Mais de metade dos estafetas estão contra regulação laboral mais rígida das plataformas
Dos 87%, metade quer combinar o regime de freelancer com mais benefícios e proteções sociais e 34% preferem também esta opção mesmo reconhecendo que têm menos benefícios e protecções sociais associados.
«De entre os potenciais efeitos negativos impostos por uma regulação mais rígida, os estafetas indicam a perda de flexibilidade e a redução de rendimentos, que são exactamente as características que dizem mais valorizar no desempenho da sua actividade», vinca o estudo.
No que toca aos benefícios e protecções adicionais que mais valorizariam, destacam-se a maior protecção laboral, como a cobertura de seguro para doença, seguida da maior previsibilidade de rendimentos.
Os inquiridos indicam que o principal motivo que os leva a iniciar a colaboração com as plataformas é a flexibilidade horária (40%), seguindo-se a capacidade de gerar rendimentos adicionais (25%) e a facilidade em entrar e gerar dinheiro (19%).
«Iniciada a sua actividade, 49% confirmam que a flexibilidade laboral é mesmo a característica que mais privilegiam, seguindo-se a capacidade de obter rendimentos superiores aos de outras actividades (17%)», refere o estudo.
Mais de 75% dos estafetas tinham situações profissionais anteriores passíveis de gerar rendimentos, o que segundo as conclusões do estudo, «confirma que estes profissionais encontram nas plataformas digitais de entrega uma solução para obterem rendimento adicional ou superior que não encontrariam de outra forma».
O estudo revela ainda que 87% dos inquiridos afirmam ter melhorado a sua situação económica após terem iniciado a sua colaboração com as plataformas.
Mais de dois terços dos estafetas têm entre 26 e 44 anos, sendo cerca de nove em dez do género masculino e 53% oriundos de países extracomunitários e 45% de nacionalidade portuguesa.
O estudo indica ainda que do total de estafetas estrangeiros (55%), 55% já trabalhava em Portugal e viu nas plataformas digitais de entregas uma alternativa, enquanto os restantes 45% tiveram nas plataformas a sua porta de entrada no mercado laboral nacional.
«Nenhuma actividade laboral é perfeita, mas esta realidade não deve ser ignorada. Existe ainda espaço de melhoria, tal como identificado pelos próprios estafetas no estudo, como maior protecção social. No entanto, essas melhorias devem ser construídas em cima daquilo que efectivamente querem e valorizam — a flexibilidade — e decidido em conjunto com os estafetas e não por eles», assinalam os três operadores, Bolt, Glovo e Uber Eats, numa declaração conjunta.
A amostra final após tratamento foi de 2057 respostas a estafetas registados nas plataformas, tendo sido as questões colocadas entre 21 de Dezembro de 2021 e 3 de Janeiro de 2022.