Procura por estes profissionais em Portugal disparou 70% em Junho. A justificação está na revogação dos procedimentos de autorização de residência

A procura por advogados de imigração em Portugal disparou 70% no mês de Junho, face ao mês anterior, no seguimento do anúncio, a 3 de Junho, da revogação dos procedimentos de autorização de residência baseados em manifestações de interesse, revela a Fixando, plataforma de contratação de serviços.

 

De acordo com um especialista Fixando em advocacia de direitos humanos, são os cidadãos indianos, paquistaneses, brasileiros, angolanos, e também chineses, aqueles que mais têm recorrido a serviços de advogados de imigração.

Entre os motivos para recorrer a estes serviços destacam-se os pedidos de residência permanente (19%), pedidos com base no trabalho (19%), substituição, extensão ou mudança do visto ou autorização de trabalho atual (9%), pedidos de nacionalidade portuguesa (8%) e procura de representação para casos pendentes em tribunal (6%).

Apesar de grande parte dos pedidos recebidos na Fixando dizerem respeito a cidadãos com visto ou mesmo licença de residência permanente, cerca de 16% procura regularizar a situação actual de ausência de documentação para permanência em Portugal e 11% já tem o visto expirado.

Segundo a Fixando, o preço médio de uma consulta com um advogado de imigração também subiu, passando de 50€/hora, em 2023, para 55€/hora actualmente.

De acordo com Anderson Gama, advogado especialista em direitos humanos, o novo Decreto-Lei 37-A/2024, que alterou a Lei 23/2007, criou graves preocupações na comunidade imigrante que já está em Portugal porque o Governo não esclareceu ainda como poderão assim obter autorização de residência.

Apesar das dificuldades que muitos imigrantes vão enfrentar a partir de agora, Anderson Gama reconhece a necessidade das alterações à lei implementadas pelo Governo.

«A manifestação de interesse estava a tornar-se uma forma de legalização do tráfico humano. Várias empresas instalavam-se em Portugal, vendiam promessas de legalização para os imigrantes, mas, na verdade, apenas procediam à manifestação de interesse dos mesmos e deixavam-nos sem qualquer tipo de assistência», alerta.

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