:a importância da confiança,da comunicação e do ambiente de trabalho.
Paulo Correa afirmou que «as pessoas só conseguem colaborar se estiverem inseridos num ambiente de confiança», Eduardo Netto de Almeida concordou, relevando que não só procura pessoas de confiança para a sua, como pessoas que tenham confiança no projecto, em si próprios e na equipa, pois «uma boa equipa aumenta a autoconfiança».
Já António Carlos Rodrigues, defendeu que «quando estamos em crise, é essencial comunicação», partilhando que foi a aposta que fizeram quando, em 2010 e 2011 passaram por uma situação de crise, e que ajudou a que 2012 acabasse por ser um ano de grande crescimento. O administrador da Openbook, por sua vez, salientou que, quando um arquitecto faz o projecto pensa no impacto que isso vai ter para os colaboradores. Não é só a estética que conta, o ambiente de trabalho é fundamental», afirmou.
Soft skills na transformação estratégica
O segundo painel – «Soft skills na transformação estratégica» – foi moderado por Rita Resendes, head of People Development da Fidelidade, contando com os testemunhos de José Redondo, administrador da Bial; Sérgio Luciano, CEO da Quilaban; Ana Carvalho, administradora da COSEC – Companhia de Seguro de Créditos e Dora Moita, administradora da Imprensa Nacional – Casa da Moeda.
Dora Moita não tem dúvidas de que, a mudança por que a Imprensa Nacional – Casa da Moeda tem passado só tem sido possível porque conseguiram criar o sonho e o desejo de mudança nos colaboradores. José Redondo, por outro lado, começou por referir que apenas 1% das empresas atinge os 100 anos e não escondeu que o foco da Bial é o doente, sendo essencial apostar na diferenciação através da investigação, não esquecendo no entanto os desafios da farmacêutica no que respeita à Gestão de Pessoas: estar presente em diversos países, com diversas culturas e adaptar-se a essas diferentes culturas. «É importante as pessoas acreditem nos valores e no propósito das empresas», frisou.
Também Sérgio Luciano destacou a importância do propósito, partilhando que, para a Quilaban, o sucesso tem passado por três factores: a gestão da mudança, a gestão de líderes e o propósito. Já Ana Carvalho enfatizou a mudança que o sector dos seguros tem vivido e a importância da transformação digital e da confiança.
O evento encerrou com a palestra de Fred Canto e Castro, que propôs uma reflexão que levou os participantes a um momento de introspecção.
De referir ainda que durante a quinta edição da conferência anual da My Change foi lançada a obra “Sharing My Change – Viagem pela Gestão da Mudança”, coordenada por Maria João Martins e Teresa Fialho, sócios fundadoras da consultora especializada em Gestão de Mudança, e Pedro Ramos, director de Recursos Humanos da TAP Air Portugal, que reúne «grandes e inspiradoras viagens contadas na primeira pessoa por grandes nomes da Gestão em Portugal».
Por Margarida Lopes