Mais de 60% das empresas ibero-americanas tem uma área específica focada em Responsabilidade Social

Mais de 63% das empresas ibero-americanas têm uma área específica dedicada à Responsabilidade Social Empresarial (RSE), nove em cada dez no caso das grandes empresas. As organizações ibero-americanas estão comprometidas com a RSE e esta está a consolidar-se na estrutura organizacional, embora ainda não se reflicta a nível orçamental.

Estas são algumas das conclusões do 3º Observatório de Sustentabilidade na Ibero-América, realizado pela EAE Business School, que pertence ao Planeta Formación y Universidades, em conjunto com o Conselho Empresarial Ibero-Americano (CEIB) e a Federação Ibero-Americana de Jovens Empresários (FIJE).

Assim, 11% das empresas têm um orçamento destinado exclusivamente a acções de RSE superior a 1% das suas receitas, enquanto para 38% esta rubrica é inferior a 1% do volume de negócios. Este indicador mostra que há margem para melhorar a identificação e quantificação dos custos, investimentos, retornos e impactos nesta área, tal como já acontece com outras áreas mais consolidadas nas empresas.

A consolidação da RSE na estrutura organizacional: devido ao aumento das obrigações e regulamentações estabelecidas em torno da RSE, para além do potencial de impacto, são necessários perfis especializados capazes de garantir resultados.

Por isso, uma em cada quatro associações e empresas (27,3%) tem um departamento dedicado exclusivamente à promoção e liderança da RSE – proporção que sobe para uma em cada duas no caso das grandes empresas -, embora 36,7% das empresas afirmem não ter uma área dedicada a estas funções.

Nas organizações latino-americanas localizadas no continente americano registaram-se progressos em relação ao último relatório, com uma melhoria de cinco pontos percentuais, passando para uma em cada quatro organizações que têm um departamento dedicado exclusivamente à promoção e liderança da RSE.

Da mesma forma, 84,6% das organizações latino-americanas consideram que as empresas com uma área específica para promover acções de RSE estão mais bem preparadas para enfrentar os desafios futuros, mais 37% do que no último relatório.

 O III Observatório de Sustentabilidade na Ibero-América da EAE Business School, CEIB e FIJE revela que a área responsável pela RSE nas empresas depende da Direcção Geral (29,6,4%) e da Presidência (24,1%).

 Assim, o estudo aponta para a liderança da gestão de topo das empresas na dinamização e desenvolvimento da RSE nas suas organizações, embora dificilmente atribuam recursos e um orçamento específico ou exclusivo para promover este compromisso.

Esta terceira edição do Observatorio de la Sostenibilidad en Iberoamérica mostra que a concepção da RSE está fortemente marcada por uma abordagem ambiental (47%, mais 17,5% do que no relatório anterior), pela contribuição para a sociedade (42%) e pela ética (39%) das associações e empresas, destacando-se em mais de 10 pontos percentuais em relação aos restantes conceitos.

O estudo destaca também a prioridade dada à boa governação, que passa do décimo segundo para o quinto lugar. Este facto determina uma maior preocupação com o desenvolvimento de uma governação mais transparente e responsável que responda às exigências legislativas e das partes interessadas.

No entanto, as iniciativas e políticas relacionadas com a boa governação e a sociedade são prioritárias em relação às relacionadas com as questões ambientais. Por exemplo, três em cada quatro organizações têm códigos de conduta em vigor – um aumento de 24,6% desde o relatório anterior.

É de notar que as empresas latino-americanas localizadas no continente americano evoluíram em relação ao relatório anterior no estabelecimento de códigos de conduta, que 77,5% das empresas inquiridas possuem, duplicando o valor do relatório anterior.

No que diz respeito às partes interessadas, mais de metade das organizações latino-americanas (53,6%) reconhecem que conhecer e satisfazer as expectativas das partes interessadas para oferecer uma proposta de valor equilibrada é o principal objectivo da sua estratégia de RSE, chegando a 62% no caso das grandes empresas.     

Por outro lado, as organizações que participaram nesta investigação concordam quase unanimemente (96,9%) que, para consolidar a RSE, é necessário que esta permeie transversalmente todas as áreas e nove em cada dez concordam que a RSE se consolidará como uma forma natural de fazer negócios com base na ideia de valor partilhado.

Assim, a Agenda 2030 e os ODS estão cada vez mais presentes: 39,4% das empresas e associações incorporaram-nos na sua gestão, uma percentagem que sobe para 64,3% no caso das grandes empresas. Além disso, é também importante referir que 24,8% das organizações estão em processo de incorporação destes objectivos e apenas 23,9% ainda não o fizeram. É de salientar que 68,5% das associações integraram a Agenda 2030 e os ODS na sua estratégia e gestão ou estão em vias de o fazer, em comparação com 62,4% das empresas.              

Este compromisso é acompanhado pela integração de indicadores ASG (ambientais, sociais e de boa governação), sendo que 17,6% das organizações ibero-americanas localizadas na Europa e 29% das localizadas na América não têm indicadores ASG integrados, percentagens que representam uma melhoria de 34% e 12%, respectivamente, em relação ao relatório anterior.

O III Observatório de Sustentabilidade da Ibero-América identifica ainda os três principais desafios que as associações e empresas ibero-americanas terão de enfrentar nos próximos três anos: as alterações climáticas (40,8%), a crise económica (37,2%) e a cibersegurança (36%).

 Neste sentido, a ocorrência de várias crises (pandemia, guerra na Ucrânia, conflito em Gaza, abastecimento de matérias-primas ou polarização social, entre outros factores) está a influenciar o desenvolvimento da política de RSE das associações e empresas.

Assim, quatro em cada cinco associações e empresas (80,5%) acreditam que a importância da RSE nas organizações (associações e empresas) aumentou desde a crise da COVID-19, e 84,6% das organizações consideram que as organizações que têm uma área específica para promover acções de RSE estão mais bem preparadas para enfrentar os desafios, mais 37,3% do que no último relatório.

Este estudo, no qual foram recolhidas as opiniões de mais de 770 empresas e associações de 21 países de todos os sectores, tem como objectivo proporcionar um maior conhecimento sobre a situação actual e as tendências da RSE nas empresas.

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