Luís Silva, Porto Tech Hub: «Portugal tem muito potencial, mas a transformação digital nas empresas tem de acelerar.»
A Porto Tech Hub (PTH), associação sem fins lucrativos de empresas tech, foi criada por três empresas do sector estabelecidas na cidade, para promover e desenvolver o Porto como centro tecnológico global de excelência. O ponto alto da sua actividade é a conferência Porto Tech Hub, que acontece já no dia 27 de Outubro. A esse propósito, a Human Resources Portugal conversou com Luís Silva, presidente da Porto Tech Hub.
Por Tânia Reis
A sétima edição da Porto Tech Hub regressa ao formato presencial e vai reunir especialistas, empresas e profissionais tech à volta das novidades, tendências e oportunidades da área tecnológica. Este ano com uma vertente teórica com palestras de oradores de renome, mas também uma mais prática com workshops e até oportunidades de recrutamento.
A Porto Tech Hub Conference acontece no próximo dia 27 de Outubro. Em que consiste a iniciativa e que novidades terá esta 7ª edição?
Este ano, a Porto Tech Hub Conference regressa para a sua sétima edição, num evento que se realiza dia 27 de Outubro, no Hard Club, no Porto, e que vem juntar presencialmente o ecossistema tecnológico na cidade Invicta.
Este evento contará com dezenas de empresas e centenas de profissionais, que marcarão presença para debater as principais tendências e novidades tecnológicas, bem como para apresentarem as suas oportunidades de emprego a possíveis candidatos no local. Desta forma, a conferência é constituída por duas vertentes centrais: uma mais teórica e de partilha de conhecimento e outra prática, em que os profissionais têm a oportunidade de adquirir novas competências técnicas.
No que respeita à primeira dimensão, teremos inúmeras palestras que irão decorrer durante todo o dia, e que contarão com oradores de renome, tanto nacionais como internacionais, para debater as principais temáticas de interesse para a actualidade do sector, entre as quais relacionadas com o mundo da BlockChain, Machine Learning e inúmeras talks com ligação à programação e pensadas para os profissionais da área. Para estes momentos, todos os speakers estão já confirmados, sendo que este ano estamos muito contentes por continuar a ter um painel de luxo. Talia Nassi, senior developer advocate da Amazon Web Services e Minko Gechev, engenheiro sénior na Google – são dois dos speakers no evento. A estes, juntam-se ainda Roy Derks, conceituado autor e professor em GraphQL, React and TypeScript e Stephen Fluin, chefe no departamento do desenvolvimento de relações da Chainlink Labs, entre muitos outros. Toda a informação sobre as palestras e o calendário do evento, bem como os respectivos speakers pode ser consultada na página da Porto Tech Hub.
A iniciativa conta ainda com workshops sobre áreas tecnológicas específicas, que desafiam os participantes a passar da teoria à prática, com o apoio de especialistas que lhes ensinarão a base para os desafios de cada sessão.
Por tudo isto, acreditamos que esta edição vem juntar um ecossistema tecnológico ainda mais vasto. Teremos a presença de mais empresas, speakers, tanto nacionais como internacionais, bem como de organizações de grande importância na área tecnológica, o que virá a contribuir para um evento ainda mais rico. Por outro lado, temos um dia repleto de palestras mais especializadas e que vêm acrescentar valor concreto aos profissionais da área, algo que lhes permitirá estarem a par das tendências do seu sector.
Por fim, estamos a preparar um evento em que os profissionais podem ainda ter momentos mais privilegiados de contacto com os porta-vozes presentes, bem como com os empregadores, de forma a conhecerem oportunidades profissionais que sejam do seu interesse.
Tem ideia de quantas empresas vão participar? E já têm uma expectativa do número de profissionais que esperam receber?
Neste momento, temos já confirmadas 35 empresas, tanto nacionais como internacionais – todas elas dedicadas ao sector tecnológico. Entre as várias podemos destacar a consultora de serviços tecnológicos Emergn e a Applied Blockchain, que desenvolve tecnologia Blockchain. A estas juntam-se organizações como a Bosch, a Fabamaq, entre muitas outras, que estarão completamente disponíveis para estabelecer contacto com os profissionais presentes. A nível de talento IT, esperamos receber mais de 600 profissionais durante o dia da iniciativa, o que vem revelar a pertinência do evento para as carreiras em Tecnologia.
