Carla Gama, Allianz Portugal: «As pessoas são o maior activo, mas também o maior desafio»

Cuidar das pessoas tem sido o desígnio da Allianz nos 25 anos presentes em Portugal. O propósito “We secure your future” está enraizado em tudo o que fazem, começando “dentro de casa”, com a aposta numa gestão de talento personalizada e planos de sucessão robustos. O objectivo? Trazer todos a bordo.

 

Por Tânia Reis

 

Garantir a segurança na vida das pessoas, preparando- -as para o futuro que têm pela frente, não se aplica apenas ao milhão de clientes, mas também aos mais de 660 colaboradores que trabalham na Allianz em Portugal. Por isso, este ano decidiram candidatar-se ao Great Place to Work. E foram distinguidos como a quarta melhor empresa para trabalhar na dimensão +500 colaboradores.

Para Carla Gama, membro do Comité Operacional e directora de Pessoas, Cultura e Sustentabilidade, é uma forma de comemorar tudo o que foram criando nos últimos anos e uma oportunidade para salientar a importância que dão às suas pessoas. «Estar ao lado de empresas de outros sectores – potencialmente considerados mais apelativos, dinâmicos e inovadores – e ter este resultado, coloca o sector segurador, e a Allianz Portugal em particular, como uma referência de mercado, reforçando a nossa marca, o nosso employer branding e o sentimento de pertença dos nossos colaboradores, aumentando a retenção de talento.»

A responsável garante que tudo se deve ao propósito da seguradora. «“We secure your future” é a nossa razão de existir e o que nos torna únicos! Queremos cuidar dos nossos clientes, colaboradores, parceiros, e da sociedade onde estamos inseridos.»

 

Capacitação e aprendizagem contínuas
O cuidar dos colaboradores abrange a capacitação e desenvolvimento de talentos e estão «a dar passos sólidos numa gestão personalizada e em planos de sucessão robustos». Nas lideranças, a «formação contínua», em prol de um ambiente que «promove a diversidade, a inovação e o crescimento de todos», prepara os líderes para «gerir as suas equipas num contexto cada vez mais volátil». Já a Allianz University permite investir no desenvolvimento profissional contínuo, com «oportunidades de crescimento que promovem o desenvolvimento de competências técnicas, dando espaço às novas realidades digitais e da inteligência artificial».

Na seguradora, «a evolução na carreira assenta na definição de metas e objectivos pessoais e profissionais, competências e reconhecimento, e é trabalhada neste compromisso de desenvolver e reter talento», reitera Carla Gama.

Todas estas acções são complementadas com benefícios estruturados em quatro pilares: Saúde, Dinheiro, Tempo e Carreira. Para além do «vasto leque de benefícios», nomeadamente seguros de saúde com cobertura adicional de oncologia, etc., promovem a saúde física e mental com programas de vacinação, rastreios médicos, workshops variados concentrados em semanas dedicadas ao tema da saúde e, recentemente, inauguraram o ginásio Estudio 6.

A Allianz disponibiliza ainda um «programa de apoio ao colaborador com uma linha 24/7 dedicada à saúde mental, mas também apoio jurídico para temas pessoais», apoio em momentos particulares da vida pessoal e profissional dos colaboradores, e ainda na área de ingressão na vida laboral para os filhos.

Para promover a conciliação vida pessoal e profissional, todos os colaboradores usufruem do dia de aniversário e as instalações dispõem do «restaurante Corvo, que prepara refeições que podem levar para o jantar, permitindo usufruir de forma mais tranquila do tempo em família». A gestão familiar dos períodos de férias também é facilitada através das colónias para os filhos dos colaboradores na Páscoa e no Verão.

A flexibilidade é também promovida através do modelo de trabalho híbrido – que permite que os colaboradores estejam 40% do seu tempo em formato presencial e 60% em home office. «Assenta em princípios recíprocos de confiança, transparência e responsabilidade, promovendo um melhor desempenho e um maior equilíbrio entre a vida pessoal e profissional de cada um.» Para tal, reinventaram as instalações da Allianz «para promover o trabalho colaborativo e a vontade de estar fisicamente na empresa», partilha a directora de Pessoas. Espaços abertos e desenhados para maior conforto e colaboração, salas de reunião, áreas de refeição e convívio, e ainda um ginásio, foram planeados para estimular o bem-estar, a criatividade e a aproximação entre os membros de todas as equipas. «Fortalecemos laços entre colaboradores e catalisámos a inovação, um maior sentimento de confiança entre todos e a capacidade de resposta a qualquer assunto, em equipa.»

