Grupo Vila Galé: Os colaboradores como embaixadores da marca
Com mais de três mil colaboradores em Portugal e no Brasil, o Grupo Vila Galé tem uma política de Comunicação Interna assente na partilha, motivação e envolvimento de todos.
34 hotéis, mais de três mil colaboradores e uma marca que atravessa o oceano para ligar Portugal e o Brasil. A esta dimensão junta-se um quadro de colaboradores multigeracional, com diferentes necessidades, objectivos e formas de olhar para a sua própria carreira. Para perceber como funciona a Comunicação Interna de uma empresa com toda esta diversidade, a Human Resources Portugal falou com Gonçalo Rebelo de Almeida, administrador do Grupo Vila Galé.
Quais os principais valores e pilares do Grupo Vila Galé?
Trabalhamos para ser uma empresa com um crescimento económico sustentável, mas também tendo em atenção um desempenho social e ambientalmente responsável. Além disso, fazemos questão de cumprir os nossos compromissos com colaboradores, clientes, fornecedores e parceiros a tempo e horas. Actualmente, a Vila Galé ocupa a 182.ª posição na lista das 200 maiores empresas de hotelaria do mundo, feita anualmente pela revista Hotels. Tivemos uma boa subida face ao ranking anterior, em que estávamos em 198.º lugar. Temos pilares e orientações em várias frentes. Relativamente às equipas, privilegiamos a simpatia, formação e valorização dos colaboradores, dando oportunidades de progressão, mas também disponibilidade, capacidade de adaptação, versatilidade e eficácia. Do ponto de vista da actividade e operação, não abdicamos do respeito pelo meio ambiente e procuramos um crescimento contínuo, mas equilibrado, sem dar passos maiores do que as pernas. As escolhas guiam-se pela localização, qualidade, padrões elevados de serviço e oferta de produtos diferenciados. Mas tudo se conjuga sob o lema que é o “Estar sempre perto de si”.
“Estar sempre perto de si” é a vossa filosofia. De que forma a concretizam junto dos colaboradores?
É essencial que esta filosofia esteja bem vincada em tudo o que fazemos, tanto no relacionamento com o cliente como na interacção entre colaboradores e equipas. Para ter sucesso na hotelaria é essencial que quem trabalha nos hotéis se sinta bem, tenha sempre um sorriso e esteja motivado porque só assim é que conseguiremos acolher bem e ter clientes satisfeitos. Os colaboradores são os nossos primeiros embaixadores. Assim, é fundamental que todas as nossas políticas de Recursos Humanos estejam alinhadas com esta filosofia. Isto significa que, em primeiro lugar, temos de assegurar a satisfação e valorização dos nossos colaboradores, o que passa por oferecer benefícios extensíveis aos agregados familiares, como descontos nos serviços Vila Galé e em empresas parceiras, prémios de desempenho, formação adequada, comunicação interna equilibrada, eventos motivacionais interessantes, bom clima organizacional e possibilidade de progressão na carreira pelo reconhecimento e mérito.
Esta nossa filosofia, “Estar sempre perto de si”, tem sete eixos – Atrair, Integrar, Retribuir, Desenvolver, Motivar, Avaliar e Comunicar – que guiam a nossa Comunicação Interna e Externa e, consequentemente, a nossa forma de actuar e de nos posicionarmos enquanto rede hoteleira, mas também enquanto entidade empregadora.
A que novas necessidades a Comunicação Interna tem vindo a dar resposta no Grupo Vila Galé?
A Comunicação Interna é crucial em qualquer empresa, mas mais ainda em hotelaria, uma actividade de pessoas para pessoas em que é essencial o bem receber. Na Vila Galé tentamos que a Comunicação Interna seja uma forma de assegurar o lema da empresa, ou seja, que estes pilares e eixos perdurem, que haja boa recepção e integração de quem chega e que se promova a motivação, o sentido de pertença e o envolvimento de todos. Tendo em conta que temos hoje 34 hotéis, 25 em Portugal e nove no Brasil, e que temos mais de 3000 colaboradores nos dois países, só mesmo através de boas ferramentas de Comunicação Interna é que conseguimos que todos estejam alinhados com os valores da empresa e os padrões da marca, mas também se sintam parte de uma organização à qual queiram realmente pertencer.
Quais as vossas mais recentes apostas em termos de Comunicação Interna, quer em iniciativas, quer em ferramentas?
Tendo em conta que o bom acolhimento e a fácil integração de quem chega é essencial para nós, lançámos recentemente o programa “Mentores Vila Galé”. Tentámos encontrar internamente colaboradores que quisessem ensinar e inspirar os que entram através da partilha de experiências, dos valores e da cultura da Vila Galé, envolvendo-os e inspirando-os. Tem corrido muito bem e de ano para ano aumenta o número de mentores, que, por exemplo, organizam sessões de formação sobre a identidade organizacional.
Por outro lado, estamos sempre atentos às tendências e temos vindo a adaptar os canais e ferramentas que já usávamos para a questão do digital e da partilha.
Quais as ferramentas ou iniciativas de Comunicação Interna mais valorizadas pelos colaboradores?
