Chegou o “Airbnb dos coworks”. Agora vai poder trabalhar a partir de um restaurante da praia, galeria de arte ou até num teatro

Chega agora ao mercado a empresa que se apresenta como o “Airbnb dos coworks”. Dá pelo nome de Out Of Office e quer inovar fugindo os coworks tradicionais ou de escritórios. Para tal, pretende surpreender os clientes com a oferta de espaços “cool” e “trendy”, como restaurantes, bares e hotéis, como referiu em entrevista exclusiva à Human Resources, José Luís Pinto Basto, responsável pelo projecto. 

Por Sandra M. Pinto

 

O trabalho remoto é uma tendência que parece ter vindo para ficar. Estima-se que, até 2025, 70% das pessoas estará a trabalhar remotamente pelo menos cinco dias por mês. «Poder escolher a partir de onde se quer trabalhar é um privilégio e, principalmente agora, considerado algo “cool” e bastante na moda», refere José Luís Pinto Basto, «revelando que o objectivo da Out Of Office «é oferecer a estes profissionais a possibilidade de escolherem um lugar ideal e diferente para trabalhar todos os dias, melhorando, assim, a sua experiência de teletrabalho».

 

Como surgiu a ideia de fundar a Out Of Office?
Nos Estados Unidos, onde vivo há três anos, este conceito já existe há bastante tempo. Aliás, era algo que se via ainda antes da pandemia. Eu mesmo cheguei a ir para alguns desses espaços que fogem aos co-works tradicionais e onde se pode trabalhar, e a sensação era incrível. Por exemplo, em Nova Iorque existe um espaço que é a Soho House, que funciona como um Member’s Club, e onde se pode estar a trabalhar. Quando ia para lá, sentia que o espaço era tão diferente e inspirador, que serviu mesmo como fonte de inspiração para este projeto.

Com a chegada da pandemia, vi que esta era a oportunidade ideal de lançar um projecto como este: agora que  experimentaram o teletrabalho e as suas enormes vantagens, a maioria das pessoas não vai querer abrir mão dele.

Mas ao mesmo tempo, muitas vezes, trabalhar de casa não demonstrou ser o ideal. E o que nós queremos oferecer são espaços inspiradores, que dão ainda mais vontade de trabalhar, a passos de distância da casa das pessoas. Além disso, ao mesmo tempo que teriam uma oferta de espaços para onde ir trabalhar, as pessoas estariam a ajudar os restaurantes, os cafés, os hotéis e outros espaços a superar esta crise que acabou por se instalar. Achei que este era o momento ideal para lançar, por haver este match enorme de necessidade por parte das pessoas e uma oferta ainda maior dos espaços, que mais do que nunca precisam de ter uma receita adicional.

Quantas pessoas fazem parte da vossa equipa?
Neste momento sou eu e a Maria Lopes da Silva, que está em Portugal e é responsável pela Comunicação e pelo Marketing da Out Of Office.

Apresentam-se como o “Airbnb dos coworks”. Porquê?
Tal como o AirBnB trouxe a oportunidade de qualquer pessoa tornar a sua casa um hotel, a Out of Office permite tornar qualquer espaço num cowork. Desde um restaurante, um café, um hotel, até mesmo uma loja, uma galeria de arte, um museu, um teatro… todos eles podem ser espaços de cowork altamente inspiradores.

Adicionalmente, o próprio funcionamento da Out Of Office tem muitas semelhanças, como marketplace: os espaços inscrevem-se por si e criam as próprias páginas (como donos de casas) e são encorajados a prestar o melhor serviço possível, já que temos um sistema de reviews.

Falam em lugares “cool” e “trendy”, pode dar alguns exemplos?
Queremos ter espaços que têm uma decoração inspiradora e moderna, que tenham uma determinada localização ou vista. No fundo, que de alguma forma de diferenciem dos coworks tradicionais. Neste momento, temos, por exemplo, o Seen, o Sky Bar Oriente, o Sublime Beach Club, o Selina, que são espaços “cool” e “trendy”.

Estão abertos a mais parcerias?
Claro que sim. Aliás, neste momento já estamos a fechar outros parceiros. Posso até adiantar que um deles fica no Porto e outro é um hotel de cinco estrelas.

Podemos então referir que esta é também uma forma de apoiar esses sectores…
Sem dúvida. Essa foi também uma das razões que me levou a criar a Out Of Office.

As minhas tias (irmãs do meu pai) têm uma cadeia de restaurantes de comida saudável (chama-se Origem) e, como o resto do setor, sofreram muito com esta crise do Covid. Enquanto estava a pensar em soluções para as poder ajudar, surgiu-me esta ideia.