Olhando para edições anteriores, que tendências tecnológicas tiveram destaque no passado e crê que se mantêm este ano?
Da última edição da Porto Tech Hub Conference para a que se realizará este mês é possível considerar que a grande maioria das tendências tecnológicas se mantêm actuais. Nesse sentido, o que se verificou foi, maioritariamente, o crescimento e evolução destas tendências, bem como uma cada vez maior adopção das mesmas.
Entre as várias que serão destaque no próximo dia 27 de Outubro é de referir o Blockchain, Cloud computing, que darão o mote a algumas das talks que teremos ao longo do evento.
A estas, aliam-se ainda questões como as relacionadas com Cibersegurança, tema que está cada vez mais presente nas organizações, bem como Data Science, Machine Learning, Artificial Intelligence, Web3, IoT, Modern Web, entre outras, que serão debatidas.
Pensando em concreto na área Gestão de Pessoas, que benefícios pode a transformação digital trazer?
A transformação digital tem vindo cada vez mais a impactar a área da Gestão de Pessoas, sendo esta uma tendência que continuará a manifestar-se nos próximos anos.
A passagem das empresas para um ambiente cada vez mais tecnológico permite, porém, que as pessoas sejam activos cada vez mais importantes, já que com a digitalização de processos mais simples, os profissionais serão responsáveis por áreas fulcrais dentro das empresas. Desta forma, a digitalização vem permitir um melhor uso dos Recursos Humanos das entidades, tornando as empresas mais ágeis e criando profissionais mais realizados.
Por outro lado, a digitalização vem impactar também a dimensão de atracção e retenção de profissionais, algo cada vez mais importante, face à escassez de talento que é actualmente sentida. Desta forma, a automação de processos das empresas vem permitir ter cada vez mais conhecimento sobre as especificidades, preferências e necessidades dos seus profissionais, permitindo que os líderes vão ao encontro do que estes procuram no seu ambiente profissional.
A conferência irá também permitir contacto dos profissionais com oportunidades de carreira das entidades presentes. A seu ver, quais serão os perfis tech mais procurados e requisitos mais pretendidos pelas empresas?
Exactamente, esta é sem dúvida uma das vertentes mais importantes da iniciativa. Sendo este um evento composto por centenas de profissionais e dezenas de empresas tecnológicas, é uma oportunidade única para que os empregadores contactem com o talento mais qualificado, dando-lhes a conhecer as suas vagas em aberto. Esta vertente é, nomeadamente importante, num momento em que a escassez de talento afecta em especial as empresas tecnológicas, que têm muita dificuldade em contratar as competências de que precisam.
Face a esta tendência generalizada, o que esperamos é que exista uma grande diversidade no que respeita aos perfis procurados pelas empresas, e que os possam encontrar na Porto Tech Hub Conference. Entre os vários a destacar, é importante ressalvar a procura por programadores e software developers, sendo este um tipo de perfil que terá grande representação no evento. Além destes, também podemos destacar gestores de produto, profissionais de quality assurance e devops, entre outros.
Será esse perfil que esperam que “responda”? Mas possivelmente não na quantidade suficiente…
Este é um evento direccionado à comunidade tecnológica, pelo que, de edição para edição, temos vindo a contar com cada vez mais profissionais pertencentes a este sector, extremamente qualificados e especializados, e com as competências que as empresas procuram.
Desta forma, esperamos claro a presença daqueles que são os perfis procurados pelas empresas, permitindo-lhes que tenham acesso a um grande leque de profissionais e que possam até estabelecer contacto com estes, com vista à contratação.
Considera que Portugal está no bom caminho na área da transformação digital? Que pontos positivos destaca? E desafios?
Sem dúvida, Portugal está num bom caminho, nomeadamente porque somos vistos cada vez mais como centro de excelência no que toca ao desenvolvimento tecnológico. Nos últimos anos, cada vez mais empresas da área tecnológica se têm instalado em Portugal, nomeadamente em Lisboa e Porto. Além disto, o próprio ecossistema empreendedor português tem vindo a desenvolver-se, com a criação de cada vez mais startups e projectos inovadores de ADN nacional.