Nesta lógica da digitalização e da partilha, temos uma rede social interna que tem muita adesão. Todos gostam de partilhar ideias, fotos, acontecimentos nos diferentes hotéis. Há sempre muitos posts e interacção através deste canal. Temos também alguns eventos motivacionais e de teambuilding como o TVG – Todos Vila Galé, que também são muito apreciados.
A guerra pelo talento é um dos principais desafios que se apresentam ao sector da hotelaria e restauração. De que modo pode a Comunicação Interna desempenhar um papel importante neste âmbito?
Hoje, a captação e, sobretudo, a retenção de talento é um dos principais desafios não só da hotelaria, mas de praticamente todas as actividades. Temos cada vez mais que conseguir cativar, motivar, inspirar. Na Vila Galé acreditamos que a Comunicação Interna é um veículo incontornável para aproximar colaboradores e equipas de diferentes departamentos e níveis hierárquicos. A ideia é que, dessa forma, se estimulem as boas práticas, o espírito de equipa, a motivação e o bom clima organizacional, o que acabará por levar quem está na empresa a querer continuar. Por outro lado, esta é a via que privilegiamos para divulgar cursos de formação, oportunidades de carreira, benefícios para os colaboradores e respectivas famílias ou programas internos de mobilidade, que sustentam a nossa estratégia de gestão de talento e as políticas de Recursos Humanos. E ainda para destacar alguns programas internos como o “PIM – Programa Interno de Mobilidade” e o “Traz um Amigo”, que incentiva os nossos colaboradores a sugerirem amigos ou familiares para as vagas em aberto. A nossa Comunicação Interna, juntamente com o reconhecimento, a notoriedade da marca e os planos de expansão, joga a nosso favor quando se trata de atrair e reter talento.
Aproximar os colaboradores, estimulando o espírito de equipa e o bom ambiente laboral, é essencial para o sucesso da vossa actividade? Que papel é aqui reservado à Comunicação Interna?
Sim, o nosso objectivo é precisamente esse: inspirar os que entram, envolvendo-os na cultura do Grupo Vila Galé. Só assim conseguimos um serviço de excelência, boa atenção ao cliente, com qualidade e simpatia. Os colaboradores são os primeiros embaixadores da marca e, tal como já referi, para que se sintam bem, é essencial que a Comunicação Interna acentue a cultura de proximidade no relacionamento entre todos, de abertura e sem excesso de formalismo, que seja simples, pouco burocrática, aberta, transparente, com espaço para a partilha de opiniões. Acima de tudo, é preciso que seja equilibrada. Há que tirar partido das novas tecnologias, mas sabendo sempre que o mais importante são as pessoas. Isso é particularmente importante se tivermos em conta a diversidade etária e cultural entre as equipas. Para que tenha sucesso a Comunicação Interna tem de ser inclusiva e chegar também aos que não têm um smartphone, por exemplo. Daí que também nos esforcemos para conciliar todos os canais que utilizamos, dos mais tradicionais aos mais recentes.
De que forma se promove a bidireccionalidade da comunicação na Vila Galé?
Temos várias ferramentas que trabalham essa vertente da bidireccionalidade e da transversalidade, como as avaliações anuais de clima organizacional; o programa Inova Motivar, através do qual pedimos aos colaboradores que apresentem ideias de melhorias ou empreendedoras e, premiando trimestralmente, as melhores; as convenções de balanço e planeamento; a rede social interna; os diferentes softwares que temos para partilha de informação em tempo real; ou o programa de desenvolvimento pessoal, que é traçado de forma muito próxima entre os colaboradores e as suas chefias. Tentamos ao máximo estimular o engagement com os colaboradores.
Como é que a Vila Galé adapta e antecipa a estratégia de Comunicação Interna?
Apostamos muito na simplificação da mensagem, na instantaneidade, na reacção rápida e nesta tendência para que tudo se passe em segundos, através de cliques. Há cada vez mais recurso à emotividade, a mensagens directas centradas em imagens e vídeos, à linguagem informal, ao storytelling. Esse será o caminho para envolver o colaborador, mas de forma inovadora e interessante, até porque sabemos que é importante melhorarmos constantemente a employee experience e sermos vistos também como uma marca de empregador.
Que objectivos pretendem alcançar até ao final de 2019?
Temos vindo a trabalhar no novo Portal do Colaborador, que será lançado primeiro em Portugal e depois no Brasil. E continuaremos a tentar acompanhar o mais possível a evolução digital e tecnológica, mas também as novas tendências na área dos recursos humanos para conciliar os diferentes canais e ferramentas. No caso da Vila Galé, temos de perceber que temos um universo multigeracional. Pouco mais de 50% das pessoas que trabalham no grupo pertencem aos baby boomers e geração X, e os outros 50%, aos millennials e à geração Z. Daí esta preocupação de ter uma Comunicação Interna universal, coerente e compreensível para todos.
Há algumas novidades para o ano 2020 que queira desde já partilhar?
Será um ano em que teremos mais duas aberturas em Portugal, na Serra da Estrela e em Alter do Chão, e uma no Brasil, em São Paulo, pelo que continuaremos a ter uma grande necessidade de bons
recursos humanos.
Este artigo foi publicado na edição de Setembro da Human Resources, no caderno especial sobre Comunicação Interna.