A que género de profissionais se dirige este serviço?
Na verdade, penso que a Out of Office é ideal para qualquer tipo de profissional que tenha a possibilidade de trabalhar fora do escritório 2 a 3 dias por semana e procure uma alterativa à sua casa. Mas acreditamos que quem poderá começar por aderir já a este serviço serão os nómadas digitais, os freelancers, os criativos e os empreendedores, que já utilizavam os cafés com o mesmo propósito.

Que vantagens têm os profissionais que escolhem o Out Of Office?
O Out of Office vai sobretudo melhorar a experiência do trabalho remoto. Não há dúvida de que a grande maioria das pessoas vai incorporar o teletrabalho na sua semana (pelo menos num ou dois dias), porque traz muitos benefícios. Mas nem toda a gente tem uma boa casa para trabalhar ou, mesmo que tenha, pode sempre momentos do dia em que faz falta um local melhor para se concentrar.

A Out of Office vem resolver este problema, oferecendo diversidade e flexibilidade, através de uma rede de espaços inspiradores, onde cada utilizador pode escolher um local de trabalho diferente todos os dias, que dá ainda mais vontade de trabalhar, proximidade, uma vez que estes espaços estão já espalhados pelas cidades permitindo criar uma rede extensa. O utilizador vai pode sair de casa e em poucos minutos estar a trabalhar no café do seu bairro. Oferecemos, também, uma forma de aumentar a sua produtividade, em espaços mais económicos do que os coworks tradicionais.

Se eu quiser usufruir do vosso serviço como devo proceder?
Devo aceder à plataforma, onde o processo de fazer reservas é muito simples, rápido e intuitivo. Funciona em computador e mobile, tornando muito fácil fazer uma reserva on the go. Além disso, posso reservar um espaço para o dia e as horas que entender com até uma semana de antecedência.

Há alguma limitação de horário?
Os espaços têm a liberdade de definir as horas que querem oferecer para a Out of Office.

Além do espaço que outros serviços oferecem (computador, telefone, impressora…)?
Os serviços dependem de espaço para espaço, mas normalmente oferecem wi-fi e tomadas perto do local atribuído ao utilizador.

Em que cidades portuguesas se pode encontrar a Out Of Office?
Para já, apenas em Lisboa e na praia da Comporta. Apesar de a Out of Office estar a começar em Lisboa, a ambição é mesmo ter uma rede nacional que concretize a nossa visão de oferecer às pessoas a possibilidade de “work from anywhere”.

Imagine poder ir para o Alentejo durante a semana com a família e ter um escritório “away from home”.

Ou ir para o Algarve no verão e fazer umas horas de trabalho fora de casa, concentrado, num espaço Out of Office. É isso que queremos oferecer com a Out Of Office.

Olhando para o mercado de trabalho hoje qual é o vosso maior objetivo?
Criar um movimento, uma nova forma de trabalhar. Acima de tudo, tornar realidade o “work from anywhere”. Queremos que esta rede seja, de facto, vista pelas pessoas como uma alternativa real ao teletrabalho e aos espaços de cowork tradicionais, e ter uma rede nacional e internacional que as permita viver e trabalhar de onde quiserem, e ter a Out of Office como parceiro.

Acreditam que o futuro do trabalho está num modelo híbrido?
Sem dúvida. Aliás, isso já está a acontecer com empresas como a Apple, o Google, o Facebook, o Spotify, a Revolut, que implementaram modelos híbridos. E não param de sair estudos e reportagens que apontam para isso mesmo – do
NY Times à Mckinsey, Bloomberg, Business Week, Harvard Business Review. Todos indicam que o impacto desta pandemia na forma como trabalhamos é algo que vai ser permanente. Agora que as pessoas e as empresas experienciaram os benefícios do trabalho remoto, não estão dispostas a abrir mão dele.

Acreditamos que o futuro do trabalho está exatamente num modelo híbrido, onde, volto a dizer, os trabalhadores poderão trabalhar fora do escritório durante dois ou três dias por semana, dando-lhes uma maior escolha a partir de onde e quando querem trabalhar.

Qual identificam ser o vosso maior desafio no curto/médio prazo?
A nossa visão é sermos a empresa top of mind de soluções para o futuro do trabalho, tanto para os utilizadores como para os donos de espaços. Para os utilizadores, queremos ser uma comunidade inspiracional e aspiracional, onde os nossos clientes têm acesso não só a estes espaços, como a soluções de produtividade em trabalho remoto, lifecoaches, entre outros.

Para os donos dos espaços, acreditamos que podemos ser parceiros, no futuro, de promotores imobiliários que queiram criar espaços de trabalho mais inspiradores, espaços de co-living e ofertas de cowork dentro dos próprios edifícios residenciais como já começa a acontecer.

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