Os profissionais destas duas faixas etárias são os mais satisfeitos com o seu trabalho (mas por motivos diferentes)

A maioria dos profissionais na faixa etária dos 20 anos está optimista e satisfeita com os cargos que desempenha, mesmo quando não ganham o que desejariam. São ainda motivados com as novas tecnologias e com a forma como a Inteligência Artificial (IA) irá formatar as suas carreiras.

Estas são as conclusões do estudo Talent Trends 2024, da Michael Page, que analisa as principais tendências do mercado de trabalho nos vários países do mundo, incluindo Portugal, destacando a ascensão multigeracional nas organizações a qual representa diferentes forças e prioridades.

Segundo as conclusões do estudo, a satisfação laboral e os objectivos profissionais dos portugueses estão relacionados com a idade, mas revelam diferenças entre as várias gerações. Os níveis mais elevados de satisfação profissional são observados nos jovens (43%) na faixa etária dos 20 anos, apesar de mais de metade (56%) estar insatisfeito com os seus salários. Observa-se igualmente níveis positivos de satisfação (52%) nos profissionais com mais de 50 anos.

No entanto, apesar de estas diferentes gerações terem um nível de satisfação laboral semelhante, a geração mais velha tem uma perspectiva diferente. Este grupo valoriza, sobretudo, a autonomia e a concretização pessoal relativamente à progressão na carreira, dá prioridade à liberdade de escolha do trabalho para se encaixar na vida pessoal, mais do que conseguir cargos mais elevados que possam significar tempo ou stress acrescidos.

Relativamente à procura de um novo trabalho, o estudo conclui que os profissionais na casa dos 20, 30 e 40 anos, continuam atentos a novas oportunidades, talvez porque ainda não atingiram o pico da carreira. A faixa dos 30, particularmente, procura a conjugação de um salário mais elevado com o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, que inclua a vida familiar. Assim, 60% dos profissionais estão dispostos a recusar uma promoção e 38% considerariam trabalhar por conta própria.

Destaca-se ainda que os profissionais na faixa dos 20 (71%) e 30 anos (67%) são os que estão mais interessados em encontrar novas oportunidades.

Segundo as conclusões do estudo, o factor salarial continua ainda a ser crucial para todas as gerações de profissionais, no entanto, apenas 14% dos jovens com 20 anos foram bem-sucedidos na negociação de um aumento.

O estudo analisa ainda as expectativas para a diversidade, igualdade e inclusão no local de trabalho, e a percepção da discriminação. Independentemente da geração de profissionais, 69% dos inquiridos afirma não poder mostrar a sua verdadeira identidade no trabalho, revelando que a discriminação continua a ser uma realidade nos locais de trabalho em Portugal, com pouco menos de um em cada dez profissionais a sentir-se marginalizado ou maltratado.

As pessoas acreditam que lidar com a discriminação de idade e reduzir a desigualdade salarial é muito importante, mas muitas não estão satisfeitas com a forma como as suas empresas estão a lidar com estes problemas. É um sinal de alerta inegável para que as empresas não só abordem, mas também actuem sobre o assunto, de forma eficaz e transparente.

O estudo revela que, na Europa, as mulheres enfrentam frequentemente microagressões (15% em comparação com 10% dos homens), o que destaca a luta contínua pela igualdade de género. A discriminação baseada na idade (apontada por 38% dos inquiridos) também é um problema comum, afectando tanto os membros mais jovens das equipas como os mais senior e apresentando um obstáculo relevante para os esforços da diversidade, igualdade e inclusão.

A relutância em denunciar a discriminação é evidente, com apenas 30% das pessoas afectadas a decidir fazer a denúncia, na Europa. Esta hesitação é um sinal claro de que as empresas precisam de melhores redes de suporte que façam ser ouvidas e valorizadas todas as vozes.

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