Mais de 60% dos executivos esperam assistir a um aumento significativo do nível de risco nas organizações. Mas há algo que vai ajudar a geri-lo
A gestão do risco está a tornar-se cada vez mais complexa e desafiante, de acordo com o novo relatório “Future of Risk” da KPMG. O inquérito global que auscultou cerca de 400 líderes empresariais, oriundos de várias geografias, no primeiro semestre de 2024 revelou que 61% dos executivos esperam assistir a um aumento significativo do nível de risco nos próximos três a cinco anos.
Este estudo revelou que os profissionais de gestão de risco estão conscientes da necessidade de enfrentar os desafios que vão surgindo, fruto de um panorama geopolítico e financeiro incerto e em rápida transformação. A principal inquietação dos profissionais de gestão de risco, nos próximos tempos, será a adaptação proactiva a novos tipos de risco, como a IA, o contexto geopolítico, a reputação, o ESG, as TI e o risco cibernético. Curiosamente, a segunda maior prioridade é tirar partido da análise de dados, e da IA, para uma melhor gestão dos riscos.
Cinco imperativos estratégicos para a função de gestão de risco que resultam de uma profunda análise aos números deste estudo, são: i) os lideres das organizações devem ter a função de gestão de risco permanentemente presente no seu dia-a-dia; ii) o risco deve ser encarado como um gerador de valor, por oposição ao vê-lo como uma ameaça; iii) integrar a gestão de risco em todas as tomadas de decisão; iv) alavancar a aceleração digital e a análise de dados; v) criar uma equipa exclusivamente focada na gestão para pôr em prática esta transformação empresarial tão necessária.
À medida que as funções de gestão de risco das organizações se debatem com os riscos externos e desafios internos, é esperado que os profissionais sejam mais produtivos e eficazes. O estudo concluiu que a grande maioria (90%) dos inquiridos acredita que o ritmo de transformação da gestão de riscos, alimentado pela disrupção tecnológica, aumentou, com 56% dos inquiridos a indicar que este aumento é acentuado.
Além disso, o estudo revelou ainda que os profissionais de transformação da gestão de risco compreendem a necessidade de evoluir na sua percepção do risco. Nos próximos um a três anos, os executivos identificaram que a sua principal prioridade é adaptar-se proactivamente a novos tipos de risco, como a IA, geopolítica, reputação, ESG, TI e riscos cibernéticos. De facto, 41% dos executivos esperam gastar mais de metade do seu orçamento para a gestão do risco, nos próximos 12 meses, em tecnologia, em comparação com apenas 28% no ano anterior.
O estudo concluiu que a IA e a IA generativa são os tipos de tecnologia mais populares para gerir responsabilidades de risco adicionais. É também a solução mais identificada como a ferramenta em que a função de gestão de risco está a planear investir nos próximos três a cinco anos. De acordo com o estudo, esta tecnologia está a permitir que os colaboradores melhorem a sua capacidade de filtrar os dados, detetar tendências e sugerir soluções.
Os inquiridos reconhecem a necessidade de colaboração entre a função de gestão de risco com as funções estratégicas, operacionais e financeiras mais amplas de uma organização. Dos inquiridos, 68% consideram que a integração e a interligação dos sistemas, de domínios e de processos de gestão do risco tiveram um impacto positivo na eficácia da tomada de decisões relacionadas com a gestão de risco.
No entanto, apenas 46% dos inquiridos classificam o nível de colaboração entre os domínios do risco como adequado. Além disso, a maioria dos CEOs e COOs (66%) e dos CROs (Chief Risk Officer) e os gestores de risco (57%) acredita que as equipas multifuncionais, a colaboração e a comunicação são essenciais para compreender melhor a probabilidade e o impacto de eventos de grande escala e desenvolver uma maior resiliência e agilidade.