Entrevista: «Temos o objectivo de ajudar as mulheres a voltarem a entrar no mercado de trabalho», Karen Ferrez Frisch, do programa Back to Market
O programa Back to Market desafia as mulheres a criar, em equipa, projectos de consultoria, orientados por professores da CATÓLICA-LISBON, em empresas parceiras da universidade, como Vieira de Almeida, Conservatório de Artes de Loures e Almedina. Falámos com Karen Ferrez Frisch, professora convidado e fundadora/coordenadora do Programa Back to Market, e recolhemos os testemunhos de
Rita Pinto, CEO do Grupo Almedina, parceira do projecto, e de Sandra Sousa Pinto, umas das participantes na segunda edição do Back to Market.
Por Sandra M. Pinto
Back to Market tem como ponto de partida dar às mulheres participantes uma experiência profissional recente e o acesso a uma rede de contactos nas empresas para que a ingressão no mercado de trabalho seja mais fácil, como refere Karen Ferrez Frisch.
O que levou à criação do programa Back to Market?
No ano passado, com a pandemia, vi várias empresas que precisavam de se reinventar. Constatei ainda que, ao contrário de outros países que conheço, em Portugal as mulheres qualificadas que tenham decidido dedicar-se à família por um tempo (seja para apoiar filhos, pais ou outros), têm imensa dificuldade de reentrar no mercado de trabalho, pois quando vão às entrevistas de emprego não têm experiência profissional no ano/anos anteriores para demonstrar.
Resolvi então ligar estes dois pilares com um terceiro que é a formação ministrada na cadeira de projetos de consultoria. Esta formação, teórico-prática obriga os participantes a procurarem soluções para problemas concretos de empresas durante projectos de consultoria, com duração de cerca de 3 meses.
A verdade é que já vão para a terceira edição… significa que foi uma aposta bem-sucedida certo?
Creio que sim! Quando falei à CATÓLICA-LISBON sobre este projecto, a professora Rute Xavier abraçou imediatamente a ideia e conjuntamente desenvolvemos os detalhes para lançar o programa. Depois, com as corajosas participantes do projecto piloto demonstrámos que o Back to Market funciona e que as competências destas mulheres só precisam ser despertadas.
Em que consiste ele e a quem se dirige?
Criar equipas de 3/4 mulheres com formação nas áreas de Gestão, Economia e Finanças e que estejam fora do mercado de trabalho há pelo menos um ano. Estas equipas trabalham numa área proposta pela empresa patrocinadora do projecto.
Só mulheres, porque tomaram esta opção?
Porque, em geral, quem mais se responsabiliza pelo cuidar da família e abdica de parte da sua carreira ainda são as mulheres.
Como vai funcionar, há alguma orientação? Se sim por parte de quem?
Para esta edição vamos começar as aulas teóricas no dia 10 de Novembro. Serão três meses e meio com aulas e trabalho com o cliente, interrompendo apenas no período do Natal e Ano Novo. O programa prevê sempre o apoio de professores da CATÓLICA-LISBON na área de projectos de consultoria. No momento, a professora Rute Xavier e eu estamos a apoiar as participantes em todo o percurso.
Têm parcerias? Com que entidades?
De momento não, mas gostaríamos de ter de forma a poder apoiar mais mulheres que tenham interesse em reingressar no mercado de trabalho.
Há algum valor monetário envolvido ou é de participação gratuita?
Para as participantes, o programa é gratuito, exige-se apenas dedicação e comprometimento de finalizar o programa.
Qual a importância deste programa para as participantes?
O programa pretende que as participantes desenvolvam/despertem competências de resolução estruturada de problemas, gestão de clientes e de projectos, planificação e gestão de tempo e trabalho em equipa. Adicionalmente, este programa renova a autoconfiança e cria network das participantes essenciais para reentrar no mercado de trabalho.
Qual o objectivo ou os objectivos deste programa?
Em primeiro lugar, desenvolver as competências de gestão de mulheres alumnae da CATÓLICA-LISBON ou outra faculdade de gestão, economia ou finanças, cujos serviços poderão posteriormente ser disponibilizados e utilizados por potenciais empregadores. Por outro lado, o Back to Market oferece projectos de consultoria a empresas parceiras da CATÓLICA-LISBON para o desenvolvimento de áreas na própria empresa e/ou em parceiros indicados pelas mesmas (principalmente associados ao seu value chain ou que sejam seus clientes) e que precisam ser apoiados no pós Pandemia.
Qual será a duração do programa?
O programa tem uma duração de três meses e meio.
Quando terá início esta terceira edição?
Tem início no dia 10 de novembro.
Relativamente às candidaturas já podem as mesmas ser realizadas?
Sim, as candidaturas são feitas através do envio de Curriculum Vitae atualizado para o e-mail cea@ucp.pt até o dia 31 de outubro. Poderão sempre enviar o seu CV que será considerado para edições posteriores.
Testemunho de Rita Pinto, CEO Grupo Almedina
Porque decidiram participar neste projecto?
Não há como não participar. Já tínhamos recebido alunos de mestrado, e o resultado foi muito positivo. O âmbito do Back to Market é especial, porque o excelente acompanhamento dos docentes potencia o trabalho de equipas de pessoas já com experiência relevante no mercado de trabalho, e com competências muito interessantes – algumas, acreditamos nós, que a maternidade confere naturalmente, como gestão do tempo e assertividade. Seria um desperdício enorme estas pessoas não reintegrarem o mercado de trabalho por falta de oportunidade de mostrarem o seu valor.
Tem sido uma experiência positiva?
Foi uma experiência muito positiva e gratificante, é um verdadeiro win-win. Por um lado, vemos as candidatas a ganhar confiança, algumas até a reencontrarem-se, e a dar o seu melhor para este projecto. Por outro, a empresa foi desafiada e recebeu inputs muito interessantes para aplicação num curto espaço de tempo. Recomendo vivamente!
Testemunho de Sandra Sousa Pinto, participante da segunda edição
O que a levou a inscrever-se no programa?
Embora tenha trabalhado cerca de 20 anos em cargos de gestão, tinha conhecimento e experiência, o que me motivou foi ter a possibilidade de revisitar conceitos, actualizar-me e, sem dúvida, apreender coisas novas, o que na realidade aconteceu. Para além de estar num projecto promovido pela Universidade Católica, que tem excelentes professores, também me interessava o networking, conhecer novas pessoas com os mesmo interesses, (nomeadamente as minhas colegas do projecto) e claramente conhecer e “entrar” na empresa “patrocinadora” do trabalho que iria ser desenvolvido, foi muito gratificante.
Conseguiu alcançar o objectivo, ou seja, uma colocação? Onde e em que funções?
Estou a criar uma empresa e neste momento estou na fase de desenvolvimento do “Business Plan”, portanto irei criar o meu próprio emprego. Envolvi neste projecto que estou a desenvolver uma colega que conheci neste programa “Back to Market”.
Aconselha a que outras mulheres se inscrevam?
Sim, mesmo tendo experiência de trabalho, tem sempre oportunidade de trocar experiências, ideias e, sem dúvida, apreender algo. É muito importante a pessoa sentir que, em qualquer altura da sua vida, independentemente da situação em que se encontre, pode aprender e ser útil com a sua experiência de trabalho a outras empresas/projectos.