Para ter um sector da Saúde resiliente e competitivo, é preciso mais do que reduzir custos

Os últimos anos foram marcados por uma volatilidade constante no sector da Saúde, fruto da pandemia, mas também de uma fraca capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde decorrente da inflação, da fuga de talentos para o sector privado e para o estrangeiro e do envelhecimento demográfico.

Neste contexto, a ERA Group, consultora de gestão e optimização de processos e de custos, revela três estratégias para reduzir despesas no sector de forma a garantir a sobrevivência e sucesso das organizações sem comprometer a prestação de cuidados e a satisfação dos utentes.

Monitorizar despesas operacionais

A despesa corrente com Saúde em Portugal tem aumentado nos últimos anos, ultrapassando os 26 mil milhões de euros, segundo os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Assim, para identificar oportunidades de economia de recursos, de optimização de processos e de correcção de falhas internas é fulcral analisar as despesas operacionais. Uma fatia substancial destas decorre do consumo significativo de electricidade, água e gás para o funcionamento de hospitais e clínicas. Implementar medidas de eficiência energética e adoptar práticas sustentáveis permite redirecionar tempo e investimento financeiro para a melhoria dos serviços.

A cadeia de abastecimento é mais um dos gastos principais para o sector uma vez que cada fornecedor pratica preços diferenciados, criando disparidades entre países produtores. Aqui, torna-se importante avaliar a cadeia de distribuição, com a finalidade de encontrar a melhor relação preço-qualidade entre fornecedores e instituições.

Optimizar custos nestas organizações também depende fortemente da minimização das despesas relacionadas com aquisição e manutenção de novos equipamentos médicos. Dar prioridade a alternativas de utilização única, mantendo o foco na manutenção de equipamento já existente, pode levar a poupanças significativas a longo prazo ao evitar substituições dispendiosas.

Investir em tecnologia para automatizar tarefas
Para enfrentar os desafios crescentes no sector da Saúde e aumentar a eficiência das instituições, torna-se crucial investir em novas tecnologias. São vários os casos em que a sua implementação é fundamental na redução de custos; permitindo não apenas economizar tempo aos prestadores de cuidados médicos, mas também proporcionando uma experiência mais satisfatória para os utentes.

Ao adoptar soluções como telemedicina, inteligência artificial aplicada ao diagnóstico e tratamento, a digitalização de processos administrativos ou a gestão de stocks com localizadores em tempo real, as instituições conseguem melhorar a capacidade de resposta e aumentar a competitividade.

Além de melhorar a prestação de cuidados, investir em novas tecnologias ajuda a mitigar a escassez de recursos humanos. A incapacidade de reter profissionais nas organizações é um desafio antigo, mas uma maior automatização de tarefas rotineiras pode aliviar essa pressão uma vez que sistemas automatizados permitem que médicos, enfermeiros, técnicos e terapeutas se concentrem em desempenhar funções vitais para a continuidade do sector. Desta forma, novas tecnologias contribuem não só para melhorar a eficiência operacional, mas também para um ambiente de trabalho mais equilibrado e satisfatório para os profissionais de saúde.

Adoptar uma cultura resiliente e preparada para o imprevisível
Tendo em conta o panorama imprevisível que o sector navega e que pode gerar consequências financeiras avultadas, é fundamental que as instituições de saúde estejam preparadas para lidar com cenários inesperados.

Um negócio mais resiliente é capaz de reconhecer áreas de actuação fragilizadas e implementar uma mentalidade de melhoria e aprendizagem contínua. No entanto, considerar os diferentes cenários possíveis é, simultaneamente, adoptar uma capacidade preventiva e colocá-la em acção.

Investir em programas de prevenção de doenças (com diagnósticos precoces) e promoção do bem-estar, apostar na formação e capacitação dos seus profissionais, desenvolver e monitorizar planos de contingência robustos e preparados para lidar com uma variedade de cenários imprevistos (como surtos, pandemias, emergências médicas e desastres naturais), são exemplos de medidas que podem construir um sector forte e preparado para cenários inesperados, minimizando o impacto financeiro consequente.

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