As pessoas como eixo estratégico do negócio
Na Mercadona, os objectivos de Recursos Humanos estão alinhados com a estratégia global, partindo da mesma base – o Modelo de Qualidade Total –, que assenta na satisfação de cinco componentes: o “chefe”, o colaborador, o fornecedor, a sociedade e o capital.
Por Ana Leonor Martins
Há um ditado que diz “de Espanha, nem bom vento nem bom casamento”, mas a Mercadona parece provar o contrário. A primeira loja abriu em Portugal em Julho de 2019 e, em menos de seis meses, abriram mais nove, contando já com cerca de 900 colaboradores A construção da equipa foi o desafio inicial de Maria João Ferreira, directora de Recursos Humanos para Portugal que, agora, acumula outras prioridades: a formação e desenvolvimento das suas pessoas. A premissa base é assegurar que estejam satisfeitas e comprometidas a 100%, pois só assim podem satisfazer o “chefe”, ou seja, o cliente.
A Mercadona abriu a primeira loja em Portugal em 2019, mas o processo de recrutamento começou bem antes, o que, provavelmente, explica como em menos de seis meses contam já com 10 lojas e cerca de 900 colaboradores. Começaram logo em 2016, não foi? Como foi o processo?
Sim… Quando anunciámos a entrada da Mercadona em Portugal, em Junho de 2016, iniciámos simultaneamente os primeiros processos de recrutamento, com o apoio de uma consultora de Recursos Humanos especializada no mercado português. Nesse momento, as ofertas eram direccionadas para quadros intermédios, de forma a construirmos as bases necessárias para termos parte da estrutura e das posições-chave da empresa para liderar este projecto.
Numa altura em que tanto se fala de escassez de talento, sentiram dificuldades de recrutamento? Sendo que a escala em Espanha é muito maior, diria que em Portugal tem sido mais fácil ou mais difícil recrutar?
Consideramos que o nosso modelo e as políticas de Recursos Humanos subjacentes e que temos vindo a implementar promovem a satisfação dos colaboradores e, consequentemente, se convertem num factor de atracção. Paralelamente, o trabalho desenvolvido por todos os departamentos, como por exemplo Obras e Expansão ou Relações Externas, impulsionou igualmente a projecção da Mercadona como entidade empregadora, já que, tratando-se de um projecto novo, a primeira internacionalização da empresa líder do sector da distribuição em Espanha, acabou por tornar todo o processo mais simples e apelativo.
Que estratégia delinearam, em termos de Gestão de Pessoas, para Portugal? Quais são as prioridades?
O nosso objectivo é, todos os dias, abrir as persianas das nossas lojas e que os nossos “chefes” – como designamos os nossos clientes – sejam recebidos sempre com um sorriso. Os nossos esforços estiveram – e continuam a estar – centrados na contratação, formação e evolução dos colaboradores e, para garantir estes três processos, aquando da internacionalização, fizemos uma aposta clara no sentido de ter uma equipa local. Sendo uma empresa portuguesa com origem espanhola, desta forma conseguimos unir as valências de ambas as equipas, tanto de Portugal, como de Espanha, para implementar a estratégia global e promover a cultura organizacional de que tanto nos orgulhamos.
Definiram, desde logo, uma premissa: “Em Portugal, queremos ser portugueses.” Como concretizam essa vontade, mantendo ao mesmo tempo a cultura Mercadona?
Somos uma empresa portuguesa, de origem espanhola, cuja cultura empresarial está assente no Modelo de Qualidade Total, transversal a ambos os países, o que nos ajuda a ser coerentes na tomada de decisões. De forma global, começámos por criar uma sociedade portuguesa – a Irmãdona, Supermercados SA – para contribuirmos para a criação de emprego e riqueza no País, colaborando de forma mais aprofundada com fornecedores e organismos locais. O contributo que todos os colegas de Espanha têm dado ao projecto de internacionalização é essencial para que possamos continuar, com toda a humildade que nos caracteriza, a aprender e a melhorar os nossos processos.
Mas, então, o que diria que caracteriza a cultura Mercadona?
A cultura da Mercadona está assente no referido Modelo de Qualidade Total e destaca-se por ser uma cultura baseada no esforço. É com este esforço constante que queremos construir a Mercadona do futuro: com uma equipa de alto rendimento, coesa e focada em atingir a excelência no seu trabalho, cujo envolvimento e produtividade são as garantias de crescimento da empresa.
Leia a entrevista na íntegra na edição de Fevereiro da Human Resources, nas bancas.