Salários crescem a ritmo mais lento
No ano passado, o crescimento dos salários reais (ajustados pela inflação) manteve-se abaixo dos níveis anteriores à crise, mas os trabalhadores dos países desenvolvidos foram especialmente afectados e viram as suas remunerações cair 0,5%. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) alerta que esta diminuição terá impactos na procura interna.
O Relatório Global sobre Salários 2012/2013, divulgado na passada sexta-feira, revela que, em termos globais, o crescimento dos salários médios reais (ajustados pela inflação) registou um abrandamento. Em 2011, as remunerações cresceram 1,2%, valor que contrasta com o crescimento de 2,1% alcançado em 2010.
Mas o principal impacto sentiu-se nas economias desenvolvidas – em que se inclui Portugal. Os salários caíram 0,5%, mais do que em 2008, ano que antecedeu o pico da crise económica e financeira e em que se verificou um queda de 0,3% nas remunerações.
«O relatório mostra claramente que em muitos países a crise teve um forte impacto nos salários e, consequentemente, nos trabalhadores», destacou o director-geral da OIT, Guy Ryder.
O relatório conclui ainda que, entre 1999 e 2011, a produtividade média do trabalho nas economias desenvolvidas aumentou mais do dobro do que o salário médio. Isso teve como resultado uma mudança na distribuição dos rendimentos nacionais: a parte afecta aos rendimentos do trabalho diminuiu, enquanto a parte do rendimento do capital aumentou na maioria dos países.
No relatório, a OIT defende que a fixação de salários mínimos é uma medida indispensável para combater a pobreza no trabalho, já que «centenas de milhões de assalariados nos países em vias de desenvolvimento ganham menos de dois dólares por dia» e, nos EUA e na Europa, os trabalhadores pobres representam 7% e 8% da população empregada.