Trabalho temporário e a teoria da evolução
Por: João Lino, director Executivo The Bridge Sul
Num contexto de mercado altamente globalizado e marcado por avanços tecnológicos galopantes, as empresas têm vindo a procurar a máxima rentabilidade no menor espaço de tempo, competindo para se diferenciarem das demais. Neste contexto, o factor da gestão dos custos inerentes à contratação, bem como a flexibilização dessa contratação, são primordiais.
Hoje, as alterações socioeconómicas baseadas na imprevisibilidade, complexidade, e volatilidade do mercado, são ingredientes mais do que suficientes para que as empresas adoptem uma política, na sua gestão de Recursos Humanos, baseada na eficiência da sua mão de obra, em resposta às suas necessidades de cada momento. A procura por soluções de modelos flexíveis de contratação, que diminuam os custos fixos ao longo do tempo, e que promovam uma rápida resposta na alocação de recursos às operações das empresas, é valorizada cada vez mais pelas empresas que constituem o tecido empresarial português.
Não é por isso de estranhar que Portugal seja, no seio da UE, dos países que mais promove essa flexibilidade, com uma fatia de cerca de 17% do mercado laboral a ter contratos de natureza temporária. Sendo o tecido empresarial português composto maioritariamente por empresas de pequena e média dimensão, nas quais o peso do custo do trabalho tem um impacto maior, mais premente é dotar o mercado laboral com uma flexibilização de custos indexada aos acréscimos ou quebras de produção ou de serviços prestados.
A história recente mostrou-nos que, durante o período da pandemia, as empresas que melhores respostas deram às restrições e quebra de vendas foram as que tinham maior flexibilidade e mobilidade da sua força produtiva. Obviamente não podemos descurar o impacto que os despedimentos que aconteceram num curto espaço de horas, ou os lay-offs massivos, tiveram na vida e nos rendimentos dos trabalhadores. No entanto, assim que esse impacto negativo da pandemia se foi dissipando, foram também essas empresas que rapidamente voltaram a ritmos elevados de contratação e que conseguiram posicionar-se para dar uma resposta às necessidades dos seus clientes.
O trabalho temporário, que está devidamente legislado em Portugal, e que se tem transformado num modelo mais digno, defensor dos direitos dos trabalhadores e das empresas utilizadoras, representa um factor determinante na competitividade das empresas, e como mecanismo de estabilização do mercado laboral, com impacto directo na redução da taxa de desemprego.
Assim, torna-se uma ferramenta que promove oportunidades tanto para trabalhadores – promovendo novas oportunidades, maior flexibilidade na gestão de horários ou diferentes empregos, sempre com a garantia do cumprimento das devidas obrigações legais – como para empresas, onde é fundamental ajustar os custos em função das suas necessidades de produção ou de prestação de serviços, transformação de custos fixos em custos variáveis e garantir uma rápida contratação de um profissional devidamente formado.
Podemos fazer um comparativo com a Teoria da Evolução de Darwin: “não é o mais forte ou mais inteligente que sobrevive, mas sim o que melhor se adapta às mudanças”. Num mundo completamente paralelo, o trabalho temporário é isso mesmo, a oportunidade de as empresas se adaptarem a mudanças, sejam elas endógenas ou exógenas que ocorrem, para melhor conseguirem singrar no mercado.
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