O certo é que esta é uma realidade que vem potenciar o desenvolvimento do país e permitir que assuma uma posição cada vez mais central a nível europeu e mundial como hub de inovação e tecnológico de excelência, mas ainda existe caminho a percorrer para uma total transformação digital. Portugal ainda não chegou ao seu pico no que respeita a este desenvolvimento, já que no futuro todas as empresas, independentemente do seu sector, terão de ser empresas tecnológicas, ou seja, com uma base digital. Isto é algo que ainda não acontece no nosso país.
Como desafios para esta evolução destaco, entre outros pontos, a constituição do próprio tecido empresarial. Mais de metade das organizações nacionais são pequenas e médias empresas, por isso, empresas com maior dificuldade em realizar a sua transição digital e tornarem-se mais tecnológicas.
Para contornar esta tendência, é necessário criar um processo mais facilitador, bem para soluções adaptadas à realidade portuguesa, levando a transição digital a toda a economia.
Como se pode dar resposta a esta escassez? O reskilling / upskilling é a solução?
Actualmente, nem sempre a crescente procura por profissionais é acompanhada pela oferta de talento qualificado, o que faz com que exista uma elevada escassez de talento com as competências para satisfazer o que os empregadores mais procuram. Esta tendência vem ainda promover a maior competitividade por estes perfis, obrigando as empresas a destacarem-se das concorrentes para atraírem os profissionais que procuram.
Perante isto, é importante que os profissionais acompanhem as novas tecnologias, procurem adquirir novas competências e trabalhem para fomentar a sua empregabilidade actual e futura, tornando-se o mais competitivos possível. Este esforço deve ser feito tanto do lado das empresas como pelos próprios, sendo que devem fomentar a integração em programas com foco no reskilling e upskilling, promovendo a aquisição de novas competências.
Entre os vários exemplos, destaca-se o SWitCH, programa de requalificação realizado pela Porto Tech Hub em colaboração com o Instituto Superior de Engenharia do Porto, e que já permitiu a formação de mais de 200 profissionais IT e a sua entrada no mercado de trabalho, em áreas como as ligadas à programação e desenvolvimento de software.
Além das técnicas, que outras competências serão fundamentais?
As competências técnicas continuam a ter grande importância para o exercício das funções tecnológicas. No entanto, também as skills humanas ganham cada vez mais terreno e são consideradas fundamentais para empresas e profissionais no sector.
Entre as várias, a capacidade de trabalho em equipa surge como uma das mais importantes, mas também a de aprendizagem constante, a capacidade de resolução rápida de problemas ou as competências comunicacionais. A estas, aliam-se ainda a autonomia, capacidade analítica ou a resiliência.
Isto deve-se ao facto de as profissões IT serem cada vez mais realizadas em conjunto, pelo que as competências humanas se tornam prioridades e pontos que os profissionais não podem deixar para segundo plano.
Que tendências e principais desafios antevê para o futuro na área tecnológica, nomeadamente nestes temas dos recursos humanos?
A nível de tendências da área tecnológica, a perspectiva é que estas continuem a surgir a um ritmo cada vez mais acelerado. Assim, esperam-se novas tecnologias, aplicadas aos mais diversos sectores, que terão como desafio a sua própria sobrevivência, garantindo que não se tornam obsoletas rapidamente.
Por outro lado, assistiremos à consolidação de soluções que surgiram recentemente e que agora assistem a um grande crescimento. Aqui, pensamos no Blockchain, Metaverso, Internet das Coisas, entre muitas outras soluções que esperam um futuro de expansão.
Todas estas tecnologias irão expandir-se para o sector dos Recursos Humanos e alterar a forma como as empresas gerem toda a jornada com os seus colaboradores, do momento de atracção, até à saída. Sendo que a tecnologia procurará sempre dar resposta e aí e antecipar os desafios do sector, a título de exemplo vemos cada vez mais soluções tecnológicas para ajudar a gerir a realidade do trabalho híbrido.