Estes dois factores podem abrandar os planos de sustentabilidade das organizações

Os factores externos que têm vindo a desafiar a economia mundial, como a guerra na Ucrânia e a inflação, deverão impactar as estratégias de sustentabilidade das organizações. Esta é uma das conclusões do estudo Climate Check: Business views on climate action ahead of COP27 da Deloitte, que revelou que 45% dos líderes organizacionais pretendem reavaliar os seus investimentos nesta área.

 

Apesar de grande parte dos inquiridos admitir que podem desacelerar nas suas estratégias de sustentabilidade nos próximos 12 meses, 37% dos executivos do C-Level acreditam que o efeito dos factores externos será o oposto a longo prazo, e sublinham que mantêm a vontade de acelerar o investimento em estratégias de sustentabilidade nas organizações.

A maioria dos inquiridos no estudo estão optimistas quanto ao impacto que a COP27, que teve lugar recentemente no Egipto, poderá ter no futuro da Humanidade, 75% considera que a conferência irá gerar as mudanças necessárias para que as metas definidas no Acordo de Paris sejam cumpridas.

Os executivos foram também convidados a reflectir sobre os temas que merecem maior atenção a nível global. Apesar de não ser surpreendente ver riscos de segurança associados às alterações climáticas (55%), ou transição climática justa (41%) entre as referências, o mesmo não se poderá dizer do greenwashing (41%) e transparência e responsabilização das empresas (34%).

Na verdade, para 66% dos líderes inquiridos, o greenwashing, prática que pretende branquear os esforços de sustentabilidade, está a afectar negativamente o mercado. É por isso que, quando questionados sobre eventuais medidas que os governos mundiais devem tomar, 63% dos líderes apontam o combate a esta prática como prioritária, sublinhando a necessidade de adoptar novas políticas ambientais e regulação, enquanto apenas 27% entendem que é necessário dar prioridade ao cumprimento dos regulamentos existentes.

Para combater as alterações climáticas a cooperação é igualmente apontada como um aspecto essencial. A maioria dos líderes participantes no estudo indicam estar a colaborar activamente com organizações não governamentais (62%), instituições académicas (50%) e grupos de acção climática (44%) para definir estratégias de I&D e de financiamento orientadas para a concretização de medidas de mitigação e adaptação.

Os resultados deste inquérito permitem compreender a necessidade de alteração da cultura organizacional das empresas no que diz respeito ao valor acrescentado das estratégias de sustentabilidade. A distância entre sentimento e acção está relacionada com o facto de muitos ainda tomarem a Estratégia de Sustentabilidade como um fim em si próprio, e não como um meio de ultrapassar esse desfasamento entre ambição e acção.

O estudo Climate Check foi conduzido pela Deloitte em conjunto com a Oxford Economics, entre os meses de Agosto e Setembro deste ano, e partiu de um inquérito realizado a 700 líderes do C-Level em catorze países – Austrália, Brasil, Canadá, China, Egipto, França, Alemanha, Índia, Japão, África do Sul, Suécia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, e Estados Unidos. O objectivo do estudo passou por perceber as principais preocupações dos líderes organizacionais em torno da crise climática, as acções que estão a desenvolver e as medidas que consideram que os governos devem tomar no futuro.

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