De todas as iniciativas e medidas disponibilizadas, para além dos benefícios “core”, Carla Gama destaca «o acesso 24/7 a ferramentas de desenvolvimento através da Allianz University, o restaurante Corvo, as colónias de férias e as semanas da saúde e bem-estar» como as mais valorizadas.

 

DEI e sustentabilidade, compromissos consolidados
A diversidade, equidade e inclusão é outro dos temas que integra a estratégia da Allianz Portugal. Pelo segundo ano consecutivo, a seguradora foi reconhecida pela CITE (Comissão para a Igualdade do Trabalho e do Emprego) com o Selo da Igualdade Salarial e com as certificações obtidas desde 2021 do EDGE Move – “Certification for Workplace Diversity, Equity and Inclusion”.

De referir também que, com uma idade média de 44 anos e 14 anos de “casa”, 73% dos 662 profissionais da Allianz têm no mínimo licenciatura e mais de metade (58,5%) são mulheres. «Esta distribuição é semelhante quando analisamos esta segmentação de género nos managers – 55% são mulheres», realça a directora de Pessoas.

Além da equidade de género, é promovida a inclusão, nomeadamente através de projectos de recrutamento de pessoas com deficiência. «Acreditamos que a diferença de experiências potencia a criatividade, a inovação, a colaboração, criando valor na organização», afirma.

Associada ao já referido propósito “We secure your future”, outro pilar igualmente fundamental é a sustentabilidade, «através da sua integração em toda a operação, desde processos internos à escolha dos parceiros, tentando também incentivar os clientes e colaboradores a seguirem um futuro mais sustentável». No que concerne à Gestão de Pessoas, é privilegiada a «igualdade de tratamento, independentemente de qualquer característica pessoal». Esse «compromisso está consolidado na cultura organizacional e nas políticas e processos de recursos humanos, desde o recrutamento à formação, promoções, flexibilidade no trabalho, diversidade e inclusão, remuneração, etc.», assegura Carla Gama.

 

Desafios humanos e tecnológicos
Transversal a todas as áreas da empresa, o maior desafio de gerir pessoas é colocá-las no centro da organização, reconhece a responsável. «As pessoas são o nosso maior activo, mas também o nosso maior desafio.»

A ele associados estão outros, como a cultura organizacional com valores sólidos e propósito relevante; o engagement, comunicação e colaboração em modelo de trabalho híbrido; o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, e o bem-estar como motor de satisfação, desempenho e produtividade; o reforço de competências e life long learning, nomeadamente nas novas ferramentas tenológicas, como a inteligência artificial (IA).

Para enfrentar as dificuldades em conseguir determinados perfis de talento “escassos no mercado” – «realidade transversal à actividade seguradora – como por exemplo, actuários, subscritores seniores, mas também analistas de dados, entre outros, «a Allianz tem desenvolvido internamente uma cultura centrada em proporcionar uma boa experiência aos colaboradores, potenciando uma maior proposta de valor – EVP», fundamental tanto para a fidelização como para a atractividade de talentos.

Além das competências técnicas específicas de cada função e de ferramentas digitais, como IA, process mining e dados, a gestora considera que a comunicação assertiva e positiva, a empatia, a colaboração, a organização e a gestão do tempo são, actualmente, as mais procuradas e valorizadas.

Conscientes do impacto dos rápidos avanços tecnológicos no mundo do trabalho e nos profissionais – até porque já utilizam ferramentas de IA no dia- -a-dia, «nomeadamente nos modelos actuariais de pricing» – implementaram «um programa de desenvolvimento para todos os colaboradores, centrado nestes novos desafios tecnológicos e na importância dos dados – FIT4 IT e Data excellence». O objectivo, explica Carla Gama, «é trazer todos a bordo no conhecimento destas novas realidades e ferramentas», preparando-os para os impactos no modelo de negócio.

Num sector caracterizado pela sua resiliência e capacidade de adaptação, a gestora acredita que será possível tirar partido das novas tecnologias. «A IA impactará certamente a forma como implementamos a estratégia, como desenhamos os processos e as formas de trabalho, como redefinimos as competências necessárias hoje e no futuro, mas também como gerimos as nossas equipas. » Assim, defende que a IA deve ser usada «em prol da produtividade e eficiência do negócio», deixando espaço às equipas para pensar e desenvolver outras competências fundamentais, nomeadamente as soft skills.

Carla Gama antevê que o principal desafio que se colocará à Gestão de Pessoas «não é a sua substituição pela existência da IA, mas sim a substituição de pessoas que não tenham estas novas competências por pessoas que as tenham».

 

Este artigo foi publicado na edição de Maio (nº. 161) da Human Resources, nas bancas.

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